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A graça de poder perdoar Mesters e Lopes e Orofino

 O único limite para a gratuidade da misericórdia de Deus é a nossa incapacidade de perdoar o irmão.

Nesta reflexão para o evangelho do próximo domingo, dia 17 de setembro, Jesus nos fala da necessidade de perdoar o irmão, a irmã. Não é fácil perdoar, pois certas mágoas continuam machucando o coração. Há pessoas que dizem:

“Eu perdoo, mas não esqueço!”

Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação. E ainda mais em nosso tempo em que as elites manifestam seu ódio por pessoas e grupos excluídos secularmente de seus direitos mais elementares.

Situando

Esta narrativa é a última parte do Sermão da Comunidade (Mateus 18). Nela, encontramos a necessidade de perdoar sem limites (18,21-22) e a parábola do perdão (18,23-35).

Em Mateus, a organização das palavras de Jesus em cinco grandes Sermões mostra que, já no fim do primeiro século, as comunidades tinham formas bem concretas de catequese. O Sermão da Comunidade, por exemplo, traz instruções atualizadas de como proceder, caso algum conflito surgisse entre os seus membros. Na sequência do evangelho do domingo passado, o texto de hoje aponta mais duas setas no caminho que apontavam o rumo da caminhada e ofereciam critérios concretos para solucionar conflitos.

Comentando

Mateus 18,21-22: Perdoar setenta vezes sete!

Diante das palavras de Jesus sobre a reconciliação, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar? Sete vezes?” Sete é um número que indica uma perfeição e, no caso da proposta de Pedro, sete é sinônimo de sempre. Mas Jesus vai mais longe. Ele elimina todo e qualquer possível limite para o perdão: “Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete!” Pois não há proporção entre o amor de Deus para conosco e o nosso amor para com o irmão. Jesus conta uma parábola para esclarecer a sua resposta a Pedro.

Mateus 18,23-35: A parábola do perdão sem limite

Dívida de dez mil talentos é 164 toneladas de ouro. Dívida de cem denários é de 30 gramas de ouro. Não existe meio de comparação entre os dois. Mesmo que o devedor junto com mulher e filhos fosse trabalhar a vida inteira, jamais seria capaz de juntar 164 toneladas de ouro. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida de 164 toneladas de ouro, é nada mais que justo que nós perdoemos ao irmão a pequena dívida de 30 gramas de ouro. E atenção! O único limite para a gratuidade da misericórdia de Deus é a nossa incapacidade de perdoar o irmão (Mateus 18,34; 6,15).

 Alargando

A comunidade como espaço alternativo de solidariedade e fraternidade

A sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes buscavam um abrigo para o coração e não o encontravam. As sinagogas também eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. Nas comunidades, o rigor de alguns na observância da Lei levava para a convivência os mesmos critérios injustos da sociedade e da sinagoga. Assim, nas comunidades começaram a aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade e na sinagoga entre rico e pobre, dominação e submissão, falar e calar, carisma e poder, homem e mulher, raça e religião.

Em vez de a comunidade ser um espaço de acolhimento, tornava-se um lugar de condenação. Juntando palavras de Jesus neste Sermão da Comunidade, Mateus quer iluminar a caminhada dos seguidores e das seguidoras de Jesus, para que as comunidades sejam um espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma boa-nova para os pobres.

Por Carlos Mester e Francisco Orofino

Fonte: CEBI

 

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