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Uma “igreja em saída” precisa de uma comunicação popular

Uma comunicação de CEBs só tem sentido se for popular. E para que isso ocorra, basta contar o que se passa no dia a dia das comunidades. Deve ser uma comunicação que venha de baixo, das bases. Essa foi uma das maiores lições tiradas do curso de formação “Comunicação Popular e Igreja em Saída”, que ocorreu no sábado e domingo (dias 16 e 17) em Rondonópolis (MT). Confira galeria de imagens ao final da matéria.

A atividade foi promovida pela coordenação das Comunidades Eclesiais de Base da diocese Rondonópolis-Guiratinga (Regional Oeste 2) e ocorreu no Centro Catequético padre Gunther Lendbradl, na paróquia Santa Cruz. Na oração inicial do sábado as pessoas presentes lembraram do aniversário de 91 anos do bispo emérito da prelazia de Sao Félix do Araguaia (MT), dom Pedro Casaldáliga, e cantaram parabéns.

Um dos momentos mais ricos da formação foi o trabalho em grupo ocorrido no domingo pela manhã para levantar assuntos que poderiam virar notícias. Chegamos a uma quantidade imensa de temas, que variaram de ações pastorais até questões de abrangência nacional. Também houve críticas e propostas. Foi uma escola de democracia, com os participantes soltando a voz, e mirando Whatsapp, Facebook, sites, blogs, jornais, revistas, emissoras de rádio e tv.

Os grupos apontaram que a “comunicação de uma igreja em saída” deve ter  informações básicas sobre as pastorais, grupos, serviços, organismos e movimentos da igreja. Precisa divulgar encontros de formação, retiros, missões populares, grupos de Fé e Vida, estudos bíblico. Fazer convites para festas de santas e santos, estar presente em datas comemorativas, como o Dia Internacional da Mulher (8 de março).

A comunicação de uma igreja em saída também deve divulgar os trabalhos assistenciais da igreja, como café solidário, sopão, entrega de cestas básicas e bazar. Destacar a parceria com as associações comunitárias de bairros em mutirões, para conserto de praça e construção de casas, por exemplo. Ressaltar as ações da igreja junto aos povos indígenas, sindicatos, imigrantes e movimentos sociais.

E ainda: conseguir tradutores nas missas principalmente para os deficientes auditivos, cobrar da prefeitura melhores condições de acessibilidade e apoiar a reforma agrária.

“Eu achei muito bom. Ajuda a gente a aprender melhor como se comunicar e perceber que tem mais pessoas na luta por uma boa mídia. Inclusive vamos mostrar pro pessoal do acampamento alguns áudios produzidos aqui no curso”. As palavras são da militante do MST, Emília de Souza.  Os áudios mencionados por ela foram elaborados numa oficina realizada durante o curso, assim como vários textos e vídeos.

A formação reuniu cerca de 50 pessoas, que atuam em comunidades eclesiais de base, pastorais sociais, serviços e organismos da igreja, além de artistas da caminhada e integrantes de movimentos sociais. Teve gente de Rondonópolis: paróquias Nossa Senhora Aparecida, Bom Pastor, Santa Cruz, São José Operário, São Domingos Sávio, São João Bosco e Sagrado Coração de Jesus. Teve gente dos município de Pedra Preta (paróquia São Pedro Apóstolo), Juscimeira (Bom Jesus), Alto Araguaia (Nossa Senhora Auxiliadora) e Jaciara (acampamento Padre José Ten Cate/MST).

O curso foi dado por Ana Paula Ramos e Gibran Lachowski, que são jornalistas e assessores de comunicação do Regional Oeste 2.

Cristiana de Jesus Xavier é professora na Escola Estadual Santo Antônio, em Rondonópolis, e participou da formação. Ela já trabalha com rádio no colégio, que tem orientação salesiana, e foi em busca de mais conhecimento. “Atividades assim ajudam a aprender mais e a ter mais ideias para trabalhar com as crianças”. Um dos aspectos vistos no curso de formação foi a diferença entre comunicação comercial (que visa principalmente o lucro) e comunicação popular (que valoriza o interesse público e as lutas do povo).

Foto: Pedro Aguiar

Ao final do curso foi criada uma equipe de comunicação popular de CEBs da diocese Rondonópolis-Guiratinga. Entre as funções da comissão estão: produzir e estimular a elaboração de notícias que venham das comunidades; espalhar os materiais via grupos de Whatsapp, páginas de Facebook, sites da diocese e CEBs do Brasil. A equipe também está animada para colocar no ar uma rádio web.

“Foi uma formação muito boa, com bastante participação e diversidade de público. Acho que estamos no caminho certo. Agora é nos organizar e colocar as ideias em prática, fazendo funcionar a comunicação popular no dia a dia das comunidades”, avaliou Ademir Pauliquevis Júnior, coordenador de CEBs da diocese Rondonópolis-Guiratinga.

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