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Carta às Comunidades nº 09 | Travessia, a reinvenção do mundo

Carta às Comunidades nº 09                                          Rondonópolis/MT, 25 de julho de 2021.

Caríssimos irmãos e irmãs das Comunidades Eclesiais de Base do Brasil,

“Deus chama a gente pra um momento novo, de caminhar junto com seu povo, é hora de transformar o que não dá mais, sozinho e isolado ninguém é capaz! Por isso vem, entra na roda com a gente também, você é muito importante, vem”!

Ernesto B. Cardoso

Quando Jesus convidou os seus e as suas para irem à outra margem, despertou no povo o sonho por mudanças. No caminho de barco pelo mar, encontra espaço aberto e deserto. Neste, o povo o surpreende. Jesus se compadece da multidão, “porque eram como ovelhas que não tem pastor”.  A Palavra reinventa o mundo: ensino, comida, saúde, presença amorosa e encorajadora (Mc 6. 30-56).

A comunidade de Jesus compreendeu que a sua palavra é criadora. A palavra é uma ponte, onde o amor vai e vem. É a ponte do amor de Deus que acolhe. É o caminho por onde circula a comunhão ecumênica. Em movimento de travessia, na canção de Vandré: “caminhando e cantando / E seguindo a canção / Somos todos iguais / Braços dados ou não”.

 As trevas perdem para a luz nos braços abertos de Jesus. O 15º Intereclesial tem a força do amor que à comunhão ecumênica conduz. Nas comunidades a vida digna em relações justas se reproduz. Atende ao chamado de Jesus Cristo que diz: “permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos (João 15, 5-9).

O amor não existe no ar, nem somente nas ideias. O amor é real, concreto. Frutos do amor são o diálogo, a visitação mútua, a solidariedade, o direito, a justiça, o reconhecimento, o respeito comum. Assim, as comunidades em movimento agem “Ainda fazem da flor/ Seu mais forte refrão/E acreditam nas flores/Vencendo o canhão” (Geraldo Vandré).

As CEBs fazem a travessia nas águas da comunhão ecumênica, criativa e diversa em profundo amor.  Comunicam-se na linguagem da palavra popular por onde a misericórdia de Deus flui. O amor profético expressa que o direito corra como a água e a justiça com um igarapé que não seca.

Na travessia, as CEBs convidam para o bem viver a PAZ, como canta o conjunto “Roupa Nova”: “Deve haver um lugar dentro do seu coração. / Onde a paz brilhe mais que uma lembrança/ Sem a luz que ela traz já nem se consegue mais / Encontrar o caminho da esperança…Venha, já é hora de acender a chama da vida/ E fazer a Terra inteira feliz”. Esperançar a paz integral e comunhão ecumênica, eis os grandes desafios.

Do primeiro ao décimo quinto Intereclesial, o tempo ensinou comunhão e a arte do bem viver. Ensinou viver a vida e viver em comunhão. Em tolerância, ensinou a resiliência. Em resiliência, nos ensinou recomeçar na derrota, renunciar palavras maldosas. Ensinou a perdoar e reconciliar. O amor de Deus nos ensinou a sermos humanos e justos. Frutos do amor de Jesus Cristo são generosidade, a gentileza, misericórdia na criação de Deus

O amor incondicional de Deus é o tronco que tem suas raízes profundas na acolhida, solidariedade, no cuidado com o meio ambiente, cuidado com os animais, luta por justiça, respeito à diversidade.

Seja nosso compromisso, estar atentos, vigilantes, para perceber que o outro, a outra necessita de nossa acolhida, que o mundo necessita de nosso cuidado e, que sem dúvida, esta é a grande razão de nossa unidade. Não podemos reforçar nossas diferenças, elas apenas enriquecem a todos nós. Para nós, pessoas de fé, cabe atender ao apelo de Jesus, que rezou ao Pai “para que todos sejam um…” (Jo 17, 21).

  Neste tempo de graves dificuldades, esta oração é ainda mais necessária para que a unidade prevaleça sobre os conflitos. É urgente pôr de lado nossas particularidades para promover o bem comum. É essencial continuar o caminho rumo à unidade plena e visível, perseverar no amor e na oração, sem desanimar. É um percurso que o Espírito Santo suscitou e do qual nunca voltaremos atrás (cf. Papa Francisco, audiência geral, 20/01/2021).

Secretariado para o 15º Intereclesial
Colaboração:
Pastor Teobaldo Witter, Pastor Luterano, professor e militante de movimentos sociais e Direitos Humanos. Ms em Teologia e Dr. Em Educação. Cuiabá-MT

Para refletir:

O que podemos fazer para viver e cultivar uma espiritualidade ecumênica? Que maneiras de falar costumam atrapalhar o entendimento entre cristãos de diferentes Igrejas?

Queremos ser parceiros de Jesus, trabalhando pela unidade dos cristãos? Como podemos nos preparar melhor para o diálogo? Como podemos viver o amor entre todos e todas nos locais onde vivemos, onde estamos?

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