A escuta deve ser comunitária, profética e libertadora. Ouvir as comunidades é também ouvir as injustiças e denunciar a desigualdade, e combater a exclusão dos mais fracos.
Ouvir a comunidade é uma ação importante na missão cristã. É preciso se debrucar e escitar seus desafios, sonhos, alegrias e tristezas. Não é uma tarefa fácil pois é preciso caminhada comunitária, com o povo. Escutar a comunidade é escutar Deus. Deus é comunitário.
As escutas tem muito a nos ensinar. As comunidades nos falam sobre a vida, partilha, solidariedade e superação. As crianças por exemplo, nos contam como foi o seu dia. Suas brincadeiras e caminhadas pelas ruas empoeiradas do bairro, ou quando vão ao campo de futebol para jogar no final de semana, ou ainda quando confeccionam pipas para soltá-las no fim da tarde.
Escutar as mulheres, ouvir suas histórias de luta e superação em uma comunidade com inúmeros desafios sociais nos ensina o caminho da fé libertadora, da urgente tarefa de caminhar com os pobres, da relevância de compreender a fé a partir da caminhada libertária com o Jesus de Nazaré, o servo pobre e sofredor.
Fazer opção pelos pobres nos liberta do assistencialismo histórico que manipula, mantendo os pobres sob domínio da opressão, tratados como coitadinhos que sempre necessitam de pão, que dependem das migalhas dos abastardos que buscam promoção pessoal e institucional diante da sociedade.
A escuta deve ser comunitária, profética e libertadora. Ouvir as comunidades é também ouvir as injustiças e denunciar a desigualdade, e combater a exclusão dos mais fracos. Mas não apenas ouvir mas agir em uma resposta concreta que anime a comunidade em sua luta pela dignidade superação e respeito.
Ao contrário do assistencialismo histórico que vicia os que são beneficiados, sem dar-lhes uma perspectiva de libertação e esperança, a profecia busca reanimar o povo em uma luta libertária nas trincheiras da utopia, na luta pela reconstrução de um mundo melhor, onde habite a misericórdia e a fraternidade.
Marcos Aurélio dos Santos
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