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Leigo não é cristão de segunda categoria, nem suplente do ministro ordenado

O lugar do leigo é insubstituível, na dimensão missionária, na caridade, para fazer realidade uma Igreja nas casas, em saída, para ser presença nas periferias, nas comunidades e no meio das pessoas mais afastadas.

“Os leigos não são cristãos de segunda categoria”. As palavras do professor Irineu Castro, no Seminário organizado pelo Conselho Arquidiocesano de Manaus com motivo do Ano do Laicato, devem ajudar a Igreja a refletir sobre a importância fundamental daqueles que constituem a prática totalidade dos membros do Povo de Deus, pois o leigo “não é suplente do ministro ordenado”, segundo o professor, que ao longo de sua vida tem prestado diferentes serviços no âmbito da catequese e da organização do laicato na arquidiocese manaura.

A reflexão teve como ponto de partida a Exortação Apostólica Christifidelis Laici, surgida do Sínodo sobre o laicato, que está completando 30 anos em 2018. Desde o conteudo da Exortação surgia o questionamento sobre o por que de muitos leigos ficar disputando o lugar do clero atrás do altar, se tem um campo bem maior na Igreja e na sociedade, insistindo em que o leigo deve prestar o serviço à Igreja a partir da própria competência, que em muitos aspectos é superior à do próprio clero.

No Vaticano II, aspecto referendado posteriormente no Cógido de Direito Canônico, o leigo é definido como aquele que não faz parte do clero ou da vida religiosa. De fato, até o último Concilio existia uma visão negativa do leigo, que o Vaticano II tentou mudar, mas que ainda perdura em algumas mentalidades. De fato esse clericalismo tem sido uma das grandes denúncias do Papa Francisco ao longo de seu pontificado.

Dentro do laicato também existem algumas tentações, sendo a principal o exclusivo interesse pelos serviços e tarefas eclesiais, abdicando de responsabilidades no mundo profissional, social, econômico, cultural e político. “Tem leigo que não quer sair da Igreja, da sacristia”, dizia Irineu Castro aos presentes no seminário, pretendendo fazer um chamado de atenção para que o leigo descubra qual é realmente seu lugar e seu papel na construção do Reino de Deus.

O lugar do leigo é insubstituível, na dimensão missionária, na caridade, para fazer realidade uma Igreja nas casas, em saída, para ser presença nas periferias, nas comunidades e no meio das pessoas mais afastadas. Desde essas idéias, os participantes do seminário destacavam alguns aspectos, que a Igreja é para todos, que não existe ação sem transformação, a necessidade de descobrir que viver o Evangelho é servir à pessoas e à sociedade, superando os medos que nos impede unir fé e vida, que é preciso promover a dignidade das pessoas, ser semente de vida.

No Seminário do Laicato na Arquidiocese de Manaus se fez presente Zé Vicente, artista da caminhada, que desde sua condição de leigo animou o povo a refletir sobre a vocação laical e ser fermento na massa. Suas músicas, carregadas de vida em suas letras e ritmos, são instrumento que ajuda o cristão a viver a memória, o compromisso e a esperança. Um dos cantores mais conhecidos da música religiosa brasileira, recordava uma frase de Charles Chaplin, “a beleza e a verdade transformarão o mundo”.

Zé Vicente, nas suas palavras, letras e músicas sempre destaca a importância da arte, de ser artista, pois “quando as palavras entram em crise, a arte tem que dar uma resposta”. Seu testemunho de vida é um exemplo e uma gandre contribuição para que o laicato possa descobrir sua importância dentro da Igreja e se encorajar para assumir os desafios que a missão da Igreja apresenta hoje.

Por Luis Miguel Modino

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