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Reflexões da Palavra | 29º Domingo do Tempo Comum | Ano A

Leituras: Is 45,1.4-6 – Sl 95 – 1Ts 1,1-5b – Mt 22,15-21

Por Quininha Fernandes Pinto, do Regional Leste 1.

As leituras deste domingo nos mostram o envolvimento político com a História da Salvação, fazendo-nos entender que os desígnios de Deus ultrapassam este nosso momento histórico, mas o incluem na sua trajetória e realização. O Senhor diz sobre Ciro – rei da Pérsia, que não conhecia a Deus – “Armei-te guerreiro, sem me reconheceres, para que todos saibam, do oriente ao ocidente, que fora de mim, outro não existe. Eu sou o Senhor, não há outro”. O Evangelho dá continuidade à série de ataques por parte dos inimigos que levarão Jesus à morte. Aqui eles procuram obrigá-lo a entrar num terreno meramente político. Humanamente, a morte de Jesus se tornará uma questão política. Perguntam a Jesus, mostrando-lhe uma moeda com as figuras e a inscrição de César – se é lícito ou não pagar impostos ao imperador. Jesus conhecendo a maldade de seus interlocutores que queriam armar-lhe uma cilada, responde-lhes de forma inesperada: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Com esta resposta Jesus não quer negar a função de César, mas quer atingir seus adversários que não compreendem sua missão e esquecem a questão decisiva. Está claro que o que importa para Jesus é o Reino de Deus. É o único absoluto a ser buscado. A Palavra de Jesus revela a existência de um Reino de Deus na história, no qual é possível a todos não só aos judeus, entrada imediata, sem esperar que se inaugure um hipotético reino político de Deus em toda a terra. Jesus nos leva a pensar sobre os problemas cruciais dos nosso mundo. Os indivíduos modernos – sobretudo os cristãos – sabem que lhes cabe uma tarefa histórica a ser desempenhada que é proporcionar a toda a humanidade a possibilidade de viver com dignidade e usufruir dos bens do universo que são de todos. Em outras palavras, promover uma vivência comunitária no seio de uma “cidade” cada vez mais fraterna, mas que está cada vez mais excludente. Os apelos do mundo atual encontram eco cada vez mais profundo em vastas camadas do povo cristão. O nosso amado Papa Francisco nos faz este apelo em sua recente encíclica – Fratelli Tutti – Todos Irmãos, nos lembrando a fraternidade universal que une a todos, e nos responsabiliza de forma inclusiva por tudo o que acontece na nossa “casa”. Não somos estrangeiros! Daí a pertinente e relevante relação entre fé e política, religião e política, e felizmente, não são raros os cristãos que estão assumindo seu papel em diferentes papéis de promoção humana, também na política. A esperança cristã não se realiza, certamente, em plenitude, senão no mundo futuro. Contudo, ela manifesta desde já, no aqui/hoje da História, a sua eficácia. É uma força imensa no mundo, é um fermento que o faz levedar, é um sal que dá sabor e sentido ao nosso esforço de um mundo mais justo e fraterno, mais igualitário, com oportunidades iguais para todos. A libertação que esperamos em plenitude começa nas realidades temporais, pelo nosso empenho em transformá-las. Que paguemos tributos a César – justos e necessários – mas sem esquecer que tudo pertence a Deus, e os “césares” – nossos políticos – são administradores da “vinha” do Senhor, vinha esta que o Senhor nos concedeu para que nela habitemos, para que dela cuidemos, sempre numa fraterna convivência, como irmãos e irmãs. Que seja assim.

Beijos no coração.

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