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ANDAR A PÉ E CONVERSAR COM AS PESSOAS NOS FAZ BEM

Por Antonio Salustiano Filho

Andar a pé faz bem. E não estou falando de fazer caminhada pela manhã ou à tarde. Estou referindo-me a andar a pé até à padaria, ao supermercado, enfim, aos estabelecimentos comerciais que costumamos frequentar na nossa rotina das compras cotidianas.

Hoje é sexta-feira, final de semana de trabalho, dia de produzir pouco ou quase nada quando se trabalha por conta. Com essa motivação (ou não existe motivação para o ócio?), lá pelas 10 horas saí do escritório e fui até ao supermercado andando a pé (coisa que não fazia há  tempo). 

Cumprimentei os vizinhos, os conhecidos e, empolgado, também os desconhecidos. Um cumprimentar com gestos de manear (balançar) a cabeça e mesmo com um aperto de mão, uma tapinha nas costas. Um “como vai, tudo bem?”, enfim, essas categorias de saudações que usamos no dia a dia.

“Bom dia! Como vai, tudo bem?” – Cumprimentavam-me os vizinhos nessa meio fria, porém, inspiradora de um novo jeito ser.

Essas palavras, a princípio, soavam-me estranhas. Percebi que perdera o costume de saudar as pessoas como se fazia em tempo idos, não tão distantes. Parece que o isolamento no tempo da pandemia, o fato de ficar muito tempo à frente do computador e celulares nos faz sentir estranhos para os outros.

Feito este exercício, percebi que essas saudações soavam como palavras mágicas e benfazejas. As pessoas simples nos saúdam com ar de contentamento, como se estivesse cumprimentando alguém importante e com quem elas têm vontade de conversar.

A seriedade da profissão, às vezes, nos deixa sisudos e fechados em nosso universo de falsa grandeza. Conversar com as pessoas simples nos faz felizes porque somos contagiados pelos sorrisos estampados em cada um desses rostos, que no reverenciam com uma simples conversa.

A mesma coisa ocorreu dentro do supermercado, na fila do açougue. As pessoas falavam dos tipos de carnes que gostavam e como as preparavam para comer. Uma verdadeira lição de culinária popular e com sabedoria ancestral.

Constatei também que perdi a noção de que o simples ato de cumprimentar as pessoas com amabilidade faz bem a mim e aos meus interlocutores. Agora sei o quanto isso é gratificante para uma alma entediada com os afazeres de uma sociedade de pessoas isoladas que se digladiam no anonimato individual e coletivo de uma vida em servidão, sem tempo para a dimensão lúdica da existência, conversar e ser feliz.

Penso que perdi um pedaço da vida, ocupado com tantas outras coisas e esqueci de que a alegria que despertamos nas pessoas, com simples bate-papo, tem efeito bumerangue. Nossos atos vão e voltam e, potencializados, nos fazem muito bem.

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