21o Domingo do Tempo Comum – Ano A
Leituras: Is 22,19-23 – Sl 137 – Rm 11,33-36 – Mt 16,13-20
Por Quininha Fernandes Pinto, do Regional Leste 1.
Nós cristãos – católicos ou não – deveríamos ser os primeiros a perguntar-nos: “Quem é Jesus para mim?” e à resposta dada, verificarmos a sua coerência, pois só pode responder a esta pergunta quem se encontrou com Ele, quem fez uma real experiência pessoal com o crucificado-ressuscitado.
Jesus queria saber o que pensavam sobre sua pessoa, percebia que as coisas não iam muito bem, o entusiasmo dos primeiros tempos do anúncio da Boa Nova pareciam não causar o esperado… Jesus havia pregado e feito milagres sobretudo na Galiléia. O povo se admirava, mas ficava também perturbado, porque o modo de agir de Jesus não correspondia a certos esquemas dentro dos quais se cristalizara a figura do Messias esperado por Israel. E muitas perguntas e constatações surgiam: “um grande profeta surgiu entre nós…”; “ensinava-lhes como alguém que tem autoridade”; “Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?”.
Ma é da boca de Pedro que Jesus ouve a confissão da sua messianidade: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Afirmar que Jesus é o Messias – tanto para Pedro, quanto para nós – significa que não reconhecemos as concepções messiânicas dos fariseus e saduceus cujo Senhor era poderoso, rico, com prestígio e autoridade sobre os seus subordinados. A postura vivida por Jesus afasta esta concepção e se manifesta no sofrimento da cruz, passagem obrigatória para a glória da Ressurreição.
Que importância tem para nós a pergunta feita por Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Interessa ainda hoje saber quem é Jesus?
A Palavra de Deus é sempre questionadora e desafiante quando a interiorizamos no coração e a confrontamos com a realidade.
No tempo de Jesus, e ainda hoje, muitos “messias” aparecem para resolver os problemas do mundo e para “salvar a pátria”. Por motivos nem sempre muito claros, nós escolhemos, designamos pessoas que imaginamos serem a solução dos nossos mais graves problemas. E nem sempre acertamos… Os seguidores de Jesus – o nosso Messias, o Filho do Deus vivo – identificam nele os atributos do seu verdadeiro messianismo: Ele representa a novidade, o frescor, a contestação de uma sociedade e de um sistema envelhecido, árido, privado de fantasias e de criatividade. Para as massas oprimidas, Jesus aparece como libertador, como símbolo de uma esperança que não está no futuro escatológico = pós-morte, mas no presente real, no agora, instaurado pela justiça e pela verdade.
O Messias cristão não compactua com a mentira, com a morte, com a opressão e com a discriminação que o sistema ideológico defende e instaura através de leis injustas e mortíferas. Estes são critérios que identificam o Deus cristão, que identificam o Messianismo de Jesus. Assim, ao respondermos a pergunta que a liturgia de hoje nos apresenta sobre quem é Jesus para nós, pensemos bem sobre a nossa prática, sobre as nossas convicções, sobre as nossas crenças – políticas, sociais e religiosas. E, talvez, antes da resposta final devamos responder a outras perguntas intermediárias:
# de que lado eu estou? Quem eu represento?
# minhas convicções políticas favorecem os pobres, os mais vulneráveis?
# meu discurso está alinhado ao discurso de Jesus ou eu o manipulo segundo as minhas necessidades?
# a defesa da vida inclui a misericórdia ou eu ela adquire um rosto legalista e farisaico da “lei pela lei”?
# eu morreria pelo acredito, pela minha fé, ou eu a perdi nas desumanas práticas religiosas?
# minha religião me ajuda a ser melhor, a ser uma pessoa mais humana, ou ela é fachada para os meus desmandos autoritários e mesquinhos?
Da honestas sincera resposta a estas questões poderemos sinceramente responder a crucial pergunta: quem é Jesus para mim?
Pensemos nisto. Que o Senhor nos ajude. Bjs no coração.
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