Shadow

Assessores do 4° Sulão das CEBs. Igreja da Base na Perspectiva do Papa Francisco.

As CEBs do Regional Sul 3  se prepara com grande alegria para acolher os delegados  e delegadas e delegadas do 4º Sulão das Cebs, que fará morada na Rede de Comunidades Sagrado coração de Jesus em Canoas – Arquidiocese de Porto Alegre nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2019.

A metodologia do encontro será o VER/JULGAR/AGIR e os assessores foram carinhosamente escolhidos para iluminar e animar a caminhada do povo das CEBs dos 4 regionais que se farão presentes.

Apresentamos aqui os Assessores e Assessoras das grandes plenárias:

VER

Tereza Copetti Dalmazo

Tereza Dalmazo tem importante atuação na educação,  militante nos movimentos sociais e de direitos,   tem  participado ativamente na organização comunitária e atua nas CEBs  SUL 3 desde inicio.

REVDA Lilian Conceição da Silva

Revda. Lilian Conceição da Silva, ativista feminista negra junto ao Centro Ecumênico de Cultura Negra (CECUNE)/RS, à Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e à Rede de Mulheres Negras Evangélicas; doutora em Teologia pela Faculdades EST/RS; pós doutorado em Educação, Culturas e Identidades, pela UFRPE-FUNDAJ/PE; presbítera da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), na Diocese Meridional/RS.

Análise Conjuntura para o  4° Sulão das CEBs  em Canoas. Por Tereza Dalmazo

Falar de conjuntura sobre o Brasil e o mundo é um grande desafio frente à complexidade dos graves problemas que a humanidade enfrenta.

Na abordagem sobre o Brasil entendemos ue é fundamental voltar nosso olhar para a história da formação da sociedade brasileira, sob a perspectiva das camadas populares, identificando nessas raízes os paradigmas que foram e são referências para a vida em sociedade nos dias atuais, do ponto de vista social, cultural, político e econômico.

Para falar, hoje, da realidade brasileira é necessário reconhecer os processos da macro e do micro política que envolve mudanças estruturais.

Ao tecer esse cenário da realidade brasileira (e também do mundo) percebemos um agravamento da vida dos empobrecidos: dos migrantes, dos povos das florestas (da “Casa Comum”), das favelas, da vida das mulheres, dos desempregados, dos precarizados de todas as cores, que perdem direitos, que são expropriados, que sofrem ameaças, que são humilhados, que encontram muitas dificuldades para fazer enfrentamento ao capitalismo financeiro neoliberal e construir modos de vida solidários e fraternos, à luz do Evangelho de Jesus e das palavras do Papa Francisco.

O que percebemos como luzes de esperança?

Nossa luta: nossa potência é a solidariedade, a empatia, a construção de novos modos de vida, no cotidiano, na macro e na micro política.

Citamos o Bem-viver dos povos andinos. Aprender com a diversidade, com os outros seres da natureza, com os pobres, com a alegria das crianças,. Admitir outros modos de viver, outras formas civilizatórias. Na economia; Urge a implantação em todo mundo da RENDA BÁSICA INCONDICIONAL, COMO DIREITO DE VIVER, DISTRIBUINDO O ESTOQUE DE RIQUEZA EXISTENTE E NAS MÃOS DE UMA MINORIA BEM ÍNFIMA.

JULGAR

Pe. Vilson Groh

Pe. Vilson Groh trabalha na periferia de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, na região sul do país. Ele chegou pela primeira vez na periferia em 1979, da mão de uma Mãe de Santo, e descobriu “o morro a partir de uma mulher negra e de uma mulher empobrecida, que era uma líder comunitária”. O padre reconhece que “para mim isso fez muita diferença em meu ministério sacerdotal, ter entrado e visto a periferia a partir de seus próprios olhos, a partir dos olhos de uma mulher. Na visão antropológica isso me deu toda uma estrutura de entendimento, de relacionamento com o sagrado de novo”.

“Pensar a evangelização a partir da Boa Noticia tem que partir do outro, tem que partir do seu sagrado, e entrar na relação com seu sagrado”, afirma o padre. Desde aí, reconhece que “talvez seja um desafio nosso, das comunidades eclesiais de base de abrir espaço para fazer esse processo acontecer”, ainda mais depois do 14º Intereclesial, onde foi refletida a evangelização do mundo urbano, especialmente nas periferias, onde as CEBs se fazem mais presentes. Por isso, “um grande desafio para as comunidades, é como elas articulam as pontes. Nós temos que pensar, mesmo tendo uma postura de luta de classe e discutindo as questões hoje que implicam esse processo, como é que a gente abre pontes com outros espaços e cria redes de pontes entre o centro e a periferia para oportunizar, por exemplo, que outros grupos possam vir beber na mística das Comunidades Eclesiais de Base”. PeVilson Groh.

AGIR

Pe. Benedito Ferraro

Pe. Benedito Ferraro é assessor das CEBs do Brasil, Articulador das CEBs Conosur e CEBs Continental.

Apresentamos aqui fragmentos de um texto no qual ele apresenta elementos essenciais para a Identidade das Comunidades Eclesiais de Base.

CEBs: Cinco notas fundamentais de sua identidade:

  1. O SEGUIMENTO DE JESUS DE NAZARÉ E O PROJETO DO REINO DE DEUS.

Seguem Jesus de Nazaré, aquele que “sendo de condição divina se abaixou e se fez escravo” (Fl 2, 7), e vivendo sua condição humana na realidade pobre da Galileia realizou sua missão, sempre em saída (Mc 1,10.38; 13, 1).

O centro da missão de Jesus Cristo está no anúncio do Reino de Deus. Jesus indica que o Reino está no meio de nós e caminha até a plenitude. Anuncia sua presença com sinais: a inclusão dos marginalizados, o amor acima da Lei e a defesa irrevogável da vida (Mc 2, 1-3,6). Esses princípios configuram o projeto de vida de Jesus de Nazaré em fidelidade ao Pai e ao impulso do Espírito. As comunidades afirmam seu desejo e prontidão para seguir o mesmo caminho.

São convocadas por Jesus para formar comunidades de irmãs e irmãos, fraternas, sororais e solidárias, buscando dignidade de vida para todas e todos. Como Ele, querem estar no meio dos pequenos e daí realizar sua missão.

O ser da Igreja (At. 2, 42-47) e, portanto, das CEBs é ser uma comunidade missionária revelando e realizando, a todos os povos e em todos os tempos, a presença libertadora de Jesus pelo seu Espírito.

Com esse Jesus que experimentou a perseguição, conheceu a dor e o sofrimento, e morrendo abriu, pela sua ressurreição, um novo horizonte de vida, as CEBs querem continuar o projeto do Reino de Deus.

  1. CENTRALIDADE DA PALAVRA DE DEUS COM A FORÇA DO ESPÍRITO.

As CEBs sentem-se impulsionadas pelo Espírito de Deus, a quem Jesus chamava Abba, e com quem se relacionou como Filho amado; nessa experiência de proximidade e abertura sentem-se interpeladas a escutar e acolher Deus na vida, nos acontecimentos do dia-a-dia e do mundo. Elas reconhecem os sinais dos tempos que o Espírito lhes segue indicando para continuar a missão. É a partir dessa dinâmica que as CEBs aproximam-se dos textos da Bíblia buscando neles luz e força para reconhecer a vontade de Deus, o caminho que têm que seguir e as ações que devem realizar.

As CEBs são convocadas pela Palavra, que, para nós cristãos e cristãs, é o mesmo Jesus Cristo. Reconhecem a continuidade dessa Palavra que se manifesta na realidade e que acontece com a força do Espírito. Assumem que a criação divina é um processo aberto e a semente da Palavra continua o agir na história nas diversas expressões da realidade como bem diz São Justino no século II e retomada pelo Concílio Vaticano II.

A Sagrada Escritura, Palavra de Deus, é um caminho pelo qual as CEBs podem reafirmar, hoje, a esperança de um mundo onde mulheres e homens, jovens e crianças vivam com dignidade no Amor.

  1. ESPIRITUALIDADE PROFÉTICA E LIBERTADORA.

As CEBs expressam sua fé através do anúncio e da denúncia profética, rompendo com as correntes injustas e assumindo a dimensão libertadora. Sua espiritualidade está encarnada nas realidades cotidianas onde experimentam a presença de Deus em suas vidas. Essa espiritualidade vive-se no seguimento de Jesus, a exemplo de Maria do Magnificat e é impulsionada pelo testemunho dos mártires, que são modelo de ação na defesa da vida e dos direitos dos pobres.

As CEBs saboreiam e celebram, unindo fé e vida em todas suas dimensões: econômica, social, política, cultural e ecológica; o fazem de forma festiva, criativa e participativa, fazendo memória pascal de Jesus.

O caminho espiritual das CEBs é construído pelo compromisso vinculado com uma dimensão profunda da pessoa, de modo profético e libertador, abertas também ao diálogo ecumênico e inter-religioso na defesa da vida e no cuidado da Casa Comum. Sua espiritualidade se fundamenta na Páscoa de Jesus (Eucaristia) e se expressa compassiva e solidariamente com quem sofre e na luta contra toda injustiça.

  1. OPÇÃO PELOS POBRES.

As CEBs vivem sua opção a partir, entre e com os pobres, compartilhando as alegrias e dificuldades do dia-a-dia, na busca de uma sociedade sem desigualdade, injustiça e opressão. Os pobres conhecem o sofrimento, mas sabem que Deus não os abandona nunca. A opção pelos pobres é teológica, cristológica, pneumatológica e eclesiológica. Como diz o Papa Francisco: “… a opção pelos pobres é mais uma categoria teológica que cultural, sociológica, política ou filosófica. Deus manifesta a sua misericórdia antes de mais a eles. Essa preferência divina tem consequências na vida de fé de todos os cristãos, chamados a possuir «os mesmos sentimentos que estão em Jesus Cristo” (Fl 2,5)” (EG, 198)

Faz-se necessário, como diz a Conferência de Aparecida, identificar quem são os pobres e todas aquelas pessoas que vivem nas periferias geográficas, culturais e existenciais (Cf. Aparecida, 402); eles são fruto de um processo de exploração e empobrecimento por um sistema injusto.  Sofrem com o abandono por parte das estruturas sociais e políticas e, às vezes, pela própria Igreja.

As CEBs reconhecem a força histórica dos pobres e, como Jesus, assumem suas causas, vendo neles os protagonistas das transformações estruturais da sociedade e apontando para um projeto que garanta a vida plena em harmonia com a Mãe Terra.

  1. COMPROMISSO COM AS TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS DA SOCIEDADE.

As CEBs buscam responder aos sinais dos tempos, ao denunciar a injustiça institucionalizada e o pecado social que mata a vida através de uma economia de exclusão, da idolatria do dinheiro que domina em vez de servir, gerando violência contra os pobres. (cf. EG, 53-60).

Assumem que a luta social e ecológica é uma única luta, porque estão convencidas de que “outro mundo é possível, urgente e necessário”. Isso implica uma tríplice mudança: pessoal, coletiva e estrutural. Não é possível, como diz o Papa Francisco, que haja famílias sem teto, sem trabalho e sem terra. Participam e reforçam os projetos alternativos, sustentáveis e equitativos apontando para um novo modo de produção e consumo socioambiental.

Identificam-se e assumem a proposta do Bem Viver, Bem Conviver, que vem dos povos originários e indica um estilo de vida e valores contrapostos ao atual sistema. Procuram participar nas lutas dos movimentos sócio-populares e políticos que assumem o compromisso pela transformação estrutural.

Esse modo de ser e viver a Igreja e anúncio de uma sociedade alternativa é um processo inacabado, aberto ao Espírito até chegar aos novos céus e nova terra (cf. Ap,  21).Por Benedito Ferraro- Articulação Continental

Os textos aqui apresentados não necessariamente serão trabalhados no Sulão e visam apresentar os assessores  e assessoras aos delegados, delegadas e as comunidades que estarão em sintonia.

Rogamos a Divina Ruah que inspire e ilumine os Assessores e Assessoras do 4° Sulão Das CEBs. Nossa Gratidão e carinho pela disponibilidade e compromisso com as causas de Jesus de Nazaré.

Por Leoni Alves Garcia

 

1 Comment

Deixe um comentário para Edmundo Alves Monteiro Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.