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O caminho metodológico para o 15º Intereclesial – uma breve conversa!

Os Encontros Intereclesiais propiciam a vivência e troca de experiências do que tem de melhor para uma festa. Quando preparamos uma festa familiar, cuidamos dos preparativos desde pensar o tipo de festa a ser realizada, os convidados e convidadas, o espaço, o melhor visual e performance, a ambientação, a alimentação a ser servida, a melhor bebida, a recepção e a despedida. Todos os cuidados são providenciados para que tudo corra bem.

Assim também vivenciamos o processo preparatório para um Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base do Brasil. A preparação das comunidades com os subsídios diversos, os grupos de reflexão, os encontros na base, os encontros nas dioceses e nos regionais. Para isso, conta-se com uma estrutura de articulação: a Ampliada Nacional das CEBs com sua coordenação, grupos e equipes de trabalho para sustentabilidade, liturgia, arte, formação, comunicação, texto-base, metodologia e outros; o secretariado, e neste tempo, para o 15º Intereclesial com sua coordenação e as diversas áreas de trabalho como logística e infraestrutura, comunicação e imprensa, projetos e finanças, relação institucional, articulação, formação, liturgia e arte, secretaria e documentação. Tudo para que a “festa das comunidades” faça brilhar os olhos e aquecer os corações.

Na dinâmica pensada para os primeiros Intereclesiais podemos constatar que a partilha de experiências vivenciadas pelas CEBs é o grande destaque. Em seu livro “Os Encontros Intereclesiais de CEBs no Brasil”, Faustino Teixeira faz uma análise do percurso metodológico do I ao VIII Encontro (Paulinas, 1996). No começo são elaborados pequenos instrumentos de pesquisa e enviados às comunidades para que enviem seus relatórios contando a caminhada da comunidade. Estes relatórios servem de base para as reflexões durante os encontros. E aqui está um elemento forte dos primeiros encontros, o caráter reflexivo, de aprofundamento “da Igreja nova que nasce no meio do povo”, “o alcance eclesiológico da experiência das CEBs”, “a pedagogia libertadora das CEBs”, as lutas, as dificuldades, as conquistas. Até o V Encontro a metodologia privilegia essa intensa participação das bases, com a realização de conversas, pequenos grupos, contação das experiências, utilizando-se da metodologia da Ação Católica, “matriz da teologia da libertação: ver a realidade, iluminá-la com a Palavra de Deus e concluir com práticas de ação transformadora da realidade” (Libânio, in REB 57, pág. 794).

O VI Intereclesial é um divisor de águas, pois antes o número de participantes dos encontros propiciava o aprofundamento da reflexão proposta para cada encontro. Ocorre que de um encontro para o outro, os números foram só aumentando: 70, 100, 200, 280, 500 …. No VI Encontro chegam a 1.647 participantes, fora as equipes de serviço. Como realizar um encontro de reflexão da caminhada com esse alto número de participantes? Vamos ter, portanto, uma mudança de foco importante no caráter do encontro e dos demais, que é o caráter celebrativo, ou seja, é praticamente impossível privilegiar o caráter reflexivo, deliberativo. Logo, se pode avaliar as perdas e ganhos de um encontro de massa, ainda que a vertente metodológica seja o VER-JULGAR-AGIR.

A dinâmica metodológica dos Intereclesiais seguintes sofre uma mudança em seu processo de preparação. A partir do VIII Encontro, vai surgir o texto-base como subsídio para aprofundamento da temática de cada encontro. Por ora, não se tem mais os questionários a serem respondidos pelas comunidades, mas o texto-base e as cartilhas para estudo e aprofundamento, uma vez que nos encontros emerge mais a dimensão celebrativa.

Para o 15º Intereclesial são esperados 1.500 delegados/as, 500 convidados/as e 500 pessoas nas equipes de serviço. Como pensar um caminho metodológico que propicie a animação das CEBs do Brasil, tendo o Intereclesial como parte desse processo de animação? O desafio é manter a trilogia do método VER-JULGAR-AGIR, numa dinâmica metodológica para o ANTES, o DURANTE e o DEPOIS do Intereclesial. Pensando nisto, a Ampliada de 24 de 25 de julho/2021 dedicará parte de seu tempo para aprofundar um “caminho metodológico para o 15º Intereclesial”.

 “O 15º Intereclesial será a continuidade dos catorze encontros intereclesiais anteriores, com seus aprendizados, suas marcas, seu grito histórico por justiça social, mesmo em meio às contestações e críticas. Fiéis a Jesus Cristo, ao Evangelho, à Igreja, e a partir de Jesus Cristo, neste processo de caminhada, tanto a realização do Intereclesial, bem como as ações após 2023 devem ter a marca da partilha, da celebração, da troca de experiência, da avaliação, do respeito às diferenças, da tolerância, da interação com o outro, do exercício do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, da vivência da igualdade, da abertura para aprender com o outro, a outra, aprender do atual momento histórico da humanidade” (Marco Referencial para o 15º Intereclesial, pág. 28).

“O processo de preparação do 15º Intereclesial quer estar atento às marcas de nosso tempo para “conhecer a realidade à sua volta e nela mergulhar com olhar da fé, em atitude de discernimento (…). A comunidade se aviva quando se torna lugar gostoso de participação pela forma de acolhimento, de partilha, de respeito pelo diferente, pela mútua ajuda. Daí a importância de implementar nas nossas comunidades de base, a cultura do encontro” (Marco Referencial para o 15º Intereclesial, pág. 29), do caminhar juntos e juntas, ou seja, “o caminho da sinodalidade” como nos diz o Papa Francisco, “é o caminho que Deus espera da Igreja.

Por Marilza J L Schuina (secretariado para o 15º Intereclesial)

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