MENSAGEM DAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASES DO BRASIL AOS IRMÃOS INDÍGENAS YANOMAMI EM RORAIMA
“Eu vi, eu vi a aflição de meu povo, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos.” (Ex3,7)
Como Povo de Deus, irmãs e irmãos das CEBs, reunidos em Ampliada Nacional em Rondonópolis-MT, em preparação ao 15º Intereclesial, manifestamos nossa indignação à política genocida empreendida pelo governo brasileiro nestes últimos seis anos.
Reconhecemos nos povos indígenas nossos povos originários, autênticos donos das terras desta pátria chamada Brasil. Por isso, defendemos o respeito à Constituição Federal e gritamos contra o assalto à essas terras. Não ao Marco Temporal.
É com os olhos e ouvidos de Deus que nos solidarizamos com a nação Yanomâmi, que está sendo atacada, e até à morte, pela ganância do projeto genocida do garimpo ilegal, que assola todo o território amazônico. Esse projeto perverso vem sendo implementado há anos e recrudesceu enormemente nos últimos seis anos.
A situação massacrante pela qual passa o povo Yanomami foi exposta recentemente na mídia nacional, revelando o rosto da fome, da enfermidade, da violência, da poluição dos rios e invasão de seus territórios. Os corpos famintos dos Yanomami que povoaram nossas redes sociais sensibilizaram os corações de homens e mulheres comprometidos com a defesa da vida.
Reconhecemos na iniciativa do atual governo brasileiro de ir comprovar pessoalmente a grave situação e as medidas que foram imediatamente tomadas. Continuamos cobrando a responsabilidade dos poderes públicos em todos os âmbitos: local, estadual e federal, no sentido da proteção e promoção da vida dos povos originários, com urgência em Roraima, aos Yanomâmi.
Na perspectiva de nosso compromisso irrenunciável de defesa da vida, sobretudo dos mais vulneráveis, repetimos com nosso companheiro de caminhada, Dom Pedro Casaldáliga: “nossas causas valem mais do que nossas vidas.”
Rondonópolis, 29 de janeiro de 2023
Ampliada Nacional das CEBs do Brasil
