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Seremos julgados pelo amor. Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.

Jesus apresenta-se desde o primeiro momento como um Rei que convoca todos os povos da terra para um encontro.

Estamos chegando ao Final do Ano Litúrgico e continuamos lendo o capítulo 25 do Evangelho de Mateus. Jesus continua encorajando e animando os cristãos na espera da Vinda Definitiva do Senhor. Começamos a ler e a refletir sobre este capítulo há dois domingos. Nele Jesus está encorajando e animando os cristãos na espera da Segunda Vinda do Senhor e ensina-lhes as atitudes para viver durante este tempo.

No início lemos o texto das dez virgens que aguardam a chegada do noivo. Para isso devem estar preparadas e ser vigilantes. Há cinco virgens que ficam sem óleo porque cuidavam das aparências e não da totalidade. As outras cinco são nomeadas prudentes. Elas estavam preparadas para os imprevistos como, no texto, o atraso do noivo. Jesus ensina, assim, uma atitude fundamental para viver neste tempo de espera do Senhor.

No domingo passado, continuamos a leitura do capítulo 25 de Mateus e meditamos sobre a narrativa do administrador que confia seus bens aos empregados e no seu retorno recolhe aquilo que foi produzido. O Senhor nos incentiva a não ter medo e arriscar os bens, as riquezas, os dons que recebemos, com a confiança daquele que não enterra sua vida no egoísmo, na segurança aparente, numa falta de prudência que é gerada pela covardia.

Hoje lemos o texto conhecido como o Juízo Final. Desde o início, Jesus nos situa sobre a Vinda do Filho do Homem que, “na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso”.

Jesus apresenta-se desde o primeiro momento como um Rei que convoca todos os povos da terra para um encontro. Ele tem um poder universal, nenhum povo fica excluído da sua presença. Mas ele fala de um encontro que tem um objetivo específico, comparado à atividade de um pastor. “Ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.”

É um rei/pastor. Em diferentes momentos, Jesus identifica-se com um pastor que cuida de suas ovelhas, que as protege dos perigos. Um pastor que procura aquela ovelha que se perdeu para levá-la ao seu rebanho e que chama cada uma pelo nome.

Neste texto Jesus se apresenta como um rei que atua como um pastor, e assim nos convida a partilhar seu amor por cada uma das suas ovelhas. É um rei que julgará os povos, mas um rei com as caraterísticas próprias de um pastor.

No texto, Jesus esclarece quais são as ações daqueles que ficam à direita e dos outros que são colocados à sua esquerda.

Não são atos desconhecidos ou singulares. O Juiz está se posicionando desde a prática da misericórdia. E esse amor está descrito segundo aquilo que foi feito e aquilo que não foi realizado.

É um amor que se visibiliza, que implica o compromisso com cada uma das pessoas que tivemos ao nosso lado. O que determina a separação para um lado ou para o outro é um estilo de vida.

Houve misericórdia com a necessidade dos que estavam ao nosso redor? Houve compaixão com o sofrimento daquele/a que estava ao nosso lado?

Essa compaixão levou a atuar com misericórdia. A omissão de um bem que pode ser realizado conduz ao desconhecimento do sofrimento que nos rodeia, das pessoas que precisam de nossa ajuda e amor.

Qual é a prática do amor que cada um e cada uma tiveram durante sua vida?

Para entender o coração deste Juiz, que é Rei do amor, lembremo-nos do hino cristão primitivo que Paulo insere em Fil 2, 6-11. Ele nos diz que Cristo foi exaltado sobre tudo quanto existe – foi Rei, portanto – porque, “esquecendo” sua condição divina, tomou a forma de servo, e experimentou na Cruz a morte reservada aos escravos. De fato, “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13)!

Nosso juiz profere, sim, sentenças, mas sentenças de amor. O juízo – o particular, de cada um, e o de todo o mundo – é o encontro definitivo e final com o Deus do amor misericordioso e fiel.

Que ideia faço do juízo final? Que imagem tenho de Deus como juiz?

Podemos nos perguntar como cada um/a de nós vive o seguimento de Jesus, convertendo-nos em pastores nos diferentes lugares onde nos encontramos que reflitam a compaixão e amor de Jesus.

Oração

O bem estar da aparência

Ai daqueles

que saboreiam o doce do açúcar em pratos refinados
mas não têm paladar para a amargura do haitiano que corta a cana;

que olham a beleza nas fachadas dos grandes edifícios
mas não ouvem nas pedras o grito dos operários mal pagos

que passeiam em carros de luxo pelas novas avenidas,
mas não têm memória para as famílias desalojadas como escombros

que exibem roupa elegante em corpos bem cuidados
mas não se preocupam com as mãos que colhem o algodão;

porque deixam resvalar sobre a vida seu olhar de turistas
e não contemplam por trás das fachadas com olhos de profeta!

Ai daqueles

que só vêem no pobre uma mão que mendiga
e não uma dignidade indestrutível que busca a justiça;

que só vêem nas numerosas crianças marginalizadas uma praga
e não uma esperança para todos que há que cultivar;

que só escutam nos gritos dos pobres caos e perigos
e não ouvem o protesto de Deus contra os fortes;

que só contemplam o sadio, belo e poderoso
e não esperam salvação desde o mais baixo e humilhado,

porque não poderão contemplar a salvação
que brota em Jesus marginalizado desde baixo!

(Benjamin González Buelta)

 

Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.

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