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E agora Francisco?

E agora Francisco?

E agora Francisco?
Você entrou devagarzinho na vida da gente, sem pedir licença… mas também nem adiantava, quando menos esperávamos, já estávamos envolvidos nas suas idéias “malucas”, diga-se: reformar a igreja por dentro!

E agora Francisco?
Você vasculhou nas profundezas do Concílio Vaticano II, onde ficara a Sinodalidade, prática normal da Igreja nas comunidades cristãs, mas que depois do Concílio fora “abafada” para que com o tempo fosse esquecida. Você não perdeu tempo, para chamar o povo a caminhar juntos!

E agora Francisco?
Você “sinodalizou” a Igreja afirmando ser essa, uma prática constitutiva da Igreja, nada de novo, mas sem volta!

E agora Francisco?
Que nem o de Assis, você nos provocou a olhar para “coisas” pequenas e há muito esquecidas, como a esperança, a comunidade, a alegria (chamando até atenção para as “caras” de vinagre, de quaresma), a paz, a acolhida…

E agora Francisco?
Você deu testemunho antes de falar que tudo está interligado entre nós e a casa comum, do convívio com os moradores de rua, nas visitas aos presidiários/as, na acolhida aos imigrantes, chamando a atenção dos mandantes dos países ricos…

E agora Francisco?
Teria chegado a vez das mulheres assumirem seu lugar de direito na Igreja e na história? Tão de mansinho foste a elas delegando funções antes assumidas por homens, admitindo que Igreja é mulher!

E agora Francisco?
Depois deste processo sinodal sobre sinodalidade, no qual tua presença foi o maior sinal de que caminhar juntos e juntas é possível…

E agora Francisco?
Que foste traído pelos teus “irmãos de báculo”, alguns pedindo a tua renúncia alegando não comunhão com a Igreja; outros porque o medo das “descobertas” de crimes hediondos viessem à tona; outros ainda pelo medo da reforma por ti anunciada… e de onde vem esta guerra instaurada entre os que se dizem católicos, mas que nutrem ódio, intolerância, deterioração da Teologia da Libertação, das CEBs…?

E agora Francisco?
Durante a tua permanência no hospital, enquanto uns rezavam pela tua recuperação, não faltou quem já houvesse anunciado tua morte, ou mesmo, desejado por ela… Houve expressões como “já vai tarde”; também houve aqueles que como abutres, já estavam cogitando o novo conclave. Fiquei pensando, como o medo de profetas os incomoda! Não foi diferente com Jesus, tu o sabes!

E agora Francisco?
Que mostraste sem medo a tua humana fragilidade, que assumiste a bengala e a cadeira de rodas na tua vulnerabilidade, que pediste a outros para lerem o que escreveste, que te deixaste carregar pelos cuidadores da saúde, que voltaste para agradecer aos que rezaram por ti…. Ah! Francisco querido, és tão humano, com gestos tão divinos…

E agora Francisco?
Tenho para mim que o Deus Pai-Mãe não agüentou ver teu sofrimento e te resgatou para junto de si e de seus cuidados. Vai querido. Vá encontrar-se com aqueles que te antecederam. Vá colocar em dia as conversas desde o Pacto das Catacumbas (já tem um bom grupo deles no céu). Vá contar-lhes as novidades da sinodalidade e forme com eles um coro, para interceder sobre nós que aqui continuamos para dar conta deste monte de coisas que você nos instigou a fazer. Ah! E se encontrares o João Paulo e o Bento…. Já sei, você vai manter esse olhar sereno, compassivo… Só você Francisco!!

Um cheiro!
Da sua grande admiradora,
Neuza Mafra

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