Por Nicolau João Bakker

 Introdução

Para todos os países da América Latina e do Caribe, o ano de 1968 representou um marco histórico, graças à publicação do Documento de Medellín (DMd). Agora, no cinquentenário desse evento, vale a pena propor-nos a pergunta: esquecer ou reviver? Do ponto de vista pastoral, os avanços obtidos e reconhecidos continuam válidos ou devemos preparar-nos para uma “nova” etapa? De 1968 para cá, para muitíssimos padres, leigos/as e religiosos/as dedicados à vida paroquial ou a pastorais específicas, o documento foi extremamente significativo. Parece que a Igreja latino-americana, neste momento, passa por uma espécie de “crise existencial”: esquecer, de vez, o Documento de Medellín, voltando à tradição, ou revivê-lo de forma renovada. A questão central a ser abordada neste artigo é: O que o Documento de Medellín trouxe de irrenunciável? Relendo-o nessa perspectiva, parece-me que cinco pontos devem ser ressaltados:

  1. Impõe-se superar definitivamente o tradicional dualismo e nunca separar o amor a Deus do amor aos irmãos.

Já no primeiro capítulo, enfocando a “Justiça”, os bispos latino-americanos observam “que devemos evitar o dualismo que separa as tarefas temporais das da santificação” (DMd I, 2; neste artigo, todas as citações serão deste documento, por capítulo e seção). O argumento, de uma forma ou de outra, será retomado em todos os demais capítulos. Falando da Paz, em II, 2, diz-se: “[…] criar uma ordem social justa, sem a qual a paz é ilusória, é uma tarefa eminentemente cristã”. Nas “conclusões pastorais” desse mesmo capítulo, os bispos indicam como linha pastoral prioritária: “Fazer com que nossa pregação, catequese e liturgia tenham em conta a dimensão social e comunitária do cristianismo, formando homens comprometidos na construção de um mundo de paz”.

Não é sem importância, ainda nos nossos dias, dar destaque a esse ponto. Todos sabemos que setores muito influentes da Cúria Romana se opuseram firmemente à surpreendente guinada pastoral pós-Medellín da Igreja latino-americana, considerada excessivamente envolvida com o imperativo sociotransformador da mensagem cristã. Ficou na história o momento esclarecedor em que o papa João Paulo II (†2005) falou mal da teologia da libertação e logo depois, em carta aos bispos brasileiros (1986), declarou-a “não só oportuna, mas também útil e necessária”. De fato, para os teólogos e biblistas dos nossos dias, do ponto de vista intelectual, o problema do dualismo está superado. Não, porém, do ponto de vista pastoral. Continua sendo, aliás, um dos mais destacados desafios pastorais da atualidade. Quase todas as paróquias vivem alguma forma de disputa entre “carismáticos” e “comprometidos”. Apelar às soluções “sobre-naturais” não é apenas uma tradição milenar cristã. A tendência parece fazer parte da própria antropologia humana. Na perspectiva da fé cristã, saber unir o humano e o divino continua a ser, de fato, fundamental.

  1. Uma correta “análise da realidade” é vital para uma caminhada pastoral bem-sucedida.

O teólogo francês Marie-Dominique Chenu (†1990), em seu “anteprojeto”, depois transformado no documento Gaudium et Spes, insistia em dar a devida atenção aos “sinais dos tempos”. Jesus condenou a prática religiosa dos fariseus e dos saduceus por sua incapacidade de ler os sinais dos tempos (cf. Mt 16,1-4). Para Jesus, a vinda do Reino era claramente visível. Para os “cegos” fariseus, não. Especialmente nas “recomendações pastorais”, os bispos aconselham os diferentes grupos cristãos a adotar o método pedagógico da “revisão de vida”, relacionando fé e realidade, assim como já era habitual nas reuniões da Juventude Operária Católica (JOC), herança do cardeal Cardijn. Enfocando a “Pastoral das Elites”, os bispos afirmam: “Em todos esses ambientes, a evangelização deve orientar-se para a formação de uma fé pessoal […] constantemente em confronto com os desafios da vida atual”. E acrescentam: “Esta evangelização deve ser relacionada com os sinais dos tempos” (VII, 2). Para a juventude, insiste-se na “necessidade de um conhecimento da realidade sociorreligiosa constantemente atualizado” (V, 3).

Interpretar corretamente a realidade vivida não é tão simples como, às vezes, parece. Trata-se de aprendizado que é sempre fruto de longo processo de reflexão coletiva. Ninguém se educa sozinho, todos nós nos educamos – e nos “corrigimos” – juntos, já dizia Paulo Freire. Estamos habituados a “localizar” a análise da realidade como a primeira parte de um bom planejamento. Muito mais do que isso, porém, essa análise é a “luz” que deve iluminar-nos sempre, em qualquer lugar e tempo, pois é ela que nos ajuda a não nos perdermos no caminho. É uma pena que os “grupos de base” – inúmeras vezes citados no Documento de Medellín – estejam desaparecendo do nosso panorama pastoral, marcadamente nas áreas urbanas. Não bastam os grupos pastorais “tarefeiros”, ou mesmo nossos grupos de piedade. Jamais nossas paróquias, ainda demasiadamente centralizadas, se transformarão em “comunidades de comunidades” se não encontrarmos, em cada comunidade, grupos que se reúnem regularmente para analisar a sua realidade – social, política, e cultural – à luz da Palavra de Deus.

  1. Todo cristão necessita de uma “comunidade de base” para sua fé permanecer, crescer e evoluir.

Na sociedade rural tradicional, a fé era, por assim dizer, “de nascença” e se sustentava pela força das próprias tradições religiosas. Nas sociedades modernas, fortemente atingidas pelo fenômeno da “destradicionalização” – como afirmam destacados pensadores “modernos”, como Zygmunt Bauman (†2017) e muitos outros –, a fé cristã só tem condições de permanecer e crescer por meio de uma “adesão pessoal e consciente” a Jesus Cristo. O Documento de Aparecida (2007) fez dessa constatação o fio condutor de sua argumentação. Não se trata de adesão exclusivamente racional. O ser humano começa a “agir” apenas quando também o coração é tocado. É quando a doutrina se transforma em espiritualidade. Quem tem o poder de fazer isso é a Comunidade, reunida no Espírito de Jesus. Trata-se de dado antropológico. É em comunidade que o ser humano festeja, dança ou chora. É em comunidade que ele “celebra” a sua vida.

“Comunidade de base” é palavra-chave no Documento de Medellín. Em VIII, 3, o documento diz: “As Comunidades Cristãs de Base, abertas ao mundo e inseridas nele, têm que ser o fruto da evangelização […]”. Nas recomendações pastorais da “Pastoral das Massas”, propõe: “Procurar a formação do maior número de comunidades eclesiais nas paróquias, especialmente nas zonas rurais ou entre os marginalizados urbanos” (VI, 3). De modo muito explícito, é principalmente no capítulo XV, dedicado ao tema conciliar da “colegialidade”, que os bispos tratam do tema. Nas sempre presentes “orientações pastorais”, abordando o item “renovação das estruturas pastorais”, observam:

A vivência da comunhão a que foi chamado, o cristão deve encontrá-la na comunidade de base, ou seja, em uma comunidade local ou ambiental que corresponda à realidade de um grupo homogêneo e que tenha uma dimensão tal que permita a convivência pessoal fraterna entre seus membros […]. Uma comunidade de fé, esperança e caridade (LG 8 e GS 40). A comunidade cristã de base é, assim, o primeiro e fundamental núcleo eclesial […]. Ela é, pois, célula inicial da estrutura eclesial e foco de evangelização e, atualmente, fator primordial da promoção humana e do desenvolvimento […]. A visão que se expôs há de levar-nos a fazer da paróquia um conjunto pastoral vivificador e unificador das comunidades de base. Assim, a paróquia tem de descentralizar sua Pastoral no tocante a lugares, funções e pessoas […] (XV, 3).

É difícil encontrar uma orientação mais lúcida. Recentemente, o episcopado brasileiro tem alertado sobre a necessidade de desburocratizar, desclericalizar e setorizar nossas paróquias, ainda fortemente centralizadas. Também o papa Francisco tem se manifestado diversas vezes no mesmo sentido. Quem mais fielmente cumpriu esse apelo de Mede­llín foram as comunidades eclesiais de base, que deram dinamismo, autenticidade e credibilidade à nossa Igreja nas décadas pós-conciliares. Um dos mais lamentáveis equívocos pastorais do momento é pensar que “as CEBs são coisa do passado”. O 14º Intereclesial das CEBs (Londrina, janeiro de 2018) fala por si. Ainda que Roma mantenha alguma desconfiança, não será possível superar a mesmice pastoral sem retomar essa caminhada. As Conferências Episcopais de Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007) trouxeram aportes importantes, mas, de nenhuma forma, diminuíram esse imperativo pastoral de Medellín.

  1. Levando em conta a realidade latino–americana, não ter nenhuma forma de “pastoral social” na paróquia não faz sentido.

É sabido que os teólogos latino-americanos tiveram um papel preponderante na elaboração do Documento de Medellín. Desta forma, a grande preocupação com a prática pastoral não impediu boa fundamentação teórica. Na década de 1960, a assim denominada “teoria da dependência” teve grande destaque nas universidades do continente. Sobretudo os economistas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) – criada pela ONU em 1948 – deram grande ênfase à teoria. Segundo ela, os países em desenvolvimento, ou “periféricos”, giram em volta dos países desenvolvidos, ou “centrais”, numa eterna dependência econômica, política e cultural, em grande prejuízo de sua autonomia própria para superar o estado permanente de pobreza e exclusão. Essa teoria, assumida pelos teólogos latino-americanos, é como que o fio condutor do Documento de Medellín. Volta e meia ela vem à tona. No capítulo II, sobre a Paz, diz-se: “Referimo-nos aqui, particularmente, às consequências que traz para nossos países sua dependência de um centro de poder econômico em torno do qual gravitam”. E, falando dos aspectos econômicos “que mais influem no empobrecimento global e relativo de nossos países”, os bispos citam “os monopólios internacionais e o imperialismo internacional do dinheiro”:

Com isso queremos sublinhar que os principais culpados da dependência econômica de nossos países são aquelas forças que, inspiradas no lucro sem freios, conduzem à ditadura econômica e ao “imperialismo internacional do dinheiro”, condenado por Pio XI, na Quadragesimo Anno, e por Paulo VI, na Populorum Progressio (DMd II, 1ª parte).

Palavras fortes, ainda hoje relembradas repetidas vezes pelo papa Francisco. São inúmeras as orientações pastorais apontadas pelo documento que se referem, direta ou indiretamente, a algum aspecto da pastoral social:

Para o exercício de sua missão pastoral, as Conferências Episcopais constituirão sua comissão de ação ou pastoral social para […] assumir as iniciativas na área de atuação da Igreja, como estimuladora da ordem temporal, numa autêntica atitude de serviço. O mesmo vale para os níveis diocesanos. […] A organização sindical [rural e urbana] deverá adquirir a força […] a que os trabalhadores têm direito. […] [Deverá ser] realizada uma autêntica e urgente reforma das estruturas e das políticas agrárias. […] uma transformação global […] tem como requisito a reforma política. […] [É] imprescindível a ação educadora da Igreja, com vistas a que os cristãos considerem sua participação na vida política da nação como um dever de consciência e como o exercício da caridade em seu sentido mais nobre (I, 3).

Enfocando a “Pastoral das Elites”, diz: “A Igreja deverá manter sempre sua independência diante dos poderes constituídos e dos regimes que os asseguram” (VII, 3). Tratando dos “Movimentos Leigos”, afirma: “Deve ser fomentada uma espiritualidade própria dos leigos, baseada em sua própria experiência de compromisso com o mundo” (X, 2). Enfocando, no capítulo XII, a Vida Religiosa, observa:

No transcorrer da história, a vida religiosa teve sempre, e agora com maior razão, uma missão profética, a de ser um testemunho da escatologia […]. Para os religiosos de vida ativa, a ação apostólica não pode ser considerada como algo secundário, muito ao contrário, ela “integra a própria natureza da vida religiosa; toda a vida religiosa de seus membros há de estar saturada do espírito apostólico, e toda a ação apostólica saturada do espírito religioso” (PC 8; LG 44).

Finalmente, no capítulo sobre a Pobreza, os bispos alertam:

Devemos tornar mais aguda a consciência do dever de solidariedade para com os pobres […]. Isso há de se concretizar na denúncia da injustiça e da opressão, na luta contra a intolerável situação suportada frequentemente pelo pobre […]. Desejamos que nossa habitação e estilo de vida sejam modestos, nossa indumentária simples, nossas obras e instituições funcionais, sem aparato nem ostentação (DMd XIV).

Em décadas passadas, era difícil encontrar paróquias em que não houvesse alguma forma de pastoral social. A presença das CEBs era a garantia infalível de sua existência. Hoje, o panorama eclesial em muitos lugares é outro, assiste-se a um verdadeiro regresso. Não obstante, nada no avanço dos estudos teológicos e bíblicos das últimas décadas o autoriza. Pelo contrário, esses estudos apenas trouxeram novos aportes que ampliam a necessidade da pastoral social. Ela pode ter as mais diferentes fisionomias, mas paróquias sem pastoral social, na perspectiva evangélica, não fazem sentido.

É importante ressaltar, ainda, que a caridade cristã não pode ser limitada à sua face assistencialista. O teólogo Pe. Francisco de Aquino Júnior publicou, em 2016, um livreto intitulado Pastoral social – dimensão socioestrutural da caridade cristã (Brasília, Edições CNBB). Inicia com as palavras do papa Francisco: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem dignidade”. Mais adiante, nas páginas 18-20, diz:

É preciso reconhecer que esse serviço (da assistência aos necessitados) é fundamental na vida dessas pessoas e que é um serviço muito evangélico. Mas é preciso reconhecer também que ele não é suficiente e que é necessário buscar meios mais eficazes para o enfrentamento dessas situações de pobreza e marginalização extremas […]. Por mais que esse deva ser um serviço permanente na Igreja e que sejam necessários pessoas e grupos que se dediquem a ele, não pode ser tomado como o único serviço aos pobres nem como a forma mais eficaz de superar a pobreza e a marginalização sociais. É preciso dar um passo a mais na direção da transformação das estruturas da sociedade […]. Essa forma de caridade tem um dinamismo diferente da caridade assistencial. Ela se desenvolve na criação e/ou fortalecimento de processos sociais que visam transformar as estruturas da sociedade a partir e em vista das necessidades e dos direitos dos pobres e marginalizados. Seu foco não é a necessidade imediata a ser satisfeita (assistência aos necessitados), mas os mecanismos estruturais que fazem com que grandes setores da sociedade vivam em situação permanente de necessidade (transformação das estruturas da sociedade). Daí a proximidade dos grupos que se dedicam a essa dimensão e forma da caridade cristã com as organizações e os movimentos sociais que lutam pelos direitos dos pobres e marginalizados […]. Como bem afirma o papa Francisco, além dos “gestos mais simples e diários de solidariedade para com as misérias muito concretas que encontramos”, é necessário cooperar para “resolver as causas estruturais da pobreza e promover o desenvolvimento integral dos pobres” (EG 188).

  1. Apenas uma “Pastoral de Conjunto” se justifica.

No capítulo XV, os bispos latino-americanos se manifestam de forma explícita sobre esse tema. Está em foco então a “colegialidade”. Os bispos afirmam que a Igreja deve lidar com as particularidades do continente latino-americano com “estruturas pastorais aptas, marcadas pelo sinal de organicidade e de unidade” (XV, 1). Não adianta cada padre ou cada movimento leigo querer fazer a sua igrejinha particular. O DMd resume essa preocupação com a palavra-chave “Pastoral de Conjunto”. As comunidades devem estar unidas entre si (= paróquia); assim também as paróquias (= setor/região/diocese) e, da mesma forma, até os níveis mais altos. Também as pastorais não devem ser isoladas umas das outras. A preocupação social, por exemplo, deve estar presente na catequese, na liturgia e nas demais pastorais, mas, igualmente, não faz sentido o militante social cristão não se alimentar da catequese (Palavra de Deus) e da liturgia comunitárias.

Diz o DMd: “[…] as estruturas eclesiais devem ser periodicamente revistas e reajustadas, de tal forma que se possa desenvolver harmoniosamente o que se chama uma Pastoral de Conjunto” (XV, 2). Como no Vaticano II, também no Documento de Medellín a Igreja particular recebe um lugar central: “[…] o bispo tem a responsabilidade da Pastoral de Conjunto enquanto tal […]” (XV, 3). O bispo não pode agir, porém, de forma isolada: “Os bispos […] devem manter-se sempre unidos entre si […], já que […] cada qual, juntamente com os outros bispos, é responsável pela missão apostólica da Igreja” (DMd XV, 3; cf. CD 4 e 6). Também a Conferência Episcopal (nacional) “deve desenvolver sua atividade dentro de uma autêntica Pastoral de Conjunto” (XV, 3).

Chama a atenção o fato de que o documento estabelece forte elo entre Pastoral de Conjunto e Planejamento Pastoral: “A Pastoral de Conjunto […] exige […] uma ação pastoral devidamente planejada de acordo com o processo de desenvolvimento da América Latina” (XV, 3). Os bispos ressaltam que o planejamento pastoral requer um permanente processo de atualização teológico-pastoral, fundamentado nos documentos conciliares e na teologia vigente; e pedagógico, proveniente de um contínuo diálogo apoiado na dinâmica de grupo e na revisão da ação levada a efeito pelas equipes de pastoral, tendendo a criar um autêntico sentido comunitário, sem o qual é totalmente impossível uma genuína Pastoral de Conjunto (XV, 3).

Mas já é dado um alerta, quando os bispos mencionam a seguinte situação: “Casos de aplicação incorreta da Pastoral de Conjunto ou da Planificação, seja por improvisação ou incompetência técnica, seja pela excessiva valorização dos ‘planos’, seja por uma concepção demasiado rígida e autoritária de sua realização” (XV, 1).

Nas últimas décadas, o planejamento pastoral, especialmente nas comunidades e paróquias, com raras exceções, tem sido abandonado. De fato, em nível popular, uma excessiva “tecnicalidade” no planejamento não funciona. Comunidades cristãs não são empresas. No entanto, não estabelecer nunca algumas metas e alguns caminhos para atingi-las fatalmente levará os grupos atuantes das nossas comunidades e paróquias à “pastoral da mesmice”. Voltar ao planejamento é a condição indispensável para sair do marasmo pastoral em que nos encontramos.

Conclusão

Medellín: esquecer ou reviver? Diante do exposto, não pode haver dúvida. É preciso revivê-lo, especialmente no que se refere aos cinco pontos mencionados. Não se trata de atitude saudosista ou simples volta ao passado. Trata-se de retomada das grandes inspirações do Concílio Vaticano II, maravilhosamente traduzidas para nosso continente pelo Documento de Medellín. Jesus não nos legou uma Igreja estruturada, apenas nos legou seu Espírito. A nova eclesiologia do Vaticano II, a do Povo de Deus – em comunhão –, permite a existência de muitos rostos. O Documento de Medellín, pela primeira vez, traçou o rosto da Igreja latino-americana. Talvez o Brasil tenha sido o país que o acolheu da forma mais fiel. Teremos tudo a ganhar ao não esquecê-lo. Observa o documento, na sua introdução: “A hora atual não deixou de ser a hora da palavra, mas já se tornou, com dramática urgência, a hora da ação(grifo nosso)”.

 

Nicolau João Bakker

Nicolau João Bakker, svd, é missionário do Verbo Divino e sacerdote, formado em Filosofia, Teologia e Ciências Sociais. Atuou sempre na pastoral prática, rural e urbana. Foi professor de Teologia Pastoral no Instituto de Teologia de São Paulo (Itesp/SP). Publica regularmente nas revistas Vida Pastoral, REB e Convergência. Acesso aos artigos em: <artigospadrenicolausvd@blogspot.com.br>. E-mail: nijlbakker@hotmail.com

Fonte: blogdascomunidades.wordpress

Fonte: Vida Pastoral – Edição Online