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CEBs: um barco de pesca, não um barco de turismo

CEBs: um barco de pesca, não um barco de turismo

Pe. José Carlos Carlos Ferreira da Silva
Diocese de Cachoeiro de Itapemirim – ES

As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) nasceram do coração do povo e da escuta atenta da Palavra de Deus, sobretudo da Palavra que ressoava nas periferias, nas roças, nas quebradas e nos bairros esquecidos.

Inspiradas no Evangelho e sustentadas pela fraternidade, elas não foram feitas para o conforto, mas para a missão. Por isso, podemos dizer com convicção: as CEBs são um barco de pesca, e não um barco de turismo.

Um barco de pesca é simples, funcional, sempre em movimento. Carrega redes, instrumentos de trabalho e pescadores que conhecem a dureza do mar, mas também a alegria da pesca abundante. Assim são as CEBs: comunidades que se reúnem para partilhar a Palavra, a Eucaristia, fortalecer a fé, discernir a vida e sair ao encontro dos irmãos e irmãs com gestos concretos de solidariedade, justiça e anúncio do Reino.

Já um barco de turismo é bonito, confortável, cheio de poltronas, música ambiente e paisagens para admirar. Tudo é feito para agradar os passageiros. Mas ele não pesca. Ele passeia. Está ali para entreter, não para transformar. Se uma CEB se transforma num barco de turismo, perde sua razão de ser: deixa de evangelizar e passa a girar em torno de si mesma.

As CEBs foram pensadas como um jeito de ser Igreja, como expressão da Igreja em saída: uma Igreja que rema contra a corrente, que se envolve com a vida do povo, que escuta as dores da terra e dos pobres. Não podemos correr o risco de cair na tentação do comodismo, de nos contentar com reuniões fechadas, eventos para nós mesmos, e um certo “turismo espiritual” que nos afasta da realidade.

Jesus chamou pescadores e disse: “Vinde comigo e eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4,19). Essa é a vocação da Igreja, e, em especial, das CEBs: lançar as redes onde as águas são mais profundas, onde a vida está mais ameaçada, onde o povo clama por justiça e esperança.

Que nossas comunidades não se deixem atrair pelo conforto da paisagem, mas mantenham-se firmes na travessia. Que sejam, sempre, barcos de missão, de escuta, de partilha, de profecia e de ação. Porque o mar da vida ainda está cheio de gente esperando ser acolhida, curada e redimida.

Artigo/Arquivo

CEBs – um barco de pesca, não um barco de turismo

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