“Um laicato, bem-estruturado com formação permanente, maduro e comprometido, é o sinal de Igrejas Particulares que têm tomado muito a sério o compromisso da Nova Evangelização.” ( Santo Domingo n.103).
É desafiador saber que devemos ocupar um papel protagonista na história, e que não podemos aceitar que fechem os espaços para esse protagonismo. No cenário de nossos dias esta visível e/ou despercebido e até negado o protagonismo das leigas e dos leigos de todas as idades. Mas olha que lindo, papa Francisco nos ensina que existe “o simples testemunho habitual”, de todos os dias, desde o amanhecer quando se acorda, e termia à noite, ao dormir.
O protagonismo dos idosos – para o papa Francisco a sabedoria dos idosos deve ser valorizada, “Os idosos representam a memória histórica de toda comunidade, um patrimônio de sabedoria e de fé, que deve servir de exemplo, mantido e valorizado”. A Exortação Apostólica “A Alegria do Amor” trata com delicadeza o valor da pessoa idosa, “… Os idosos ajudam a perceber «a continuidade das gerações», com «o carisma de lançar uma ponte»(215) entre elas.
O protagonismo da criança – as pequeninas e os pequeninos são transformadores e protagonistas do reino de Deus, cumprem tarefas sacerdotais, proféticas, de serviço, de denúncia, etc. O protagonismo infantil é algo importante na Bíblia, alguns exemplos: uma menina intervém na cura de Naamã (2 Rs 5.2-3); um menino no centro da promessa messiânica (Is 9.6); as crianças são convocadas a participar na missão do povo de Deus (Jr 1.6); as crianças presenciam importantes episódios de reconciliação (Gn 33.1-7); as crianças gritam e louvam a Jesus, incomodando as autoridades. (Mt 21.15-16).
O protagonismo da juventude – o papa incentiva as/os jovens rejuvenescer o rosto da Igreja e afirma que jovens são os protagonistas da mudança. O nosso Deus fala através dos Jovens e adolescentes (1 Sm 3.1-21). “O Espírito Santo virá sobre você […] Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. “Como a jovem de Nazaré, vocês podem melhorar o mundo, para deixar um sinal que marque a história”. (papa Francisco)
Durante cerimônia da Jornada Mundial da Juventude disse o papa “Tenho seguido atentamente as notícias sobre tantos jovens que, em muitas partes do mundo, têm saído pelas ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna”.
O protagonismo da mulher – diz o papa para entender uma mulher é necessário antes sonhá-la, ela é a harmonia, é a poesia, é a beleza, traz harmonia à Criação, sem a mulher não há harmonia no mundo. Para Francisco o primeiro apóstolo foi uma mulher: a samaritana que dialogou com Jesus à beira do poço de Jacó e, em seguida, saiu a anunciar que encontrara o Messias. A primeira testemunha da ressurreição foi Madalena. Afirma o papa “As mulheres têm muito a dizer-nos na sociedade atual. Às vezes somos demasiado machistas, e não deixamos espaço à mulher. Mas a mulher sabe ver as coisas com olhos diferentes dos homens. Todas as instituições, inclusive a comunidade eclesial, são chamadas a garantir a liberdade de escolha para as mulheres, para que tenham a possibilidade de assumir responsabilidades sociais e eclesiais, num modo harmônico com a vida familiar.”
A partir do Concílio Ecumênico Vaticano II atribui as leigas e aos leigos o caráter de “sujeitos”, como recomenda a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em seu documento “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade – Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5,13-14)”.
As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (2016-2019) apontam a urgência da Igreja a serviço da vida plena através das leigas e dos leigos, “Em tudo isso, a Igreja reconhece a importância da atuação no mundo da política e incentiva os leigos e leigas, especialmente os jovens, à participação ativa e efetiva nos diversos setores voltados para a construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário. Daí, a urgência na formação e apoio aos cristãos leigos e leigas para que atuem nos movimentos sociais, conselhos de políticas públicas, associações de moradores, sindicatos, partidos políticos e outras entidades, sempre iluminados pelo Ensino Social da Igreja. Tão desacreditada em nossos dias, a política, no entanto, “é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum”.
Papa Francisco por ocasião da Assembleia da Pontifícia Comissão para a América Latina, em 2016, recordou à idéia do Concílio Vaticano II dizendo que “a Igreja não é uma elite de sacerdotes, consagrados, bispos, mas que todos formamos o povo santo fiel de Deus”, não tem como negar, todas as cristãs leigas e todos os cristãos leigos devem participar plenamente da vida da Igreja, de modo especial, priorizando sua missão nas realidades em que se fazem presentes no dia a dia.
A Conferência de Santo Domingo confirma “Que todos os leigos sejam protagonistas da Nova Evangelização, da promoção humana e da cultura cristã.” (n.97) (…) “Um laicato, bem-estruturado com formação permanente, maduro e comprometido, é o sinal de Igrejas Particulares que têm tomado muito a sério o compromisso da Nova Evangelização.” (n.103).
Motivador o pronunciamento do Papa Francisco na Assembleia do Pontifício Conselho para os Leigos, em 17/06/2016, quando propôs, como horizonte de referência para o imediato futuro, o seguinte binômio: “Igreja em saída” e “laicato em saída”, olhando para os que se encontram ‘distantes’ do nosso mundo, às tantas famílias em dificuldade e necessitadas de misericórdia, aos campos de apostolado ainda inexplorados, e as numerosas leigas e aos numerosos leigos, que devem ser envolvidos e valorizados pelas instituições eclesiais. Francisco concluiu seu discurso dizendo: “precisamos de leigos bem formados, animados pela fé cristã, que “sujem suas mãos” e não tenham medo de errar, mas que prossigam adiante. Precisamos de leigos com visão do futuro e não fechados nas pequenezas da vida, mas experientes e com novas visões apostólicas”.
Dá-nos, Senhor, aquela PAZ inquieta, que não nos deixa em PAZ! (Dom Pedro Casaldaliga)
Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)
Assessora leiga das CEBs na Arquidiocese de Maringá Regional Sul II
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