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A PROPÓSITO DA EVOLUÇÃO DAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE (CEBs)

Por Antônio Salustiano Filho (Tonhão)*  

O presente artigo, sem qualquer pretensão de ser um texto polêmico, tem o propósito de rebater ideias que são ditas por aí sobre as CEBs. Também não tem intenção de estabelecer rivalidades entre pensamentos diferentes sobre tema a que propõe. Mas pretende ser um ruminar de ideias que vão na contramão daquelas que pretendo, por amor ao debate, rebater. Ouvi um discurso de certo clérigo que dizia que hoje os tempos são outros, que a Igreja mudou e que as CEBs devem mudar para se adequar aos novos tempos da Igreja (?). Só não disse que “tempos outros” são esses.

Confesso que ouvi o tal discurso calado, mas com uma ponta de indignação. Fiz um esforço danado para não lascar, de supetão, um contradiscurso rebatendo tal ideia. Mas hoje, sem a indignação exacerbada de quando ouvi o tal discurso, pretendo balbuciar algumas palavras sobre o assunto.

De fato, os tempos atuais são outros. E como os são! Vivemos num mundo potencialmente materializado. Até mesmo a religião hoje virou uma grande oportunidade de negócio $. Vejam só os cultos televisionados e as missas shows! Reproduzem o frenesi do mercado que transforma tudo em mercadoria. Trata-se de uma religiosidade que aliena e não liberta ninguém, uma religião com viés mercadológico.

Na maioria de nossos cultos e celebrações rezamos, oramos, louvamos e gritamos a um Deus ausente. Um Deus que parece mouco aos nossos apelos. As celebrações são motivadas por movimentos corporais dos participantes: pessoas que buscam o transe e o êxtase para o momento e saem dali mais leves e aliviados, porém, indiferentes aos dramas humanos e à agonia da Mãe-Terra que grita por socorro A impressão que se tem é que Deus esteja ausente desse tipo de prática religiosa que se tornou recorrente em nossas igrejas.

Para entender esses “tempos outros”, como dizia o discurso que ora rebatemos, talvez tenhamos que resgatar a parábola do velho Nietzsche em que o louco pregava no vilarejo a ausência de Deus. O louco falava a uma gente que estava morta porque havia banido o Divino da sua existência. Na história do filósofo o povo zomba o maluco, dizendo-lhe que Deus havia migrado, ou saído de viagem. O louco, então, perguntava para onde Deus tinha ido. Como as pessoas não sabia lhe dizer e riam-no dele, ele mesmo respondia, com essas palavras “Deus está morto, porque nós O matamos, vocês e eu”[1].

A história do louco Nietzsche que vaticinava a morte de Deus se repete nos tempos e templos atuais. A julgar pelo que e como se celebra na maioria de nossos templos (sejam católicos ou “evangélicos”), Deus está morto! Uma multidão de alienados (inclusive nós que pouco fazemos transformar isso), juntamente com os pregadores de todas as religiões instituídas estamos – se ainda já não o fizemos – matando Deus! O vazio que existe dentro de cada um é o lugar desocupado por Deus que foi ou está sendo banido de nossas práticas. Esse vazio jamais será preenchido pelos rituais que celebramos e com os quais pretendemos nos encher de Deus, pois estão destituídos do sagrado/profano, essência do divino revelado por Jesus de Nazaré. Nossos rituais são fórmulas lidas, decoradas e repetidas sem provocar qualquer tipo de emoção de fé.

Quando nos ajuntamos para celebrar nos ambientes “religiosos” decorados com tantas coisas destituídas do sagrado/profano, estamos ali, conscientes ou não, para devorar os restos mortais do Deus em putrefação conservados em nossas igrejas. Os restos de Deus guardados nos templos e memorizados durante o culto e esquecido depois do amém para ser devorado no próximo ritual.

Há uma fome voraz de consumo momentâneo “dessa crença inventada pela pós-modernidade” e isso nos leva, no dia a dia do nosso agir social e religioso, a matar a reminiscência da ideia, ainda que superficial, que temos de Deus. Esses cultos e celebrações são processos de deterioração cotidiana dos valores referentes ao Deus revelado pela Bíblia. Trata-se da prática de uma religião narcisista.

O Professor Paulo Sérgio Lopes Gonçalves[2] diz: que temos uma “religião narcisista em que não há alteridade, sensibilidade para as diferenças e, por consequências, solidariedade e compaixão. Nesta religião apregoa o individualismo, o egocentrismo e o solipsismo, uma vez que a beleza alternativa é inexistente e a incapacidade para se escutar ou outro é evidente.”[3]

Estamos matando[4] Deus dentro de nós quando vamos aos cultos e continuamos indiferentes aos dramas humanos; quando não assumimos uma postura profética diante morte promovida pelo sistema capitalista; quando não assumimos a defesa da Natureza que grita por socorro em cada vendaval, enchentes, secas, tornados tsunamis, e, agora, com o Coronavírus, (…). Estamos matando Deus quando apoiamos políticas desastrosas de governos genocidas, autoritários, negacionistas, homofóbicos, outros costumes autoritários etc. Ou simplesmente nos calamos por conveniência ou por que somos financiados pelos exploradores do povo.

Talvez aí o discurso que ouvi tenha razão de ser. Os tempos mudaram. A Igreja mudou. Na maioria absoluta de nossas igrejas, com raríssimas exceções, a religiosidade que se pratica é isso que, em síntese, acima pontuamos. Uma religiosidade mais de morte que de vida.

Daí a pergunta: as CEBs precisam mudar para se adequar a isso? Não! Absolutamente Não! As CEBs precisam manter a sua originalidade, pois elas nasceram pela ausência de um sentido à religiosidade superficial e conservadora que se praticava em tempos do seu nascedouro. As CEBs fazem memória de Jesus de Nazaré. A religião de que falamos acima não tem a memória alguma por alimentada por prática auto referencial e um culto de gente ensimesmada.

A Igreja de fato mudou nesses últimos tempos e, em especial, no pontificado de São João Paulo II e Bento XVI. E mudou para pior. Enterramos a proposta eclesial de Igreja de Cristo, Povo de Deus retomada pelo Vaticano II. Precisamos ter coragem e ousadia profética para assumir e dizer isso, alto e bom tom. E as CEBs, com nosso jeito de ser e celebrar, são os espações e meios para que façamos tal profecia. 

As CEBs têm uma história, experiências e um legado teórico (a Teologia da Libertação) que não poder ser jogado na lata do lixo religioso que está dentro de muitas igrejas e gabinetes de tantos clérigos. Segundo os especialistas, as CEBs não sugiram do nada e nem da cabeça “iluminada” de um/a religioso/a qualquer, como muitos movimentos religiosos atuais aninhado no seio da Igreja. Elas surgiram, sob a inspiração do Espírito Santo, num momento sútil de rupturas com a religiosidade abstrata que se praticava. Surgiram a partir da necessidade de o povo pobre celebrar a palavra, partir o pão e lutar pela libertação da vida oprimida em todas as suas dimensões, inclusive a religiosa.

Muitas foram as contribuições para o surgimento das CEBs. Segundo o Pe. Ferraro, muitos foram as ações de lutas que prepararam o terreno para aparecimento das CEBs, entre quais ele destaca a ACO (Ação Católica Operária), o MEB (movimento de Educação de Base), Movimento Mundo Melhor e os Plano de Pastoral da CNBB.”[5]

Em Medellín, Conferência Episcopal Latina Americana, sob o impulso do Concílio Vaticano II, as CEBs foram batizadas como Comunidades Cristãs de Base e sobre elas foi dito e escrito: “Assim, a comunidade cristã de base é o primeiro e fundamental núcleo eclesial, que deve, em seu próprio nível, responsabilizar-se pela riqueza e expansão da fé. Como também pelo culto que é sua expressão, É ela, portanto, célula inicial de estruturação eclesial e foco de evangelização e atualmente fator primordial de promoção humana e desenvolvimento.”[6]

O saudoso Pe. Nelito escreve “As Comunidades Eclesiais de Base surgiram no Brasil, como um meio de evangelização, que respondesse aos desafios de prática libertária, no contexto sócio político nos anos da ditadura militar, ao mesmo tempo, como uma forma de adequar as estruturas da Igreja às resoluções do Vaticano II, (…)”.[7]

Em Puebla, depois de mais de uma década de experiências das CEBs como o jeito ser Igreja batizado em Medellín, os Bispos Latino-americanos vão dizer, numa referência à São Paulo VI, que as “As comunidades eclesiais de base que em 1968 eram apenas uma experiência incipiente amadureceram e multiplicaram-se sobretudo em alguns países. Em comunhão com seus bispos e como o pedia em Medellín, converteram-se em centros de evangelização e em motores de libertação e desenvolvimento”.[8]

No Brasil, referindo-se às CEBs, o Documento de Estudo da CNBB (23), diz que “Um dos instrumentos escolhidos por Deus para anunciar hoje ao mundo a salvação são as pequenas comunidades que surgem em todo a parte, como novas células do Povo de Deus. Chamadas para confundir o que é forte e sábio no mundo (1Cor 1,25), elas surgem sobretudo no meio dos pobres do campo e das grandes cidades, no meio dos oprimidos e dos marginalizados”.[9] 

Também da CNBB, o Documento 92 diz: “As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) (…). Elas representam uma maneira de ser Igreja, de ser comunidade, de fraternidade, inspirada na mais legítima e antiga tradição eclesial. Teologicamente são, hoje, uma experiência eclesial amadurecida, uma ação do Espírito no horizonte das urgências de nosso tempo.”[10].

As CEBs, somos uma Igreja madura, gestada no sofrimento de milhares de irmã(o)s que sofrem as mazelas de nossos tempos e memória do Cristo Crucificado/Ressuscitado. Elas são o jeito originário de a Igreja ser (Atos 2, 42-47; 4,32-35), a comunidade de gente sofrida em processo de libertação. Para nós salvação é sinônimo de libertação. Libertação, num primeiro momento, é do corpo dos oprimidos, depois da mentalidade oprimida que hospeda o opressor. Foi assim com libertação do Povo Hebreu da escravidão do Egito. “O Senhor disse: “Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos. E desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel, (…).”  (Ex 3-7-8).

Moisés, ao ser enviado por Deus do Monte Horeb ao Egito para libertar o povo da escravidão, não vai com a recomendação de Javé para rezar, orar e louvar com povo, mas, para além disso, organizar o povo (Ex. 4 1-4) (Ex 3,16) e sair da escravidão. Moisés, um guerreiro criado na Corte do Faraó, teme e arruma várias desculpas para não fazer tal enfrentamento (Ex. 3 11; 4 10,13), mas afinal, vai (Ex. 4, 20ss); não compactua com o sistema do Egito e a libertação acontece (Ex. 13, 17ss). O poder de Deus no cajado de Moisés e a força do povo organizado fazem o embate contra o Faraó. 

Deus não quis, num primeiro momento, salvar a alma de ninguém do seu povo no cativeiro do Egito. Quis sim, tirar o seu povo da situação de escravidão caracterizada pela opressão econômica, política, cultural e religiosa. A travessia do deserto foi o tempo de aprendizado para a libertação da mentalidade contaminada pela ideologia do Faraó. Ou seja, uma vez liberto da opressão física, o povo precisava tirar da mentalidade a alienação cultural e religiosa do Egito. Resgatar o culto do Deus de Abraão, Isaac e Jacó (Ex 3,6) com todas as práticas sócio, econômica, política, cultural e religiosa inspiradas nesse Deus libertador na memória daquele povo, apesar das condições históricas (+ 400 anos de escravidão) contrárias. Religião é fazer memória.

Aos defensores da mudança das CEBs e manutenção dessa igreja com técnicas corporais de transe e êxtase temos que relembrá-los as palavras duras dos Profetas: “Esse povo vem a mim apenas com palavras e me honra só com os lábios, enquanto seu coração está longe de mim e o temor que ele me testemunha é convencional e rotineiro, (…)”, (Is 19, 13), “porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos.” (Os 6, 6). Aborreço de vossas festas; elas me desgostam; não sinto gosto algum em vossos cultos; quando me ofereceis holocaustos e ofertas, não encontro neles prazer algum, e não faço caso de vossos sacrifícios e animais cevados. Longe de mim o ruído de vossos cânticos, não quero mais ouvir a música de vossas harpas; mas, antes, que jorre a equidade como uma fonte e a justiça como torrente que não seca. (Am 5, 21-24).

Jesus de Nazaré começa suas atividades na Galileia, periferia da periferia do Império Romano, terra das nações e dos gentios, isto é, uma região mal vista pela elite judaica e por Roma. Ele não começa sua missão ensinando o povo sofrido, não a se adaptar aos tempos atuais do seu tempo, seja a rezando, orando, louvando e gritando, mas convertendo-se para resgatar a fantasia do Reino de Deus. Ou seja, mudar a mentalidade que tempo chegou e o Reino de Deus está presente (Mc 1, 14-15); forma uma pequena comunidade e cura os doentes de todas as espécies, fazendo os enfrentamentos necessários aos poderosos de seu tempo. As curas são sinais do reinado de Deus e sua pregação instrumento de libertação.

Quando a multidão tem fome, Jesus não diz para ela gritar a Deus e pedir que do céu caia comida, mas organiza as pessoas e ensina-as a partilhar o pouco que tem (Mc 6,45-51). E quando ensina a rezar diz para nos dirigirmos ao Pai e pedir que seu reino seja aqui na terra como céu, não faltando o pão nosso de cada dia, o perdão das dívidas (Ano da Graça do Senhor). O pão nosso de cada dia como Ele nos ensinou a fazer como fez no milagre da partilha dos pães e peixes.

Numa outra passagem do Evangelhos, Jesus diz que o reino de Deus é semelhante ao patrão que precisava contratar trabalhadores para sua vinha e os contratou e quatro horários diferentes do dia, sendo que os últimos contratados trabalharam somente uma hora e receberam o mesmo valor que aqueles que trabalharam durante todo o dia. Deus dá a cada segundo suas necessidades e não pelo que produziram (Mt 20, 1-16). Aqui não entrou a meritocracia ou capacidade de produção do sistema, mas a misericórdia do dono da vinha (talvez esteja aqui os subsídios para a organização da sociedade).

E Jesus pagou caro pela sua ousadia de querer inaugurar o Reino de Deus e sua Justiça.

Jesus foi vítima da lógica perversa e histórica de um mundo estruturado contrariamente à vontade de Deus. Nesse mundo todos os que se opõem à ordem estabelecida e desafiam as estruturas iníquas e propõe outro mundo possível – o Reino de Deus com fizera Jesus – estão destinados ao mesmo fim, como se fizera com muitos profetas e o último deles, João Batista.

Jesus não foi uma vítima expiatória que morreu pendurado numa cruz para satisfazer a vontade de um Deus sádico que, para salvar a humanidade, envia seu Filho para ser sacrificado como um cordeiro imolado no lugar dos pecadores, como se celebra na Semana Santa. Essa prática judaica da imolação de animais em sacrifício a Deus, Jesus desautorizou no episódio dos vendilhões do templo (Mc 11, 15-33).

Por último, quando ressuscitou, Jesus apareceu em primeira mão à Maria Madalena (por que será, hein?), recomendou que ela fosse anunciar aos discípulos covardes e escondidos num ambiente de medo, para que fossem à Galileia, lugar onde estava a escória humana do seu tempo. Era lá, naquela região maldita, de condições sócio, econômica, política e religiosa desgraçada, que Ele, O Cristo Ressuscitado, queria ser encontrado. Os Evangelhos não o dizem, mas, foi a partir da Galileia que a Igreja nasceu. Foi dali que partiram as últimas instruções de Jesus, agora ressuscitado, para que seus seguidores fossem busca-Lo e encontrá-Lo nos pequenos, nos pobres entregues ao relento, nos aprisionados por toda sorte de injustiças praticadas pelo sistema vigente.

O cristianismo primitivo pôs em prática as orientações de Jesus ressuscitado em solo galileu com a formação de pequenas comunidades que se reunia nas casas (At. 1 3; 2 2,46; 5 42; 8 3; 9 11,17, 43; 10 6,9,30; 12,12; 16,15, 40; 18 7; .21 17; 28 30;). Isso aconteceu em Jerusalém como nas demais cidade por onde o Apóstolo Paulo e seus companheiros pregou o Evangelho de Cristo. Às vezes iam ao Templo e às sinagogas pregaram, mas logo eram expulsos desses lugares. 

A Igreja de Cristo tornou-se a instituição, a Igreja Apostólica Romana, a parti do século IV, quando se romanizou e transformou o cristianismo primitivo numa religião de muitos reis e príncipes enfeitados de pavão (ao pobre animal que utilizamos para essa comparação pedimos perdão), com raríssimas e boas exceções atualmente.

As CEBs têm essa memória do Deus da vida, revelado por Jesus de Nazaré, por isso, não precisam evoluir-se para se igualar ao jeito ‘evoluído” da Igreja ser na atualidade. Reitera-se, muito dessa evolução da Igreja foi para pior. As igrejas estão cheias de pessoas que rezam, oram, louvam e gritam, mas são indiferentes aos desvalidos, desgraçados e empobrecidos pelo sistema capitalista (vamos “dar nome aos bois”!). Gente que cultuam (pelo menos dizem cultuar) a Deus e serve ao Diabo na pele dos políticos e de outros agentes mantenedores do sistema, inclusivo o religioso.

O Papa Francisco faz um esforço hercúleo para resgatar esse legado da Igreja primitiva querendo que ela não seja autorreferencial, mas uma Igreja em saída, suja da lama existente nas periferias da existência, uma Igreja sinodal e sinal do Reino de Deus neste mundo de economia que mata. Se as CEBs têm que se adequar a um modelo de Igreja (já somos adequados ao modelo da Igreja primitiva, mas precisamos nos aprofundar neste modelo) é a esse modelo de Igreja defendido por Francisco sem perder a ideia da memória de Jesus de Nazaré.

Os tempos são outros. A Igreja deve saber interpretar os sinais do tempo, porém, sem perder sua essência eclesial herdada das comunidades primitivas. As CEBs são espaços e meios de a Igreja converter-se e voltar a ser seguidora de Jesus de Nazaré, na doçura e rebeldia de Maria-Mãe para quem o seu Deus, o mesmo de Jesus:

“Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos.
Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.
Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos.
Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.”
(Lucas 1, 51-55).

Este é, em breve síntese, o nosso legado. Um jeito de ser Igreja com as características dadas pelos Bispos da América Latina e do Brasil, identificada com o jeito de ser Igreja das comunidades primitivas (Atos 2,42-46; 4, 32-35), portanto, não podemos evoluir para se adequar aos “novos” tempos de uma Igreja fechada em si mesmo, dominada por um clericalismo condenado pelo Papa Francisco. Temos que evoluir sim, mas para aprofundar a originalidade da Igreja que somos. Aplicar nosso entendimento de Igreja libertadora aos problemas cotidianos atuais que, apesar de roupagem diferente, tem a mesma raiz dos males de todos os tempos. Amém!

*ANTONIO SALUSTIANO FILHO (TONHÃO), advogado, militante das CEBs e dos Movimentos Sociais.  

Referencias Bibliográficas:

DORRNELLAS, Nelito Nonato. As CEBs e sua identidade, In DORRNELLAS, Nelito N. (org.). Ecumenismo e evangelização inculturada: Comunidade Eclesiais de Base, CEBI-Centro de Estudos Bíblicos/ Secretariado Nacional paro o XI Intereclesial de CEBs, São Leopoldo-RS. Ipatinga-MG, 2005. 

CELAM, Conclusões da Conferência de Medellín, São Paulo: Paulinas, 1968.

CELAM, Conclusões da Conferência de Puebla, São Paulo: Paulinas, 1979

CNBB – Comunidades Eclesiais de Base no Brasil: experiências e perspectivas. São Paulo: Edições Paulinas, 1977. 

CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil / Mensagem do Povo de Deus sobre as Comunidades Eclesiais de Base. Brasília, Edições CNBB. 2010

FERRARO, Benedito. Missionaridade das CEBs: ação transformadora no mundo, In DORRNELLAS, Nelito N. (org.). Ecumenismo e evangelização inculturada: Comunidade Eclesiais de Base, CEBI-Centro de Estudos Bíblicos/ Secretariado Nacional paro o XI Intereclesial de CEBs, São Leopoldo-RS. Ipatinga-MG, 2005. 

FRANCISCO, Papa.  Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, de 24 de novembro de 2013.  

GONÇALVES, Paulo Sérgio Lopes. A Teologia pós-moderna. In SOUZA, Ney (org.). Teologia em diálogo. Aparecida, SP: Editora santuário, 2010..

NIETZSCHE, Friedrich W. A Gaia Ciência. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.


[1] NIETZSCHE, Friedrich, in Gaia Ciência, parágrafo 125. 

[2] É docente pesquisador de Teologia e Diretor do Centro de Ciências Humanas e sociais Aplicadas da PUC-Campinas-SP.

[3] GONÇALVES, Paulo Sérgio Lopes. A Teologia pós-moderna. In SOUZA, Ney (org.). Teologia em diálogo. Aparecida, SP: Editora santuário, 2010. p.54.

[4] Estamos usando muitos verbos no gerúndio porque estamos falando de ação continuada, ação em desenvolvimento, acontecimento duradouro. 

[5] FERRARO, Benedito. Missionaridade das CEBs: ação transformadora no mundo, In DORRNELLAS, Nelito N. (org.). Ecumenismo e evangelização inculturada: Comunidade Eclesiais de Base, CEBI-Centro de Estudos Bíblicos/ Secretariado Nacional paro o XI Intereclesial de CEBs, São Leopoldo-RS. Ipatinga-MG, 2005, p. 11. 

[6]. DORRNELLAS, Nelito Nonato. As CEBs e sua identidade, In DORRNELLAS, Nelito N. (org.). Ecumenismo e evangelização inculturada: Comunidade Eclesiais de Base, CEBI-Centro de Estudos Bíblicos/ Secretariado Nacional paro o XI Intereclesial de CEBs, São Leopoldo-RS. Ipatinga-MG, 2005, p. 11. 

[7] MEDELLÍN, 15.10. Pastoral de Conjunto.

[8] PUEBLA, 96 e 641/2.

[9] CNBB. Comunidades Eclesiais de Base no Brasil: experiências e perspectivas. São Paulo: Edições Paulinas, 1977. Pp.10/11. 

[10] Conferência Nacional dos Bispos do Brasil / Mensagem do Povo de Deus sobre as Comunidades Eclesiais de Base. Brasília, Edições CNBB. 2010

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