Leituras: Is 63,16b-17.19b;64,2b-7 – Sl 79 – 1Cor 1,3-9 – Mc 13,33-37

Por Quininha Fernandes Pinto, do Regional Leste 1.

Neste domingo começa o Advento, do ano litúrgico B. O tempo do Advento vai de 29 de novembro a 24 de dezembro de 2020. Os domingos do tempo do Advento chamam-se: 1.º, 2.º, 3.º e 4.º domingo do Advento. Este tempo que antecede o Natal é o primeiro tempo do calendário litúrgico. É um tempo de espera e de esperança para a chegada de Cristo.

Um Deus salvador e redentor nos vem espontaneamente ao pensamento quando as coisas vão mal e uma situação é humanamente insolúvel. Mas é certa esta concepção de Deus e de sua manifestação no meio de nós? Será justo pedir à sua onipotência que resolva nossos problemas? Certamente faz-se necessária uma purificação da imagem que temos de Deus. Ele nos fez à sua imagem e semelhança, e por isso a nossa identidade não pode prescindir de sua fisionomia. Ele, que nos deu a vida, faz parte da nossa história, e por isso nosso futuro só se cumprirá mediante a realização do seu plano; Ele nos criou livres e por isso não força as nossas decisões, mas intervém suavemente e espera com paciência que aceitemos dialogar com ele como pessoas. Se Deus é nosso Pai, e nosso Redentor, por que permite circunstâncias tão dolorosas e tolera filhos tão desobedientes? Esta é a eterna pergunta sobre a origem do mal, que Isaías não responde na 1a leitura deste domingo. Mas Ele anuncia a intervenção de um Deus que abrirá os céus e fará na terra prodígios e maravilhas que recolocarão todas as coisas em seus lugares, castigando os inimigos. Esta é a esperança cristã do Advento. Em tempos difíceis, caímos na tentação de pedir que o Senhor resolva os nossos problemas, cure as nossas feridas, faça acontecer a justiça sobre os mais fracos, puna a tirania dos poderosos, conserte todas as burradas que cometemos… Jesus no evangelho de Marcos nos alerta: “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento.” e nos lembra uma parábola, já contada recentemente, do homem que partiu para o estrangeiro e delegou responsabilidade aos seus empregados, para que cuidassem da sua casa… Sabemos que este “Senhor” é o nosso Deus que mandou que vigiássemos… que ficássemos atentos para que ao voltar não encontre seus funcionários – seus administradores – dormindo. Portanto, temos responsabilidade pelo bom andamento da casa/mundo do nosso Senhor. Temos muitas tarefas a cumprir, difíceis, que embora possamos pedir a Sua ajuda – e Ele ajuda! – nós é que devemos desenvolvê-las. Temos liberdade para escolher/votar em pessoas que nos representem no cuidado com a Casa Comum e, consequentemente, garantam a ética e a justiça no convívio entre nós. Temos obrigação de “Vigiar”, ficar atentos ao que acontece no mundo da política, da cultura, da nossa comunidade/igreja que são instâncias históricas que devem proporcionar a construção do bem comum e a nossa fraternal convivência. No início deste ano litúrgico vamos ficar atentos aos sinais dos tempos que nos cercam! Vamos “vigiar” e se necessário denunciar e lutar contra os desmandos causado na “casa do Senhor” que voltará quando menos esperarmos! Vigiemos!

Que seja assim. Beijos no coração.