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Bem-viver e males do agronegócio são destaques na reunião da Ampliada Nacional

Oração da manhã ressaltou presença da mulher da igreja e sociedade.

O 15º Intereclesial das CEBs, que será em Rondonópolis (MT), deve acontecer em julho de 2022, e não no começo do ano, como de costume. O objetivo é evitar o período de chuvas, aproveitar o clima mais ameno e garantir o espaço físico disponível na infraestrutura da educação pública, que estará de férias.

Essa foi uma das decisões tomadas pelos integrantes da Ampliada Nacional das CEBs, que começou na quinta-feira (05) em Rondonópolis e se estende até domingo (08). A reunião está ocorrendo no Centro de Formação de Pastorais (CEPA) da diocese de Rondonópolis-Guiratinga. (Confira galeria de fotos no fim da matéria)

As atividades do sábado (07) começaram com a oração da manhã, que ressaltou a presença feminina como força motriz das comunidades, reafirmando a contribuição das mulheres na caminhada da igreja e na sociedade.

Tema, lema e texto-base serão discutidos com mais profundidade a partir da próxima reunião da Ampliada Nacional, agendada para Cuiabá (MT), de 24 a 27 de janeiro de 2019.

Mas se depender do bispo referencial das CEBs em Mato Grosso (Regional Oeste II), dom Neri José Tondello, 54 anos, a construção do Intereclesial vai mostrar a realidade social do estado e servirá de debate para o Brasil. “Nós temos uma economia forte e um estado miserável”, resumiu.

A referência do bispo se deve à importância dada ao agronegócio em Mato Grosso, que concentra renda e empurra à população o maior consumo de agrotóxicos por habitante no Brasil (mais de 40 litros contra cinco em nível nacional). Os dados são apontados pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) e pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), por exemplo.

Dom Neri disse que preparação do Intereclesial deve despertar lado profético das comunidades.

“Temos mães dando leite envenenado a seus filhos, como no município de Lucas do Rio Verde. Temos 32 milhões de cabeças de gado e pouco mais de três milhões e meio de habitantes. Esse ‘agro é pop, agro é tudo’ é uma hipocrisia. É uma realidade gritante. Esse encontro tem que ser profético de verdade e questionar todo um modelo de sociedade”, afirmou.

Neste sentido, a população indígena de Mato Grosso, com mais de 40 tribos e cerca de 11% do território estadual, pode ter protagonismo na discussões, e impulsionar debates nacionais. “Assim como alternativas econômicas, sociais e políticas, entre elas a agroecologia, a agricultura familiar e a economia solidária”.

Sendo assim, o bispo propôs um passo a passo para os quatro anos. Em 2019, as CEBs devem conhecer a realidade de Mato Grosso e ecoar as informações e em 2020, debater a Laudato Si e o Sínodo da Amazônia. Em 2021, pistas de ação para enfrentar o modelo capitalista de desenvolvimento, e em 2022, uma grande discussão dividida em ver-discernir/julgar-agir-celebrar.

Representantes da Ampliada refletiram sobre organização das CEBs do Brasil.

Essa projeção de dom Neri encontra ressonância nas temáticas propostas pelos membros da Ampliada, parte deles já trazendo inquietações das bases. Entre elas: ecologia integral e bem viver; sociedade sustentável; conexão mundo urbano-rural; poder popular; mulher e feminismo com base na leitura popular da Bíblia; juventudes; missão da igreja no mundo; e Sínodo da Amazônia.

“Não podemos deixar cair a profecia. Precisamos nos aproximar dos indígenas e da juventude”, disse o padre Vileci Vidal, do Ceará, um dos assessores das atividades da manhã do sábado. “Talvez possamos manter uma discussão sobre o mundo urbano, mas o mais importante é buscar outros poços e manter o processo de construção da utopia”, mencionou a biblista Tea Frigério, de 76 anos, ao citar Gênesis, que também auxiliou na reflexão sobre o futuro dos Intereclesiais e os caminhos das CEBs.

 

Coordenação

Agora a Ampliada Nacional, formada por coordenadores e assessores das 18 regiões das CEBs, além de membro da Articulação Continental, tem uma coordenação. A instância foi criada para dar mais agilidade às deliberações do grupo maior e estreitar laços com o secretariado do Intereclesial.

A coordenação é formada por um representante de cada grande região e tem mandato tem quatro anos. Pelo Oestão, Maria Seleida dos Santos de Castro, de Goiânia (GO). Pelo Sulão, Salete Bargolin Bez, Curitiba (PR). Pelo Nordestão, Carlos Jardel dos Santos, Camucim, (CE). Pelo Lestão, Raquel do Nascimento da Silva, de Queimados (Rio de Janeiro). Pelo Nortão, Neurimar Pereira da Silva, Porto Velho (RO). Completam a coordenação dois assessores nacionais a serem definidos.

(Equipe de Comunicação do Regional Oeste II, Gibran Luis Lachowski e Ana Paula Carnahiba)

 

manha dia 7 (1)

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