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ESPERANÇAR: Sonhos, Amor e Utopias para 2019.

Não pode haver esperança sem ação. É preciso descer para ir de encontro à realdade que nos espera para o ano vindouro.

Em um ano que termina com muita luta e resistência, 2019 se aproxima. Para o povo de Deus, é tempo de esperançar, de unir o povo em um grande levante libertário e partir para as trincheiras amorosas da utopia. Não é tempo de lamentar, de desanimar, de se esconder na caverna, mas de nos enchermos da alegria e esperança no Espírito, que nos dá o combustível que gera força para os enfrentamentos que estão por vir. Sabemos que 2018 foi um ano muito difícil. Estamos vendo nossos trabalhadores e trabalhadoras tendo seus direitos retirados de forma brutal.

Em 1 ano, houve um aumento de quase 2 milhões de brasileiros em situação de pobreza (IBGE), também o aumento da violência contra mulheres, negros, LGBTs, indígenas, camponeses e quilombolas. Casos recentes como o incêndio criminoso na escola indígena Pankararu no sertão do Pernambuco e o assassinato de Rodrigo e Orlando, líderes do MST no acampamento Dom José Maria Pires no Estado da Paraíba.Também a ameaça dos direitos dos professores e professoras com a escola sem partido e dos ribeirinhos e outras comunidades pobres gravemente afetadas pela saída do projeto “Mais Médicos”.

Bem, o ano se passa e é preciso renovar a esperança e acreditar na utopia. Nada dura para sempre, tudo tem um fim, e como diz o texto bíblico, o bem sempre vence o mal. Renovar os votos para 2019 não implica em uma busca de prosperidade financeira pautada do individualismo, mas no ajuntamento comunitário que acredita no amor utópico, que acredita no outro, que acredita na vida. “Ninguém solta a mão de ninguém”. Nenhum de nós deve pensar somente em si mesmo, numa radicalização de um projeto pessoal de poder ou até mesmo pessoal-familiar, mas praticar o ensino comunitário de Jesus de Nazaré e unir-se de forma concreta na luta libertária por um mundo melhor e mais justo. Devemos seguir o caminho de Jesus, que lutou com os seus discípulos e discípulas até a cruz, suportando em amor até os seus maiores inimigos. 2019 é o ano da comunidade, da busca da fraternidade, da libertação de si, é ano de politizar a fé, em entranhas de generosidade e compaixão. Isso quer dizer, esperançar.

2019 deve ser o ano da caminhada com os pobres pois será um ano de opressão. Quantos dos nossos irmãos ribeirinhos, indígenas e quilombolas, como também muitos outros sofrerão de doenças por falta de médicos; quantos dos nosso irmãos e irmãs moradores de rua serão ainda mais chutados e pisoteados pelos coturnos de militares a serviço do fascismo; quantos camponeses terão suas terras roubadas pelos coronéis do agronegócio; quantos pobres terão suas casas demolidas por tratores, despejados injustamente pela falsa justiça para atender aos desejos espúrios dos especuladores imobiliários; quantas crianças pobres vão estar nos sinais d trânsito ou nas calçadas dos grandes centros urbanos mendigando um pedaço de pão.

Não pode haver esperança sem ação. É preciso descer para ir de encontro à realdade que nos espera para o ano vindouro. Ir ao encontro do pobre, ouvir suas histórias, suas dores e alegrias, aprender, sonhar juntos e compartilhar. Os sonhos que alimentam a esperança por um mundo melhor não se realizam em palavras. A libertação acontece de maneira concreta a partir da prática, na caminhada com os pobres. Essa ação é concreta, politizada e profética, deve estar liberta do assistencialismo histórico, que por séculos mantém os pobres sob opressão dos poderes dominantes. Isso não nos impede de dar pão, contudo sempre, de forma incansável devemos perguntar porque há tanta riqueza e ao mesmo tempo milhões de miseráveis no mundo. É uma ação profética que não se cala diante da desigualdade e injustiça que oprime os pobres.

É preciso ter profunda convicção para decidir de que lado estamos. Do opressor ou dos oprimidos. 56% dos católicos e 69% dos evangélicos apoiaram o governo opressor que assumirá o poder no dia 1º de Janeiro. Acredito que muitos foram enganados por meio da manipulação de seus líderes, outros por plena convicção político-religiosa se alinharam ao discurso fascista de Bolsonaro. Diante deste contexto, é preciso um posicionamento firme a favor das minorias, dos que estão sofrendo as dores da opressão, também é preciso uma profunda sensibilidade para perceber as maldades que estão por vir, por parte do próximo governo. Estejamos também atentos aos posicionamentos de neutralidade, que configuram o grupo dos covardes, do silêncio dos bons, que, como Herodes, preferem lavar as mãos.

Segue a fé, a esperança e o amor. No seguimento de Jesus de Nazaré, aprendemos que a luta libertária deve ser marcada pela utopia, e que o povo de Deus deve caminhar de mãos dadas, nas galileias da vida com os pobres, no esperançar, na caminhada com os discípulos e discípulas do amado.

Marcos Aurélio dos Santos.

Imagem arquivos web

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