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Ao Pai ao Filho e ao Espirito Santo . A SANTÍSSIMA TRINDADE. Dom Juventino Kestering

“Bendito seja Deus Pai, bendito seja o Filho Unigênito e bendito seja o Espírito Santo”.

Ó Trindade, vos louvamos, vos louvamos pela vossa comunhão que esta mesa favoreça, favoreça nossa comunicação”.

Assim invocamos a Santíssima Trindade cujo dia celebramos neste domingo. A Palavra de Deus (Jo 16,12-15) exorta: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e vos anunciará as coisas que virão. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vos anunciará. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é meu, e vos anunciará”. O Paráclito, o Espirito da Verdade é a terceira pessoa da Santíssima Trindade: Pai-Criador; Filho-Salvador e Espirito Santo-iluminador.

Em (Mt 28 16-20) Jesus ensina: “Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto: Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos ordenei. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”. Em nome da Santíssima Trindade iniciamos a vida cristã de seguimento de Jesus através do Batismo. Ao derramar água sobre a cabeça fomos batizados “em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo”. Em nome da Santíssima Trindade somos enviados em missão “até os confins da terra, a todas as nações’. Os confins da terra é a missão na família na comunidade, nas diversas profissões. Mas também “os confins” é ir em missão, “ir às periferias sociais e existenciais”, ir ao encontro do outro/a e anunciar o Evangelho da vida, da esperança e da salvação. Para muitos homens e mulheres “ir aos confins da terra” é deixar sua terra natal, sua pátria, sua família e partir em missão.

Certa vez, Santo Agostinho, compenetrado, passeava pela praia. Pediu a Deus luz, iluminação, inteligência para compreender o mistério da Santíssima Trindade. Até que se deparou com uma criança brincando na areia. Fazia ela um trajeto curto, mas repetitivo. Corria com um copo na mão até um pequeno buraco feito na areia, e ali despejava a água do mar. Sucessivamente voltava, enchia o copo e o despejava novamente. Com curiosidade Agostinho perguntou à criança: “O que você esta fazendo”? A criança, sorrindo lhe disse que queria colocar toda a água do mar dentro daquele buraquinho. Agostinho lhe explicou ser impossível realizar essa tarefa, pois jamais o mar cabe dentro de um buraco cavado na areia. Aí a criança lhe disse: “É muito mais fácil o oceano todo ser transferido para este buraco, do que compreender o mistério da Santíssima Trindade”. Santo Agostinho concluiu que a mente humana é limitada para assimilar a dimensão de Deus e, por mais que se esforce, jamais poderá entender esta grandeza por suas próprias forças ou por seu raciocínio.

A Santíssima Trindade está no núcleo de nossa fé. A revelação através da Bíblia no Antigo Testamento, vivida pelo Povo de Israel transmite a fé em Deus único, mas ao mesmo tempo, Trinitário. Deus Pai, criador, Deus Filho, Salvador, Deus Espírito Santo, Revelador. A esse conjunto de verdade chama-se “Mistério da Santíssima Trindade”. Mistério que não é compreendido à luz da razão, da mente humana e ciência, mas acolhido pela fé como revelação de Deus.

O Catecismo da Igreja Católica (262-264) assim se expressa: “O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus nô-lo pode dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo. A Encarnação do Filho de Deus revela que Deus é o Pai eterno, e que o Filho é consubstancial ao Pai, isto é, que Ele é no Pai e com o Pai o mesmo Deus único. Pela graça do batismo “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” somos chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade”.

No credo católico rezamos: “Creio em Deus Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo seu único Filho, nosso Senhor… creio no Espírito Santo…”. Iniciamos e terminamos as nossas orações: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Os sacramentos são celebrados “em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo”.

A Igreja ensina que a evangelização não pode ser parcial ou transmissão de “meia verdade”. E um dos desafios dessa realidade está nos cristãos que encontram dificuldade de refletir, rezar e transmitir a verdade sobre a Santíssima Trindade. Essa é uma das causas porque às vezes o cristão católico coloca em primeiro lugar uma devoção, uma tradição, ou um aspecto da fé antes do mistério da Santíssima Trindade. Em certos programas de TV, de rádios, em novenas, movimentos, pastorais, encontros, orações, santuários, procissões, pregações, certas devoções são apresentadas com muito mais ênfase do que o núcleo central da fé católica que é a crer na Santíssima Trindade.

Papa Francisco ensina: “A Liturgia de hoje, no entanto, leva nossa atenção não tanto sobre o mistério, mas sobre a realidade de amor que é contida neste primeiro e supremo mistério da nossa fé. O Pai, o Filho e o Espírito Santo como um, porque é amor e o amor é a força vivificante absoluta, a unidade criada do amor é reconhecimento; e o Espírito Santo é como o fruto deste amor recíproco entre o Pai e o Filho”.

A iniciação à vida cristã sobre a Santíssima Trindade parte da experiência do núcleo central da fé católica, por isso, adultos, jovens e crianças precisam ser iniciados no essencial da fé católica para encontrar as razões de vida, de fé, de seguimento de Jesus e de pertença a uma comunidade eclesial. “O mistério da Santíssima Trindade, revelado por Jesus, é o centro da fé e da vida cristã. O Deus revelado em Jesus Cristo é um Deus-Comunhão. Esse Deus-Comunhão de Pai, Filho e Espírito Santo é a inspiração da comunhão que somos chamados a viver. É isso que significa ser “criado à imagem e semelhança de Deus”. Essa comunhão deve estar refletida nas relações pessoais, na convivência social e em todas as dimensões da vida, inclusive econômica, social e política, fazendo-nos irmãos, filhos do mesmo Pai. Jesus ensina que a vida trinitária é a fonte e meta da nossa vida cristã” (DNC 100).

Rezemos com a Igreja: Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que, professando a verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade onipotente. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese abençoe e proteja a família e as comunidades. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança as desanimados. Vamos irradiar alegria e fé e fazer somente coisas boas.

 

Dom Juventino Kestering

Bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga.

  Anfitrião do 15º Intereclesial das CEBs do Brasil

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