Edição Especial de relançamento do 15º Intereclesial das CEBs

Diocese de Rondonópolis-Guiratinga/MT.   |   Agosto de 2020. 

Edição Especial on-line, nº 1

13º Seminário de bispos referenciais do Laicato e das CEBs do Brasil debate sobre as Comunidades Eclesiais de Base

Por Maria Istélia Coelho Folha, do Regional Norte 3, membro do CNLB e da Coordenação das CEBs do Brasil.

“Como bispos, nos propomos a acolher cada vez mais com coração fraterno a todos os cristãos leigos e leigas, valorizando sua atuação na Igreja e no mundo; ouvindo suas opiniões e sugestões… apoiando-os em sua formação e organização próprias e sofrendo juntos as angústias e partilhando as esperanças da ação evangelizadora.” (CNBB 105, n. 283)

A Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato – CEPL,  da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou, nas manhãs dos dias 11 e 12 de agosto, o 13º Seminário com os Bispos Referenciais do Laicato e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) dos 18 regionais da CNBB, realizado virtualmente na Plataforma Zoom,  Contou com a participação de 65 pessoas, sendo: os bispos referenciais do Laicato e das CEBs, assessores da comissão, e assessores do Grupo de Reflexão,  da Coordenação Nacional da CEBs, Centro de Formação de Fé e Política Dom Helder Câmara – CEFEP, presidência  Nacional e os 18 presidentes do Conselho Nacional do Laicato do Brasil –  CNLB, do Serviço Nacional de Comunhão – CHARIS, das Expressões Laicais,  dos Movimentos, Associações Laicais e Serviços Eclesiais, do Movimento Mães que Oram pelos Filhos, das Associações Laicais Nascidas de Carismas de Ordens e Congregações Religiosas – ALNCOCR,  dos Profissionais Cristãos, das Novas Comunidades, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB  e da 6ª Semana Social Brasileira.  O Seminário teve como tema central: “Comunidades Eclesiais de Base”, aprofundado por dom Gabriele Marchesi, bispo referencial para o Setor CEBs e membro da Comissão Episcopal para o Laicato e Setor CEBs, e Celso Carias, assessor do Setor CEBs da CNBB e membro da Ampliada Nacional das CEBs.

Dom Giovane Pereira de Melo, bispo de Tocantinópolis e presidente da Comissão dar boas vinda a todos e todas, acolhe com alegria a igreja povo de Deus representada no seminário;

A Análises de conjuntura feita por Robson Sávio Reis Souza,  doutor em Ciências Sociais pela PUC Minas,  afirma que vivemos com crises sistêmicas na atual conjuntura – crise democrática, crise de governança e crise sanitária; nesse contexto somos chamados a levantar a voz para termos o coro dos lúcidos e lúcidas e assim apontar caminhos, consolar, pactuando pela vida e pelo Brasil;

Esteve presente no Seminário Dom Walmor, O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB Nacional que falou do Pacto pela Vida e pelo Brasil, celebrado pela entidade em conjunto com organizações da sociedade brasileira. O Pacto, conforme definiu o Conselho Permanente da CNBB, trata-se de um processo de monitoramento e de construção de respostas, públicas e privadas, especialmente governamentais, no Brasil, à pandemia do novo Coronavírus.

Dom Gabriel e Celso Carias apresenta as Comunidades Eclesiais de Base falando a partir do projeto pastoral que as diretrizes 2019-2023 da CNBB (109) aponta coloca a centralidade da vida pastoral na COMUNIDADE.

Aqui as CEBs têm uma grande contribuição. Embora o 109 não afirme explicitamente a experiência delas nas diretrizes, existe um legado da caminhada das CEBs que permanece, mesmo quando não se apresenta diretamente tal legado. Pode-se identificar três pontos fundamentais neste processo:

  1. As CEBs pautaram sua espiritualidade centrada na Palavra. Ela foi coloca nas mãos do povo através de inúmeras iniciativas: círculos bíblicos, grupos de família, grupos de reflexão, etc. No reencontro com a Palavra foi possível firmar a espiritualidade do seguimento de Jesus Cristo.
  2. As CEBs, na linha da eclesiologia do Vaticano II, buscaram incluir todos os batizados na dinâmica de uma Igreja como Povo Deus. Aumentou sensível o grau de consciência eclesial entre leigos e leigas. Tal sentindo de participação fica expresso na própria vivência litúrgica.
  3. Por fim, as CEBs, em fidelidade ao Projeto de Jesus Cristo, na perspectiva do Reino de Deus, passaram a buscar intervenções na sociedade na qual a vida dos mais pobres fosse respeitada. Que a justiça fosse realizada. Muitos identificaram esta dinâmica como um projeto exclusivamente político. Porém, como disse o Papa São Paulo VI, “a política é a forma mais nobre de exercer a caridade”.

Reafirmamos que o Setor CEBs apontou os elementos constitutivos das CEBs:

  • Experiência comunitária – essencial para a vida cristã, nas CEBs e demais expressões pastorais;
  • Pensar uma leitura apocalíptica da realidade com portas abertas; olhar para o futuro que ilumina o presente;
  • A centralidade da Palavra – comungar o Cristo na Palavra – seguir Jesus conectado com as realidades do mundo;
  • Pensar a sociedade, a política como forma privilegiada da caridade;
  • CEBs é Igreja Povo de Deus, toda ela ministerial;
  • Experiência de sinodalidade; o Protagonismo laical;
  • Compromisso na construção do Reino – Comunidades missionárias: anunciar vida plena;

Nos últimos anos houveram incompreensões, mas as CEBs, mesmo que agora de forma minoritária, continuam a buscar cooperar com Igreja e gritam junto com o Papa Francisco: “Não deixem que nos roubem a comunidade”.

Para manter a caminhada a articulação nacional das CEBs está buscando programar um novo processo de formação, onde as bases possam voltar a ser o centro das atividades. Pensar a formação em vista do protagonismo do laicato:

  • Igreja nas casas, das praças em vista do Reino;
  • Metodologia popular que atinge os mais pobres, sujeitos – ex. cartilhas popular;
  • Abraçar a Igreja pensada pelo Papa Francisco a partir das CEBs, da sua experiência de ser igreja em saída;
  • Necessidade de retomar a formação dos futuros presbíteros e compreender o lugar social das vocações…, de onde vem nossos seminaristas?
  • A latinidade das CEBs, articulação continental.

O seminário foi um momento de partilha da forças vivas do Laicato no Brasil, com apresentação  do Centro Nacional de Fé e Política (Cefep) dom Hélder Câmara, do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), do Serviço Nacional de Comunhão “Charis”, em processo de estruturação no país a apresentação das expressões laicais: Mães que Oram pelos Filhos, Associações Laicais nascidas do carisma de ordens e congregações religiosas, novas comunidades e de profissionais cristãos. Também foram apresentadas as ações e pautas da Comissão Brasileira de Justiça e Paz e o processo da 6ª Semana Social Brasileira.

Laudelino Augusto dos Santos, assessor da Comissão Episcopal Pastoral o para o Laicato  reforçou que o Plano Quadrienal da Comissão continua em andamento, com algumas adaptações das atividades para o contexto da pandemia, como foi a realização do próprio 13º Seminário com os Bispos Referenciais do Laicato e de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) dos 18 regionais da conferência e informe do material  que estar sendo elaborado  em preparação do Dia Nacional do Leigo, celebrado sempre na solenidade da festa de  Cristo Rei, em novembro.

Dom Giovane Pereira de Melo concluiu o seminário agradecendo a participação de todos, especialmente das novas expressões de leigos que chegam para integrar a Comissão para o Laicato da CNBB, dos bispos e da comissão organizadora do seminário. “Foram duas manhãs muito ricas. Todos saímos fortalecidos deste seminário”.