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Reflexões da Palavra | 34º Domingo do Tempo Comum | Ano A

Leituras: Ez 34,11-12.15-17 – Sl 22 – 1Cor 15,20-26.28 – Mt 25,31-46

Por Quininha Fernandes Pinto, do Regional Leste 1.

Celebramos neste domingo a Festa de Cristo Rei do Universo – Senhor dos Tempos e da humanidade. Encerra-se assim, o ano litúrgico – Ano A. O universo, do qual é rei, é constituído pela totalidade humana: todas as coisas estão sujeitas a Deus Pai e foram redimidas por Cristo. Temos aqui uma visão cósmica da sua realeza. Na nossa cultura, estamos acostumados a identificar realeza, rei e reinado com poder, luxo, riqueza, coroa de ouro, e é assim que vemos Jesus na iconografia litúrgica, nos altares das nossas igrejas e nas imagens que o representam. No entanto, a história e a Palavra de Deus nos revelam que Jesus teve como símbolos do seu reinado uma coroa de espinhos e seu trono foi a cruz. O Evangelho desta solenidade não só nos explica o domínio deste rei sobre o nosso mundo, como apresenta critérios para o julgamento final de nossas vidas, das estruturas sociais, das realizações humanas. Pontualmente, a humanidade toda será dividida em dois grupos, um à sua direita e outro à sua esquerda. Ovelhas e cabritos, benditos e malditos, respectivamente. Serão separados pelo amor que dedicaram aos que têm fome, sede, aos que estavam nus e presos, feridos e doentes… e a grande e estarrecedora revelação é que Jesus diz ter sido a Ele próprio o gesto de matar a fome, a sede, a visita à prisão! O reconhecimento desta sobreposição e troca de identidade com os pobres e vulneráveis do mundo é “o critério” para a nossa salvação; é o que nos será pedido no grande encontro final, no Face-a-Face com Deus. Tive fome, tive sede, estava preso… e nós o reconhecemos no pobre, no migrante, nos marginalizados da nossa sociedade, e os assistimos com amor. Seu juízo não levará em conta obras excepcionais, construção de templos grandiosos, romarias a santuários famosos e presença assídua aos cultos e assembleias… Cristo se apresenta a nós, nos pobres. Este é o nosso Rei. A consciência desta realeza de Cristo atinge diretamente as nossas práticas religiosas, as nossas opções políticas, a nossa postura social, toda a nossa vida. Jesus pouco fala de amor nos Evangelhos, mas toda a sua mensagem coloca o amor como centro de tudo e, hoje, Ele apresenta os pobres como destinatários por excelência do amor humano, como critério de Salvação.

O último e decisivo ensinamento de Jesus é o seguinte: o reino de Deus é e será sempre dos que amam o pobre e o ajudam nas suas necessidades. Isto é o essencial e definitivo. Um dia os nossos olhos irão abrir-se e descobriremos com surpresa que o amor é a única verdade e que Deus reina ali onde há homens e mulheres capazes de amar e preocupar-se com os outros.

José Antonio Pagola

Que seja assim. Beijos no coração.

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