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Reflexões da Palavra | 25º Domingo do Tempo Comum | Ano A

Leituras: Is 55,6-9 – Sl 144 – Fl 1,20c-24.27a – Mt 20,1-16a

Por Quininha Fernandes Pinto, do Regional Leste 1.

Desemprego, fome, injustiça social, meritocracia são realidades já presentes no tempo de Jesus, mas a sua postura diante disto deve motivar seus discípulos e seguidores a minimamente indignarem-se e emprestar suas vozes para denunciar e clamar por justiça. Neste domingo a Igreja nos oferece como reflexão inquietante a parábola dos vinhateiros, também conhecida como os empregados da última hora… Um patrão contratou, pela manhã, vinhateiros para a sua vinha e combinou com eles uma moeda de prata pelo trabalho do dia. No meio da manhã e ao meio dia contratou outros, concluindo a contratação já no final da tarde e prometendo pagar-lhes o que for justo. Ao término do trabalho diário, o patrão chamou o seu administrador e disse-lhe: “Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros!”. O restante da parábola é conhecido: a indignação dos que receberam por último o mesmo pagamento – uma moeda de prata – embora tivessem trabalhado mais, desde a manhã até o final do dia! A interpretação desta parábola, proposta por Jesus, é diferente da nossa interpretação moderna, capitalista, e acusamos o patrão, o senhor da vinha de ser injusto, como com o filho mais velho da parábola do Pai misericordioso. É a doutrina da retribuição, do trabalhou = recebeu, do merecimento, “pagamento” pelo trabalho prestado. Os textos – desde Isaías – opõem a justiça de Deus, interpretada à nossa maneira, com os nossos critérios, com os nossos tradicionais valores econômicos. O senhor da vinha é justo com os primeiros contratados por ter-lhes pago o combinado; mas é igualmente justo com os últimos – à maneira de Deus – porque não tinha assumido com eles nenhum compromisso de salário. A maneira de agir de Deus não bate de frente com a nossa, mas a ultrapassa, a transcende, pelo amor! Os últimos estavam também desempregados, não haviam conseguido trabalho até aquela hora da tarde… no entanto, como os primeiros, que haviam tido mais sorte em conseguir emprego, também possuíam família, precisando alimentá-la, comprar remédios, suprir suas necessidades básicas! O patrão foi sensível a isto… A conclusão da parábola em que há uma inversão de lugares entre os primeiros e os últimos, quer ser uma advertência – aos judeus – e a todos nós, de que a lógica de Des, a lógica do Reino é diferente da nossa, muitas vezes oposta e inconciliável. Parece que tudo que é lucro para nós, é perda para Deus; o que está em primeiro lugar para a maioria de nós, vem em último para Deus, pois o ser humano sempre tem a primazia! Nestes tempos sombrios, o Brasil – e muitos outros países – cresceu na sua taxa de desempregados e consequentemente na linha da miséria e da fome. Assistimos à discussões infindáveis sobre o miserável valor e tempo de vigência do auxílio emergencial nesta época de pandemia… é humilhante, indigno, quando ao mesmo tempo são perdoados bilhões/milhões de instituições, bancos, de pessoas que possuem dívidas estatais que supriria a carência de tantos cidadãos que vivem abaixo da linha de pobreza… é repugnante a proteção destinada aos altos postos políticos e militares, cujas medidas e reformas constitucionais nunca os atinge, sempre os beneficia!!!! O Evangelho deste domingo é instigante, é revolucionário na sua interpretação e salvífico na sua prática. Que possamos pensar onde nos posicionamos, quem somos no contexto da parábola e como agimos diante destas situações. Sem jamais perdermos de vista que o Senhor da vinha é o nosso Deus, pensemos na realidade do nosso Brasil, e nas realidades que cada um de nós pode interferir e modificar tendo como exemplo a atitude e postura deste patrão da parábola. Que seja assim. Que assim seja. Bjs no coração.

Beijos no coração.

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