Por: Quininha Fernandes Pinto, Regional Leste 1
Leituras: 2Sm 5,1-3 – Sl 121,1-2.4-5 – Cl 1,12-20 – Lc 23,35-43
A celebração desta festa – último domingo do ano litúrgico – relembra uma cena que antecede o martírio de Jesus na cruz. Na 2ª leitura – carta aos colossenses – temos um belíssimo hino cristológico que nos apresenta a iniciativa da salvação como a passagem das trevas para o Reino do Filho, como obra do Pai. Sua realeza é de origem divina e tem o primado sobre tudo. O Evangelho narrado por Lucas apresenta uma paródia, um ato de deboche da investidura de Jesus como Rei dos judeus. Seu trono é a cruz, e sua coroa, de espinhos. É uma cena bastante conhecida! Não é uma festa pomposa como vemos nas coroações de reis e rainhas dos regimes monárquicos; a coroação de Jesus se desenrola em torno da cruz, um trono improvisado para o novo Rei/Messias. As provocações endereçadas a Jesus são bastante diretas: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido”. Havia uma inscrição que encabeçava a sua cruz: “Este é o Rei dos Judeus”. Os insultos e deboches vinham dos chefes dos soldados, dos próprios soldados e de um malfeitor que também estava sendo crucificado… Mas o outro, conhecido popularmente por “bom ladrão”, suplicou-lhe: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Jesus tem um gesto verdadeiramente régio e assegura ao malfeitor arrependido a entrada no Reino do Pai. Cristo é rei porque, perdoando e morrendo para a remissão dos pecados, cria uma nova unidade entre os seres humanos. Quebrando a corrente do ódio, oferece a possibilidade de um novo futuro.
A Festa de Cristo Rei nos oferece uma reflexão atual, profunda e necessária sobre o exercício do poder: poder político, poder eclesiástico, poder profissional, social e intelectual. Sobre os “poderosos” deste mundo. “Poderosos” imbuídos de um poder que muitas vezes eleva e beneficia a si próprios e aos seus, que não pensa no bem comum, na implementação da paz, da justiça, da equidade. O poder que temos – sim, todos temos poder! – deve ser colocado a serviço, ou de nada vale… a serviço dos mais vulneráveis, dos doentes, dos discriminados, dos que choram, dos que sofrem, dos que estão à margem. A doutrina do senhorio de Cristo nos ensina que a vida a que somos chamados viver é a mesma que viveu Jesus: vida de serviço aos irmãos/ãs. É este o nosso rei. Não aquele que nos apresentam os ícones litúrgicos e artísticos das nossas igrejas e museus, sentado num trono dourado, com uma coroa cravejada de pedras preciosas, com ricas roupas ou aquele colocado sobre o globo terrestre. O nosso rei nunca se apresentou assim. Jesus é um rei pobre, que ama os pobres, e por eles morreu. Jesus fez da sua vida uma referência para nortear o comportamento daqueles/as que sonham os mesmos sonhos que Ele… Qualquer outra forma de exercer o poder diferente da ensinada e vivida por Jesus, não é cristã, nem do Deus cristão, Pai de Jesus, ainda que, por vezes, seja usado em seu nome! Pensemos nisso.
Bjs no coração
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