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Reflexões da Palavra – 19° Domingo do Tempo Comum

19º Domingo do Tempo Comum – Ano A
Leituras: 1Rs 19,9a.11-13a – Sl 84 – Rm 9,1-5 – Mt 14,22-33

Por Quininha Fernandes Pinto, do Regional Leste 1.

As leituras deste domingo nos apresentam duas cenas de teofanias = manifestações de Deus. No Antigo Testamento Ele se manifesta ao profeta Elias, na brisa, à entrada da caverna do Horeb. Manifesta-se também aos apóstolos, particularmente a Pedro na pessoa de Jesus que domina o furor do mar. A nossa fé nos faz acreditar que Deus vem ao nosso encontro especialmente nos momentos de aflição e de necessidade. O nosso Deus é o Deus dos pobres, dos fracos, dos que sofrem. O Evangelho deste domingo nos narra que após ter saciado a fome da multidão que o seguia – cf. o Evangelho de domingo passado – Jesus foi orar. Chegou a noite e Ele não voltou. A barca que tinha avançado para o outro lado do mar ficou à deriva por causa das fortes ondas, pois o vento era contrário. Pela madrugada, Jesus foi ao encontro dos seus discípulos, andando sobre as águas e estes o confundiram com um fantasma. Jesus acalmou-os dizendo: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”.

Pedro, sempre intempestivo, provocou o Mestre dizendo “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. Ao chamado de Jesus, Pedro foi, mas teve medo e foi afundando, afundando…

Vivemos momentos muito parecidos à narrativa da comunidade de Mateus. Estamos passando por uma terrível tempestade. Temos medo de sucumbir, de não dar conta das mudanças que esta pandemia – de proporções mundiais – nos apresenta. Mudanças que puseram nossas vidas de cabeça para baixo. Tudo mudou, ou precisa mudar… a educação, o trabalho, a economia, a política, os relacionamentos, e, automaticamente nós temos que mudar: mudaremos por amor ou pela dor! Estamos como os discípulos em meio a uma tempestade, com ondas agitadas, e temos medo! Muito medo! E o medo não é um bom companheiro. O medo nos paralisa, nos enfraquece, nos cega, nos adoece, nos imobiliza, e, por vezes, nos vence! Mas temos a nossa fé! Jesus anda sobre as águas e vem ao encontro do barco da nossa vida… isto quer dizer que Ele pode salvar-nos do abismo que nos engole, tem poder sobre as forças do mal, representadas pelo mar agitado. Sai vitorioso sobre as provações que nos inquietam e nos atormentam. Só nos pede, como condição essencial, uma grande confiança, que não hesitemos em segui-lo. Só a fé pode nos ajudar a sairmos vitoriosos; a fé que caminha ao encontro do Senhor ressuscitado, no meio das tempestades. Uma fé que nos impele a ir longe, a deixar a segurança tranquila da terra firme, para caminhar sobre as águas. Mas por ser humana, às vezes duvida, titubeia, enfraquece… e o medo ou a inconstância da nossa fé, pode nos submergir.

A experiência de Elias – cf. 1a leitura – o leva a compreender que Deus não está nos fenômenos naturais: furacão, terremoto, raios, como pensavam os os pagãos… Deus não se deixa aprisionar por nenhum dos elementos que Ele mesmo criou. Ele é o absolutamente-Outro. Também não é um vírus – o coronavírus – que submeterá Deus ao seu poder. O nosso Deus está perto de nós, junto conosco, no meio desta tempestade. Ele continua nos dizendo o que disse a Pedro: “Por que duvidaste?”.

Mais que nunca tenhamos coragem, vençamos o medo, façamos a nossa parte. Como vimos no domingo anterior, Jesus está junto, mas não sozinho! Age através das nossas mãos, das nossas ações, das nossas palavras, dos nossos cientistas, dos nossos profissionais da saúde, através da nossa humanidade. Ele não age sozinho!

Que as palavras de Jesus nos estimulem a caminhar sobre as águas, a ir mais além, sem medo! Que coloquemos a certeza de que Jesus nos salva à frente dos nossos medos e das nossas incertezas. Que possamos ver a sua bondade e merecer assim, a sua salvação, o seu colo. Que seja assim! Bjs no coração.

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