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Comunidade: Fraternidade e Diálogo em tempos de Quaresma, um jeito concreto de viver a caridade.

Mesmo com tantos ataques nas redes sociais por grupos de extrema direita autodenominados católicos, foram realizadas por todos os cantos do Brasil as Celebrações de Abertura da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano como forma de encorajar pessoas cristãs e de boa vontade a reconhecerem no diálogo um dos caminhos para a superação da cultura do ódio. A CEB’s assume o Ecumenismo não como uma estratégia, mas como uma forma de espiritualidade. Por isso, oferecemos esta importante reflexão elaborada pela nossa querida companheira Lucimar Moreira Bueno, conhecida por todos como Lúcia, assessora da CEBs na Arquidiocese de Maringá, Regional Sul 2:

As comunidades são chamadas, inspiradas em Cristo, a ser espaço de diálogo e do testemunho da unidade na diversidade, expressão da novidade tão antiga da fé em Jesus Cristo, da experiência em Jesus Cristo, com o Deus da vida, Deus do diálogo, o Deus da fraternidade. Em tempos de crises, medos, contradições, das polarizações e das violências que marcam o mundo atual e vivendo o tempo da Quaresma, com o isolamento social o desafio das comunidades Eclesiais de Base, as CEBs e demais comunidades de serem espaço de viver a experiência e a profundar a experiência do amor em Jesus Cristo.

Papa Francisco, na mensagem que enviou por ocasião do início da Quaresma e da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 explica “com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Francisco convocou “«sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo».”

Ir ao encontro, sentar junto, escutar é o jeito concreto de viver a caridade, esse é o caminho. Atos dos Apóstolos, é um texto conhecido por todos nós, percebemos em Atos dos Apóstolos, que a comunidade vive a experiência e a profunda a experiência do amor em Jesus Cristo, estudando, escutando, repartindo o pão pelas casas. Testemunhando o amor de Deus e assim então as pessoas sentiram atraídas para a vivência de comunidade. Não haviam necessitados, uma comunidade caritativa repartindo daquilo que tinham, então colocava a disposição da comunidade e a comunidade atendia a todos assim fazendo que não houvesse necessitados entre eles. 

Essa característica da comunidade que coloca aquilo que tem para socorrer aqueles que não tem, para ajudar aqueles que estão necessitados é uma experiência forte do Evangelho de Cristo. Uma comunidade que está unida, testemunhando concretamente o amor, a fé em Jesus Cristo. Concílio Vaticano II chama a igreja a estar presente no mundo, compartilhando as dores e as angústias, compartilhando as alegrias e as esperanças dos homens e mulheres de hoje sobretudo dos mais pobres, excluídos, dos que sofrem.

“A Quaresma não é compor um ramalhete espiritual; é discernir para onde está orientado o coração”.

Papa Francisco

Há nos dias atuais uma falta de sensibilidade humana que precisa ser vencida e as comunidades se não estão sendo caminho de superação dessa insensibilidade precisa tornar-se o caminho. Caminho de fraternidade, de paz, de acolhida, de encontro, de diálogo que faz o coração arder. Precisa ser o jeito concreto de viver a caridade, viver o amor. Relações embasadas no amor geram vidas, geram relações novas e um mundo novo.

O Papa Francisco na missa com o rito de imposição das cinzas, na quarta-feira, 17 de fevereiro,  disse que a Quaresma “é uma viagem de regresso a Deus” que “lança um apelo ao nosso coração”,  e afirmou o Pontífice na homilia, que “na vida, sempre teremos coisas a fazer e desculpas a apresentar, mas agora é tempo de regressar a Deus”. O Santo Padre disse que essa viagem quaresmal envolve toda a vida da pessoa que a percorre. “É o tempo para verificar as estradas que estamos percorrendo, para encontrar o caminho que nos leva de volta a casa, para redescobrir o vínculo fundamental com Deus, do qual tudo depende. A Quaresma não é compor um ramalhete espiritual; é discernir para onde está orientado o coração”.

Encontrar o caminho, as comunidades precisam derrubar muros de indiferença e de ódio que separam e criar pontes que unem e esforçar-se para manter com todas e todos o diálogo, falar e ouvir. Com o Evangelho aprendemos que Jesus mantinha diálogo com o diferente.

E aí a importância das Comunidades Eclesiais de Base, como igreja que aprofunda sua experiência de amor e como o corpo de Cristo exerce o bem a todas as pessoas sem olhar religião ou filiação dessas pessoas como a ação pastoral evangelizadora social e missionária. Igreja na base no meio do povo e com o povo. Igreja de modo novo presente no mundo a serviço da vida e ao cuidado da casa comum. 

Sendo as CEBs a igreja que está ali onde as pessoas estão,  essa comunidade é a medida em que ela vive concretamente a sua experiência de amor em Jesus Cristo de um lado ela desperta os cristãos batizados para os diversos serviços da ação evangelizadora,  desperta neles a consciência de transmitir e testemunhar o amor de Jesus ajudando-os a viver essa experiência do amor do senhor e juntos vá em busca, socorre, acolhe, cuida, sustenta encoraja as pessoas a viver essa experiência de amor no Senhor. Lindo esse jeito concreto de viver a caridade.

Lucimar Moreira Bueno (Lúcia),

Assessora da CEBs na Arquidiocese de Maringá – Regional Sul 2.

1 Comment

  • Fatima

    Muito bem , tornar se a caminho para cumprir o projeto de Jesus. Utlizar a pedagogia que Jesus usou com os discípulos de Emaús. Ouvir, ouvir, primeiramente e depois expressar- se.

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