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MENSAGEM DA AMPLIADA DAS CEBs PARA TODO O REGIONAL NORDESTE – 3 BA/SE.


“Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is, 1,27)

Popular e espontaneamente diz- se que “Deus é como o vento que tudo pode tocar”. Foi como força de vento sertanejo que Ele aqui nos reuniu. Soprou nossos vagões de gente vindas das mais diversas galileias da Bahia e de Sergipe e nos fez estacionar nesta terra de vento forte e calmarias: Aracajú.

Juntados, somos sessenta e quatro participantes representando dezoito dioceses. Vieram se inquietar, refletir, fazer partilhas e teimosamente continuar a profecia: três religiosas, oito padres, o CEBI estadual da Bahia e de Sergipe, a CPT, a PJ, o CNLB e a Escola de Formação Missionária – Comblim.

Um vento breve nos agraciou com a importante participação de Dom João Costa – arcebispo desta arquidiocese – que nos alcançou alertando sobre os desafios de mantermo-nos como redes de comunidade, obedecendo aos princípios de uma igreja formada administrativa, eclesial e socialmente, por comunidade de comunidades.

Foi assim, juntos pela fé e por uma igreja libertadora que gritamos simbolicamente numa mística mobilizadora, transformando em cinza o que nos impede ou limita a caminhada: a política perversa e de morte que nos assombra. Mas também, imbuídas e imbuídos de esperança e alegria, identificamos as situações de luzes que se tornam sementes germinadoras e as forças que movem nossa caminhada em direção à construção do Reino “pelo direito e pela justiça” (Is, 1,27): as juventudes, as pastorais, os movimentos sociais, a atuação das mulheres religiosas, o pontificado do Papa Francisco.

Coerentes com o Evangelho, seguimos lutando e cantando: Vida pelas vidas! Memoramos – para nos fortalecer – a caminhada daqueles e daquelas que fizeram o Reino acontecer através da sua santa rebeldia, profecia libertadora e testemunho radical do Evangelho, necessário á sua época. E quando a escuridão se aproximou, trazida pelas memórias de dores, causada pela opressão e deixando tudo turvo, reverenciamos o Mestre Bom Jesus, clamamos por vida e dignidade, desamarramos nossas sandálias e sentamos para refletirmos através da inquietante análise eclesial, guiada pela assessora Mônica Muggler sobre nós-igreja, salientando que as escolhas, deste pontificado, refletem as preferências pelas minorias e excluídas.

Uma igreja organizada e orientada pelo papa Francisco, tende a torna-se uma igreja de fé libertadora. A sinodalidade, as decisões colegiadas, a centralidade nos pobres e a expressiva preocupação com um clericalismo exagerado vão desenhando o projeto de igreja do governo de Francisco. Por coerência a este projeto, este papa se faz acessível, também, através dos documentos; se movimenta para alcançar seus fiéis não apenas pela fé, mas, sobremaneira, pela humanidade destes; chama e legitima os movimentos populares; E assim vai apresentando a construção de uma igreja mais transparente, autêntica, que se revela na simplicidade.

Uma inquietação peculiar, aquela que só uma cebiana/cebiano pode sentir, nos tomou através das provocações feitas pelo assessor Romero Silva, na análise sociopolítica. Ecoou em nós, ampla e profundamente os momentos de PROVAÇÂO que a igreja- testemunho vive. Esta provação é maior para as pastorais sociais e para as CEBs por ambas se constituírem herdeiras do protagonismo eclesial e político da década de 80. Nós bebemos da fonte daqueles que construíram um testemunho pela coragem profética. E por isto nos tornamos uma igreja de cristãos lúcidos, mesmo com acúmulos de desgraças em nossa sociedade. Precisamos ter discernimento das experiências positivas da radicalidade do evangelho, pois só a política não supera a provação, é preciso ter fé! “Fé na vida, fé no homem, fé no que virá, nós podemos muito, nós podemos mais!”

Na certeza de sermos feitos e feitas do mesmo barro, e sujeitos as mesmas provações no mundo e na igreja, nos retiramos deste espaço físico do Sagrado Coração de Jesus e fomos ás galileias geográficas e existenciais de Aracajú que suscitou em nós o sentimento de missionariedade, caridade, fraternidade e justiça. E desse jeito, retornamos para as nossas comunidades convictos e convictas da fé no Ressuscitado, de que “ninguém solta a mão de ninguém”!

Aracajú-Se, 17 de março de 2019.

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