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CEBs/arquidiocese de Cuiabá fazem Ampliada on-line e divulgam carta em defesa da vida

Por Rosenil Conceição e Gibran Lachowski, das CEBs do Oeste 2.

As CEBs da arquidiocese de Cuiabá (MT)/Regional Oeste II fizeram sua primeira reunião ampliada on-line neste sábado pela manhã (13). A atividade teve a participação de 23 pessoas, entre coordenação, assessoria e lideranças de comunidades.

Como sempre nas CEBs, houve música, oração, sorrisos, animação e muita mística, apesar da distância física.

A reunião teve análise de conjuntura sobre os desafios das CEBs diante da Covid-19 e das fake news. Em seguida houve uma fila do povo para que cada pessoa se manifestasse sobre o assunto.

Ao final foram feitos alguns encaminhamentos. Um deles é uma carta das CEBs da arquidiocese de Cuiabá em defesa da vida, que pode ser lida logo abaixo.

Além disso, várias pessoas destacaram o que as Comunidades Eclesiais de Base têm feito, como a entrega de cestas básicas, auxílio à saúde popular e mobilizações digitais em defesa dos direitos humanos.

 

Segue abaixo a íntegra da Carta que pode ser baixada aqui.

 

Carta da Reunião Ampliada das CEBs Arquidiocesana de Cuiabá

Cuiabá, MT – 13 de junho de 2020

“Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10, 10).

Nós, representantes das CEBs da Arquidiocese de Cuiabá – MT, reunidos no dia 13 de junho de 2020, numa ampliada virtual pelo Meet, refletimos sobre “as Cebs e seus desafios em tempos de pandemia”. Reafirmamos nosso compromisso de fé, no cuidado com a Casa Comum e a defesa incontestável da vida. Confirmamos também nossa disposição de abertura e fidelidade a Jesus de Nazaré que nos desafia para a missão a serviço da vida, em especial, junto aos empobrecidos.

A Igreja, fiel ao anúncio de Jesus, proclama profeticamente a Boa Nova aos homens e mulheres de todos os tempos e culturas (Lc 2, 10-11). Ao apresentar o núcleo central da sua missão redentora, Jesus diz: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10, 10). Ele fala da vida “nova” e “eterna” que consiste na comunhão com o Pai e o Espírito Santo, plenificando na gratuidade e na graça todas as pessoas e toda a criação.

É nesta “vida” que a vida humana e todos os seres criados adquirem pleno significado. Precisamente por causa do mistério do Verbo de Deus feito carne (cf. Jo 1, 14), cada pessoa está confiada à solicitude materna da Igreja. Por isso, qualquer ameaça à dignidade e à vida repercutirá no próprio coração da Igreja interpelando-a na sua missão específica de anunciar o Evangelho da vida pelo mundo inteiro a toda a criatura (cf. Mc 16, 15).

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reitera sua imutável e comprometida posição em defesa da vida humana com toda a sua integralidade, inviolabilidade e dignidade, desde a sua fecundação até a morte natural comprometida com a verdade moral intocável de que o direito à vida é incondicional, deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana.

Também a Igreja no Brasil (CNBB) juntamente com a OAB, unidas a inumeráveis organizações e movimentos sociais integrantes da sociedade civil, demonstram estarem atentos aos acontecimentos do país num manifesto em defesa da democracia no qual conclamam o povo brasileiro a acompanhar ativamente a tramitação no Congresso Nacional, das proposições que tratam da reforma política e a manter-se vigilante e atento aos acontecimentos políticos atuais para que não ocorra nenhum retrocesso em nossa Democracia, tão arduamente conquistada.

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou que, na sua tarefa própria de evangelização, a entidade inclui o compromisso com a cidadania e de qualificá-la à luz dos verdadeiros valores humanos e cristãos. Nesse sentido, ele apontou a importância da democracia: “A democracia não pode favorecer a formação de grupos restritos de dirigentes que usurpam o poder do Estado a favor de seus interesses particulares ou objetivos ideológicos.

Uma autêntica democracia só é possível no Estado em que hajam as condições necessárias para a promoção, quer dos indivíduos através da educação e da formação nos verdadeiros ideais, quer da subjetividade de sociedade mediante à criação de estruturas de participação e corresponsabilidade. A nação brasileira espera de nós uma ação conjunta e forte em defesa da democracia”.

O Papa Francisco enfatizou no dia 25 de março, durante a Audiência Geral realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, que “a defesa da vida, para a Igreja, não é uma ideologia, é uma realidade. Uma realidade humana que compromete todos os cristãos”. Ainda que “a vida que somos chamados a promover e defender não é um conceito abstrato, mas se manifesta sempre numa pessoa em carne e osso: uma criança desrespeitada na sua dignidade humana, repercute no coração da Igreja, nas suas ‘vísceras’ maternas”. Denunciou que “os atentados à dignidade e à vida das pessoas continuam, infelizmente, nesta nossa era, dos direitos humanos universais.

Estamos diante de novas ameaças e nova escravidão, e a legislação nem sempre oferece a proteção da vida humana para os mais fracos e vulneráveis. Trata-se de agir no plano cultural e educativo para transmitir às gerações futuras a atitude de solidariedade, do cuidado e do acolhimento, sabendo que a cultura da vida não é patrimônio exclusivo dos cristãos, mas pertence a todos aqueles que, lutando pela construção de relacionamentos fraternos, reconhecem o valor próprio de cada pessoa, mesmo quando são frágeis e sofrem”.

Para o Papa Francisco toda vida humana é única e irrepetível, constitui um valor inestimável. Isto deve ser expresso em gestos de solidariedade e amor fraterno com a grande família humana e, por cada um de seus membros recém-nascidos, um pobre marginalizado, um doente sozinho e desanimado ou em estado terminal, aquele que perdeu um emprego ou não consegue encontrá-lo, um migrante rejeitado ou segregado”.  Para o Papa Francisco “Todo ser humano é chamado por Deus a gozar da plenitude da vida” na convivência e dinâmica do Bem Viver.

As CEBs de Cuiabá juntam suas vozes a todos os defensores da vida neste momento tão desafiador de nossa história. As Cebs são o lugar que garantem a unidade na Igreja entre fé e vida, oração e compromisso social e político. São igreja missionária que continuam sendo um instrumento eclesial e social indispensável para o resgate da humanização e solidariedade frente ao capitalismo que desumaniza, exclui e oprime. Hoje, este anúncio e Boa Nova “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”, torna-se urgente pela impressionante multiplicação e agravamento das ameaças à vida das pessoas e dos povos, sobretudo quando ela é débil e indefesa.

Às antigas e dolorosas chagas da miséria, da fome, das epidemias, da violência e das guerras, vêm-se juntar outras com modalidades inéditas e dimensões inquietantes. Geralmente as nossas comunidades, bairros, quilombos, aldeias e ribeirinhos são marcadas por problemas sociais diversos, que fragilizam a vida do povo. Cuiabá está recebendo pessoas infectados do coronavírus de todo o Estado e o sistema de saúde já entrou em colapso, já está escolhendo quem vai morrer ou viver, não há mais leitos para o atendimento dos pacientes mais graves. Isso mostra a irresponsabilidade dos governos e é inaceitável para a consciência dos cristãos.

Frente a todo esse cenário de morte é que nós, membros das Cebs da Arquidiocese de Cuiabá queremos reafirmar nosso compromisso missionário com a defesa da vida e da justiça social. Firmes na certeza de que Jesus, Pão da Vida nos fortalece e caminha conosco. (Jo 6,35). Gritamos, como Povo de Deus que repudiamos tudo aquilo que depõe e ameaça a vida do povo. Como Igreja queremos ouvir as profecias que em forma de gritos brotam de todos os recantos desta terra. Acreditamos que as CEBs, com ousadia profética, sejam de fato “a Igreja em saída” na defesa da vida em suas diversas fases e formas.

Suplicamos para que o Senhor fortaleça as Cebs, em Cuiabá, para que possamos preparar-nos para o 15º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base do Brasil, que vai ocorrer em julho de 2022 em Rondonópolis (MT), Regional Oeste 2 com o tema “Cebs: uma Igreja em saída na busca da vida plena para todos e todas”. E o lema: “Vejam! Eu vou criar um novo céu e uma nova terra…” (Is 65, 17ss). Senhor da vida, ilumina toda a Igreja de Cuiabá e do Brasil para continuarmos firmes em nossa caminhada de fé e esperança. Que Maria, Mãe da Igreja, interceda por nós junto à Trindade Santa, a melhor comunidade. Amém! Axé! Awire! Aleluia!

 

Coordenação Arquidiocesana das Comunidades Eclesiais de Base

Arquidiocese de Cuiabá – Mt – CNBB RO2

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