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Regional Oeste 2/MT define ações para 2019 e destaca grupos de reflexão bíblica

Fortalecer os grupos de reflexão bíblica e levantar quantas CEBs somos e onde estamos. Inserir representantes de povos indígenas na Ampliada Regional e coordenações diocesanas e garantir sustentabilidade financeira por meio de projetos. Criar equipe de cantos e animação, continuar com cursos de comunicação popular e com a formação de assessoras e assessores.

Essas são algumas das ações projetadas para 2019 para as Comunidades Eclesiais de Base do Regional Oeste 2, Mato Grosso. As atividades foram definidas durante a Ampliada Regional, que ocorreu entre os dias 19 e 21 no Seminário Diocesano de Juína, localizado em Várzea Grande. (Galeria de fotos ao final)

A reunião também teve partilha das atividades desenvolvidas em 2018 nas comunidades, que estão situadas nas dioceses de Cuiabá, Cáceres, Rondonópolis-Guiratinga, Primavera do Leste-Paranatinga, Barra do Garças, Sinop e Juína.

Houve ainda análise de conjuntura coletiva, levando em conta a eleição presidencial, que coloca frente a frente democracia e autoritarismo. E, por fim, coordenações e assessoria avançaram na proposta de tema e lema para o 15º Intereclesial, que vai ocorrer em julho de 2022 em Rondonópolis.

Com base nas temáticas apontadas na Ampliada Nacional, realizada em julho deste ano na cidade, chegaram à seguinte ideia: “CEBs: Terra e Água, Trabalho e Teto para todas e todos” (“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” – Jo 10, 10).

“Acredito que o nosso planejamento leva em conta os desafios gritantes de Mato Grosso. Para que as coisas aconteçam é preciso de redes de lideranças e parcerias. Só assim podemos contribuir para que as pessoas mais necessitadas sejam auxiliadas, e isto tem a ver com o nosso jeito de ser igreja”. Foi o que disse Rinaldo Cardoso, um dos articuladores regionais de CEBs, que mora e atua em Rondonópolis.

Suas palavras se referem à opção preferencial da igreja pelos pobres, impulsionada pelo Concílio Vaticano II, expressa por várias conferências episcopais latino-americanas, pela Teologia da Libertação e, nos dias de hoje, pelo papa Francisco.

 

Grupos e mapeamento

Na partilha das dioceses ficou evidente a importância dos grupos de reflexão bíblica. São iniciativas que aproximam as pessoas que moram nos mesmos bairros, permitem momentos de estudo, conversa e crescimento coletivo. Asseguram um contato íntimo, muitas vezes nas casas dos integrantes. E abrem espaço para uma leitura bíblica conectada à realidade concreta, com análise de conjuntura, eclesiologia das CEBs e participação social.

O assunto é central na diocese de Barra do Garças, por exemplo, onde existem mais de 300 grupos, grande parte de linha mariana. O número é parcial. A equipe de articulação de CEBs de lá pensa em mapear a quantia total, desenvolver estratégias para trabalhar a leitura popular da bíblia nos grupos e assegurar encontros celebrativos entre eles.

Rinaldo Cardoso destaca trabalho em rede para enfrentar desafios.

Uma pista de como conseguir isso foi dada pelo antropólogo Aloir Pacini, padre referencial das CEBs na arquidiocese de Cuiabá. “É importante valorizar o termo círculo bíblico, porque a circularidade evoca o diálogo, a partilha, a participação”.

Tão importante quanto levantar o número de iniciativas de leitura bíblica é mapear em todo o Regional a quantia de CEBS, onde estão, quem são suas lideranças. Isso será feito no primeiro semestre de 2019. Com isso, será possível nos orientar melhor diante da realidade do estado, que possui oito dioceses, 2,2 milhões de católicos (entre 3,4 milhões de pessoas), 180 paróquias e quatro mil comunidades.

Assim também teremos condições de ampliar nossa presença na igreja e na sociedade. E nos aproximando da realidade local, é possível qualificar o processo de formação, partindo das demandas da base.

O investimento na capacitação incluiu a manutenção dos Encontros Interdiocesanos, por serem fortes momentos de aprendizado e socialização de experiências pastorais. E acrescentou o esforço para criar uma equipe de animação e cantos, com o objetivo de intensificar a mística espiritual das CEBs em seus eventos e reuniões.

 

Indígenas e minorias

Uma das observações destacadas na Ampliada foi a do bororo Lourenço Filho Pirojibo. Ele atua na diocese de Barra do Garças, onde também há significativa presença de xavantes. Lourenço reclamou que a igreja não ouve os indígenas. “A gente não quer ser só chamado em cima da hora para os encontros. A gente quer ser ouvido e participar das decisões”.

O bororo Lourenço disse que indígenas querem participar das decisões.

Essa fala estimulou a proposta de incluir representantes indígenas na Ampliada Regional e nas coordenações diocesanas, para além da parceria com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Em Mato Grosso existem mais de 40 etnias, distribuídas em aproximadamente 42 mil indígenas, de acordo com o IBGE.      

A forte presença do bororo também incentivou propostas para a aproximação das CEBs junto a minorias sociais, como imigrantes e moradores de rua, a partir da aproximação junto a pastorais e organismos específicos da igreja.

 

Comunicação

A comunicação foi outra proposta abraçada pela Ampliada, por divulgar a ação pastoral das CEBs, conectar as experiências das comunidades, alimentar a autoestima, prestar contas e garantir a transparência das atividades. Houve repasse dos trabalhos feitos durante o ano, com capacitações dentro e fora do estado. Os encontros focaram na diferença entre comunicação popular e comercial (hegemônica), leitura crítica da mídia, palavras do papa sobre o assunto e produção da nossa própria mídia.

Já houve agendamento de formações nas dioceses de Rondonópolis-Guiratinga, Barra e Cáceres para o primeiro semestre do ano que vem. Daqui em diante a intenção é estreitar laços com as Pascom e o setor de comunicação do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), além de acompanhar a discussão nacional da igreja sobre a produção de sua própria mídia.

 

Por Gibran Lachowski e Ana Paula CArnahiba, da assessoria de comunicação do Regional Oeste 2 das CEBs

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