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26º ENCONTRO INTERDIOCESANO DAS CEBs – REGIONAL SUL I

26º ENCONTRO INTERDIOCESANO DAS CEBs – REGIONAL SUL I

DIOCESE DE SANTOS RECEBE O 26º ENCONTRO INTERDIOCESANO DAS CEBs DA SUB-REGIÃO SP DO REGIONAL SUL I DA CNBB

O 26º Encontro Interdiocesano das CEBs da Sub-região SP, anteriormente organizado pela antiga Sub-região SP 2, foi realizado no dia 19 de outubro, domingo, na Diocese de Santos, cidade de São Vicente, na Paróquia São João Evangelista, onde todos foram bem acolhidos. Tema do Encontro: “Peregrinos de Esperança!”.
O encontro reuniu em torno de 300 participantes das CEBs, com representações da Diocese de Santos, anfitriã, e de outras dioceses da Sub-região SP: Santo André, Osasco, Guarulhos, São Miguel Paulista, Campo Limpo, Mogi das Cruzes e Arquidiocese de São Paulo. Marcaram presenças no Encontro: Dom Joaquim Mol, bispo coadjutor da diocese anfitriã do encontro; a articuladora e o assessor das CEBs do Regional Sul I, Sílvia Macedo e Pedro Paulo Santos com sua esposa Marilza Aparecida.

Acolhida e Espiritualidade Popular.
A acolhida, ao som da canção “Flor, minha flor”, abriu o coração dos participantes para a vivência fraterna. O Ofício Divino das Comunidades, conduzido pela leiga Liz Marques, da Arquidiocese de São Paulo, trouxe à tona a força da oração do povo com cânticos, como “Quando a noite a gente canta” e “Ave Maria dos Oprimidos”. Foi um momento de clamor por paz em meio às guerras, pelo fim do feminicídio, pela dignidade dos povos indígenas e pelo cuidado com a Casa Comum. A memória dos mártires foi reverenciada, reafirmando que as dores do povo fazem parte da caminhada de fé e resistência; mais tarde, foi lembrada de forma especial a canonização de São Pier Giorgio Frassati, reconhecido como o santo dos movimentos sociais e populares, pela sua coragem no enfretamento antifascista na Itália, na década de 1920. A leitura do Salmo 86 e do Magnificat (Lc 1,46-56), inspirou uma oração de esperança pela justiça e partilha.
Reflexão e compromisso social.
O Pe. Félix Manoel dos Santos, pároco da paróquia local, muito acolhedor para com todos, fez a apresentação dos assessores do encontro: Prof. Francisco Surian, coordenador do Curso de Teologia da Universidade Católica de Santos; e Profa. Guadalupe Mota, professora da referida Universidade.
A reflexão central girou em torno da Exortação Apostólica “Dilexi te” que significa “Eu te amei” (Ap 3,9), sobre o amor para com os pobres; a primeira exortação do Papa Leão XIV que complementou esse documento iniciado pelo saudoso e querido Papa Francisco.
Pontos relevantes reflexionados pelos assessores:
O texto denuncia o pecado social que perpetua a pobreza e aponta a necessidade de mudanças estruturais na economia e na sociedade. Há um empenho para eliminar as causas estruturais da pobreza, porém, está sendo insuficiente. É necessário lutar por políticas sociais que transformem a realidade. Sair da igreja (templo) para ver como o nosso povo vive. Isso é Igreja em saída que busca mudar as estruturas para que se interrompa o sistema gerador de empobrecidos. Para tanto, é necessário mudança de mentalidade para quebrar o ciclo da violência contra o pobre. O partir o pão leva os discípulos de Emaús a reconhecer Jesus. Somos o povo da partilha do pão. As estruturas injustas negam a partilha do pão, porque estão voltadas para a acumulação. Quando negamos a partilha estamos indo na contramão do que Jesus ensinou. A misericórdia não pode esperar; somos chamados a doar, a tocar a carne sofredora dos pobres, construindo uma Igreja que saiba apenas amar e acompanhar os mais frágeis.
A dinâmica de grupo sobre a técnica da atividade das mãos e retalhos/arte, trouxe um elemento fundamental de nossa identidade cristã: a comunicação. Esta precisa ser clara e objetiva para que seja entendida e passada para frente. Exercitar o olhar para além do nosso; alargar o olhar para a necessidade dos outros. Olhar para a realidade de outras pastorais, movimentos, cidade, país, mundo. A dinâmica simbolizou a união das comunidades; cada participante deixou sua marca e juntos costuraram seus sonhos.
As reflexões chamaram as comunidades ao compromisso transformador e libertador; a serem profetas da esperança, denunciando as estruturas de morte e participando dos espaços de decisão: Câmaras Municipais, Conselhos e Fóruns Populares. Foi reforçado o compromisso com o trabalho digno, a organização comunitária e a misericórdia ativa que não espera. A Igreja que o mundo precisa é aquela sem limites para o amor, que reconhece em cada pessoa um irmão ou irmã. O projeto “Fruta no Pé”, do plano diocesano de Santos, foi apresentado como exemplo concreto de combate à miséria e à fome.
A Fila do Povo – vozes que se fazem profecia.
A palavra de ordem ecoou com força: “Não podemos permitir que nos roubem a esperança!”
Um dos momentos mais intenso do Encontro foi a Fila do Povo, espaço aberto e livre para que as comunidades expusessem suas vivências, dores, esperanças e compromissos. Mais que um microfone aberto, foi um altar de partilha e profecia, onde a fé encarnada na vida se fez voz coletiva. Cada testemunho foi uma oração viva, carregada de emoção e verdade: relatos de luta pela moradia, defesa da terra, resistência das mulheres, trabalho das pastorais e comunidades que mantêm a chama da fé acesa nas periferias e no campo. A Fila do Povo revelou que a Igreja do povo tem rosto, voz e lágrimas, e que o Espírito Santo fala através dos pequenos. Ali se fez visível o Evangelho em carne e osso, na palavra dos pobres e na escuta fraterna das comunidades. Foi nesse clima que os participantes aprovaram, por aclamação, a Moção de Apoio ao Padre Júlio Lancellotti e reafirmaram o compromisso com as Escolas de Cidadania. Foram também, lembrados com carinho os companheiros Luiz Sanfoneiro e Eduardo Moreira, militantes das CEBs que “mudaram de casa”, mas permanecem vivos na memória e na caminhada do povo. E a leitura de cordel trouxe poesia à reflexão, unindo fé e cultura popular.
Encerramento e Celebração Eucarística
O assessor Francisco fez a retomada dos principais pontos. Em seguida, a fala de Dom Joaquim Mol que manifestou repúdio ao lucro abusivo de grandes empresas, como a Cargill, durante a pandemia – expressão da perversidade da desigualdade social. Um lucro, realmente, com a dor e o sofrimento das pessoas. E finalizou com palavras de incentivo e reconhecimento: elogiou a organização do encontro, a participação ativa e a profundidade das reflexões, reafirmando as CEBs como expressão legítima da Igreja em saída, comprometida com os pobres e com a transformação social.
Houve o sorteio da rifa, em clima de alegria e comunhão. Na sequência, a Celebração Eucarística de encerramento, presidida por Dom Joaquim Mol, cuja liturgia foi marcada pela espiritualidade popular, com cantos, símbolos e gestos de partilha que expressaram o evangelho da vida, da justiça e da fraternidade.
O encontro foi marcado por espiritualidade, compromisso social e esperança ativa (esperançar), reafirmando a missão das Comunidades Eclesiais de Base na caminhada sinodal, como Igreja em saída. Recordou que o sofrimento dos pobres é frequentemente invisibilizado, mas a esperança renasce com a COP 30, que traz à pauta a ecologia integral e a justiça social. A Teologia da Libertação foi reafirmada como dimensão profética da fé. A parábola do Bom Samaritano foi lembrada como apelo a não sermos indiferentes ao próximo: “Jesus, de tão humano, só podia ser divino” – e afastar-se da humanidade é afastar-se de Deus.
Segundo a participante Letícia Andrade, da Pastoral da Juventude, o encontro fortaleceu a caminhada de peregrinos e peregrinas de esperança, através das CEBs, em sinodalidade e missionariedade, reafirmando o compromisso com a vida e como Igreja em saída. E a Silvana Batista da Diocese de Mogi das Cruzes, afirmou que o encontro foi muito participativo e de trabalho em equipe.
O 26º Interdiocesano das CEBs reafirmou que:
– a fé se faz compromisso,
– a esperança é revolucionária,
– a Igreja do povo segue viva, animada pelo Espírito que sopra onde há partilha, solidariedade e luta por dignidade.

Regional das CEBs – Sul I
Bispo referencial: Dom José Benedito Cardoso
Articuladores: Sílvia Macedo e Alex Rossi
Assessor: Pedro Paulo Santos

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