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Reflexões da Palavra | 13º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Leituras: Sb1,13-15;2,23-24 – Sl 29 – 2Cor 8,7.9.13-15 – Mc 5,21-43

Por Quininha Fernandes Pinto, do Regional Leste 1.

As leituras deste domingo apontam para a primazia da vida sobre a morte, para a força da fé que salva e para a importância da dignidade da mulher numa sociedade machista e patriarcal.

Deus é o Senhor da vida! “Deus não fez a morte, nem tem prazer com a destruição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do mundo são saudáveis: nelas não há nenhum veneno de morte, nem é a morte que reina sobre a terra…” – 1a leitura deste domingo! Portanto, Deus nos chama à vida. Do início ao fim da Bíblia, seu profundo sentido é evidenciado pela imagem da “árvore da vida”, plantada no centro do Paraíso, cujo fruto devia fazer viver para sempre. Nosso Deus não se alegra com a morte de ninguém. No evangelho de Marcos, Jesus, novamente na barca, sobre o mar, que representa as forças do mal, realiza duas curas/sinais: da filha de Jairo e de uma mulher que sofria de uma hemorragia, há doze anos. Duas pessoas de níveis sociais diferentes. Jairo era importante, um dos chefes da sinagoga, e a mulher era considerada impura por causa da sua perda de sangue e vivia como uma pecadora. Quem a tocasse, ficava igualmente impuro. A filha de Jairo estava muito mal e seu pai pediu a Jesus que impusesse suas mãos sobre ela para que ficasse curada. Acreditava nisso. A mulher – sem nome – ouviu falar de Jesus, sabia do “seu lugar social” e não queria prejudicá-lo, pedindo que a tocasse. Com astúcia, coragem e fé aproximou-se e tocou sutilmente na barra da sua roupa! Jesus sentiu uma força que dele saía, quis saber quem o havia tocado, resgatou-a do anonimato e do seu medo, trouxe-a ao centro, devolveu-lhe a vida, a mulher ficou curada. A seguir, chegaram algumas pessoas dizendo que a menina, havia morrido. Mas Jesus disse: “Não tenhas medo. Basta ter fé!”; encaminhou-se para a casa de Jairo e, lá chegando, pegou na mão da criança e lhe disse: “Menina, levanta-te!” e ela levantou-se e foi comer como Jesus havia mandado.

A riqueza de nuances e detalhes apresentada nesta passagem, escapa ao espaço que temos aqui para uma reflexão dominical. Aponto apenas alguns, deixando que o Espírito Santo encaminhe as tantas possibilidades de leitura e de interpretação e aninhe-se no coração de cada um/uma.

  • Jesus chama à vida aqueles que estão vulnerabilizados pela doença, pelo cansaço, pela proximidade e iminência da morte.
  • Jesus priorizou sua atenção para aquela mulher, e só depois foi atender a filha do importante membro da sinagoga.
  • Jesus cura uma mulher discriminada pela sociedade da época: patriarcal e machista, tirando-a do anonimato da multidão, valorizando a sua fé e reintegrando-a no seu lugar social e religioso.
  • Jesus… Jesus surpreendeu!

Hoje quando o número de feminicídios cresce assustadoramente, quando mulheres são discriminadas, violentadas e mortas física e piscologicamente, quando assistimos à necessidade de cotas para garantir direitos de participação na política, nas empresas, nas universidades… Jesus realmente surpreende!

Nossas Igrejas – não só a católica! – ainda não se livrou do machismo patriarcal já presente nos tempos de Jesus. Ainda estamos à mercê de uma igreja liderada por homens. Ainda continuam a desconfiar do movimento feminista, quando poderiam unir-se à causa das mulheres que querem igual dignidade humana no respeito às diferenças de sexo e gênero. Ainda temos muitas mulheres que pensam, posicionam-se e agem ideologicamente como homens…
Que possamos refletir sobre tão importantes questões, tendo o exemplo dado por Jesus como referência e modelo. Que saiamos do vale da morte, da segregação e da discriminação, que fere e mata. E, de volta à vida, que possamos ser alimentadas – como Jesus orientou! – com o Pão da Vida, sem restrições moralistas, pois temos fome de Vida, de Amor e de Justiça.

Que seja assim. Beijos no coração.

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