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Interdiocesano Cuiabá-Cáceres (MT) discute atitude da igreja diante da realidade social

Que posição a igreja católica deve ter diante da grave situação social, política e econômica do Brasil? Essa foi a principal pergunta do Encontro Interdiocesano Cuiabá-Cáceres (MT, Regional Oeste II) das CEBs. Entre a questões debatidas: o Projeto de Lei do Veneno (PL 6299); a segurança como pauta central nas eleições; a perda dos direitos trabalhistas no governo Temer; a tentativa da Reforma da Previdência; e o desmonte da educação pública.

O Interdiocesano ocorreu na comunidade São Gonçalo, bairro Cavalhada II, na cidade de Cáceres, nos dias 7 e 8 de julho. Estiveram presentes cerca de 80 pessoas, entre mulheres, homens, padre, irmãs consagradas e crianças. Todo o debate esteve em torno do tema: “Eclesiologia das CEBs”. Confira a galeria de fotos no final da matéria.

A assessoria foi dada por Cleofa Marlisa Flach, da Congregação das Irmãs da Divina Providência. De forma geral, a religiosa ressaltou: “Uma certeza nós temos: não estamos contentes com a situação atual do Brasil”.

A partir da pergunta central, outras surgiram, como: “Qual a missão das CEBs?”. E as respostas apareceram: “Proclamar o Reino de Deus”; “A comunidade deve ser o lugar onde o Reino se torne possível”; “A importância do diálogo com o mundo e as diferentes tradições religiosas”.

 

“Uma certeza nós temos: não estamos contentes com a situação atual do Brasil”, disse irmã Cleofa

 

As respostas mostraram que a posição da igreja diante da realidade deve ter forte participação do povo. A irmã Cleofa em parceria com os participantes do encontro lembrou que as leigas e os leigos são chamados:

– a ser discípulos missionários, a serviço do projeto de Jesus de Nazaré;

– a ser sujeitos eclesiais para atuar na igreja e no mundo;

– a ser sal da terra e luz do mundo;

– a atuar primeiro na família, depois na igreja, sociedade e na política, no mundo do trabalho,  na comunicação e na casa comum.

Irmã Cleofa destacou a missão das leigas e leigos na igreja e sociedade.

O professor universitário Dimas Santana contribuiu, dizendo que a missão das CEBs é também estar nos lugares mais vulneráveis. “Porque estando com a população mais empobrecida fazemos o Reino de Deus acontecer. Precisamos fazer a defesa da vida, e para isso necessitamos estar inseridos nas comunidades, lutando pela saúde, educação, moradia, terra, alimentos saudáveis”.

 

“Estando com a população mais empobrecida fazemos o Reino de Deus acontecer”, afirmou  Dimas Santana

 

Várias outras pessoas colaboraram com a discussão. O padre Devair Braga Caldeira ressaltou o Documento 100 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”. Para o religioso, é preciso de uma conversão pessoal e pastoral para viver a igreja em saída proposta pelo papa Francisco. E isso se consegue com formação, grupos de reflexão, tempo para a caminhada e abertura ao diálogo. 

 

“É importante saber usar nossos meios de comunicação para formar uma rede de comunicadores populares das CEBs”, comentou Antônia Marcel

 

A assessora arquidiocesana das CEBS de Cuiabá, Antônia Marcel, chamou a atenção para a comunicação que queremos. “É importante saber usar os nossos meios de comunicação, como blog, boletim paroquial e jornal, para ajudar a formar uma rede de comunicadores populares das CEBs”.

E Glória Maria Andrade, que participa do grupo de mulheres da Economia Solidaria, informou que parte dos recursos conseguidos é dada a moradores de rua. “Acolhemos esses irmãos como se fossem Jesus”.

 

Trabalhos em grupo e as vozes da Juventude

Nas atividades coletivas houve reflexão sobre: auditoria da dívida pública; Semana Missionária dos Leigos e Leigas; Congresso do Laicato; Sínodo da Juventude; Sínodo da Amazônia; Grito dos Excluídos. O primeiro ponto é um dos gestos concretos do Ano do Laicato e busca desmascarar a ideia de que o Brasil deve bilhões aos banqueiros. A auditoria está prevista na Constituição.

Juventude quer mais espaço nas CEBs.

A juventude propôs que haja vagas e espaço garantido para jovens nos próximos encontros. Também sugeriu a realização de um Encontro Interdiocesano das CEBs para a Juventude com o objetivo de trabalhar temas específicos.

 

Agroecologia x agronegócio

A irmã Cleofa teve a companhia de Francileia Paula de Castro na assessoria. Ela é engenheira agrônoma da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) e tratou dos prejuízos que o PL do Veneno pode trazer à sociedade.

“Devemos fazer a defesa da vida e da soberania alimentar contra este projeto”. A engenheira destacou que outras relações com a terra e o planeta são possíveis, como a agroecologia, que se opõe ao modelo do agronegócio.

Confira a geleria de fotos do encontro logo abaixo.

Por Rosenil Conceição, da Comunicação das CEBs/arquidiocese de Cuiabá, e Gibran Luis Lachowski, da equipe de Comunicação das CEBs-MT, Regional Oeste II

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