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28ª Romaria dos Mártires Diocese Rondonópolis-Guiratinga

Tema: Profetas da Fé, esperança e da Justiça. Lema: “Serás liberto pelo Direito e pela justiça” (Is 1,27).

“ são milhões de seres humanos, como servos sofredores de Javé, como o Cristo Crucificado, que passam por dificuldades. São os pobres, os migrantes, os refugiados, os povos indígenas, as minorias da sociedade”

A diocese de Rondonópolis-Guiratinga realiza neste 5º domingo da quaresma, a 28ª Romaria dos Mártires a acontecer em Rondonópolis-MT, no dia 07 de abril de 2019 com o tema: Profetas da Fé, esperança e da Justiça e lema: “Serás liberto pelo Direito e pela justiça” (Is 1,27).

Romaria é tempo de celebrar e manter viva a memória daqueles e daquelas que doaram sua vida em defesa da fé, da justiça e da verdade. Hoje são para nós testemunhas de entrega ao projeto de Deus. Mártires – homens e mulheres que doaram a vida por causa de Jesus Cristo, pela defesa do povo, dos pequenos, da ecologia e de Politicas Públicas para todos. São vinte oito anos de testemunho, de caminhada e de compromissos em favor da criação, da vida, da justiça e neste ano de Politicas Públicas.

O que motiva o romeiro a caminhar? É por causa de Jesus, Mártir dos Mártires. Aquele que veio ao mundo como enviado do Pai. Por amor à humanidade doou sua vida pela instauração do projeto de amor de Deus, em defesa de seus filhos e filhas e pela nossa salvação. A bíblia narra em muitos livros a caminhada do povo que se põe em romaria, Abraão partir de Ur e foi para a terra que “Deus lhe dará”. Moisés acompanhou orientou a caminhada do Povo de Israel do Egito para a terra prometida. Os judeus piedosos anualmente faziam a sua romaria até o templo. Jesus caminhava de um lugar para outro acompanhado das multidões. Caminhar, ser romeiro é algo inerente à pessoa humana. Assim, neste ano, como nos demais, cada paróquia da cidade acolhe seus romeiros, oferece água, lanche para depois caminhar juntos e o povo vai se reunindo formando a multidão dos que creem e testemunham publicamente a sua fé.

A Campanha da Fraternidade faz um convite aos cristãos: Cobrar Políticas Públicas que favoreçam os a Vida Plena para todos. A promoção de Politicas Públicas, a defesa das florestas, da biodiversidade da fauna e flora e acima de tudo a vida para todos é o desafio que propõe a Campanha da Fraternidade.  E este desafio está inserido no tempo da quaresma, tempo de conversão de atitudes e gestos concretos de conversão. A Campanha da Fraternidade alarga nossa compreensão do que é seguir Jesus Cristo. Ela é um convite para viver o tempo da quaresma em sintonia com o que nos pede Jesus: “Convertei-vos em crede no evangelho”.

A iniciativa da Romaria vai se constituindo como o maior evento católico da cidade da diocese de Rondonópolis-Guiratinga. É caminhada iluminada pela Palavra de Deus, pela fé em Jesus Cristo, pelo compromisso do cristão e pelo testemunho de homens e mulheres que doaram a vida pela causa de Jesus Cristo visualizado com cantos, encenações, gestos, símbolos, ritos, orações, partilha e celebrações. A Romaria acolhe o grito de solidariedade de todos os sofredores e mártires do mundo. São “milhões de seres humanos, como servos sofredores de Javé, como o Cristo Crucificado, que passam por dificuldades. São os pobres, os migrantes, os refugiados, os povos indígenas, as minorias da sociedade. A má administração e a falta de Políticas Públicas atentam contra a dignidade da pessoa, explora a vida, tolhe a liberdade, despreza a honra, ameaça e subtrai sua vida, seja mulher, criança, adolescente ou trabalhador”.

Mártir são aqueles e aquelas que deram a sua vida por causa da fé, da justiça e defesa da vida a exemplo de Jesus. Seu caminho derradeiro foi o calvário. Entre nós mártires “os que tiveram a vida abreviada pela violência, pela ganância, ódio, egoísmo, vaidade e prepotência dos poderosos e dos impérios deste mundo”. Dói no coração humano ver crianças vítimas de doenças incuráveis, tantas mortes e sequelas irreparáveis no trânsito, a violência de pais irresponsáveis e o rosto sofrido de mulheres e homens vítimas da desorganização social e econômica da sociedade. Rosto dos povos indígenas, rosto de rostos sofridos que lutam por terra, moradia, saúde, emprego, ética, justiça e solidariedade.

Diante a realidade, à luz da fé, do Evangelho, de Jesus Cristo e da Igreja é preciso recriar a sociedade, melhorar a educação, oferecer melhores condições de moradia, de transporte, de lazer, de trabalho. Os cristãos espelham-se em Jesus Cristo, pois o “Evangelho é boa notícia que realiza a libertação dos oprimidos e devolve a dignidade humana aos que lhes foi tirada”. Jesus nunca relativizou a dor e a aflição humana. Foi ao encontro das pessoas acolhendo a miséria alheia, estava atento ao clamor dos sofredores que gritavam: “Tem compaixão de nós”. A compaixão implica em sofrer a dor do outro, com o outro, não numa atitude conformista ou masoquista, mas a compaixão que leva à ação, à transformação, à mudança de vida e da realidade social, pois “a suspensão de toda miséria humana, da dor, da exploração e de todo tipo de desumanidade constitui uma urgente tarefa”.

Mártires são homens e mulheres que através do batismo assumiram o compromisso de seguir Jesus Cristo, na radicalidade do evangelho, de anunciá-lo; de denunciar o pecado e as estruturas de injustiças, de ganância e de opressão.

Jesus o Filho de Deus que morreu pregado na cruz pela nossa salvação caminha à nossa frente. Ele caminha conosco, ele vai à nossa frente. Com Jesus, São Oscar Romero, bispo de El Salvador, na América Central, martirizado durante a celebração da missa. Defensor do povo e da justiça. Era o ano de 1980.  Pe. Rodolfo Lunkenbein e o índio Bororo Simão Cristino Koge Kudugodu (Simão Bororo). Pe Rodolfo, salesiano, conhecido do Pe. Gunther, Pe. Lothar, Pe. Mário. Martirizado em Merure, em 1987 em defesa dos povos indígenas. Mais um martirizado pela causa da justiça e defesa dos indefesos. Padre João Bosco Bunier – Mártir em defesa da vida no dia 12 de outubro de 1976 – Ribeirão Cascalheira São Félix do Araguaia. Pe. Ezequiel Ramin, assassinado em 1984 ao voltar de uma missão de paz na Fazenda Catuva, em Cacoal – Rondônia; Ezequiel Ramim – dedicou sua vida aos mais pobres e injustiçados. Era Missionário Comboniano. Um padre que doou a vida.Irmão Vicente Cañas Costa, Jesuíta, assassinado aos 06 de abril de 1987 em Juina, MT. Exercia a missão pela preservação de seu território, com demarcação da Terra Indígena Enawenê-Nawê e por ações de saúde dos povos indígenas. Nomes como dom Helder Câmara, profeta do nordeste, defensor dos pobres e abandonados é testemunho de vida.

Também lideranças que são defensores de Politicas Públicas para todos: Irmã Dorothy, assassinada em Anapu, sudoeste do Pará, aos 12 de fevereiro de 2005. Comprometida com os pequenos agricultores, assentados em busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica.Chico Medes, sindicalista e seringueiro, morto em Xapuri, em 1988. Margarida Aves. Margarida Maria Alves, mulher forte e dedicada, recebeu um tiro no pescoço em Alagoa Grande, aos 5 de agosto de 1983. Foi uma sindicalista e defensora dos direitos humanos

O trajeto da caminhada tem como concentração a Praça da URAMB, ao lado da Câmara de Vereadores, passando a 13 de maio, entrando na Rua Presidente Kennedy, seguindo pela Rua Rosa Bororo em direção ao Cais, onde nasceu a cidade de Rondonópolis e será concelebrada a Missa. Compromissos de fé e de caminhada do cristão serão assumidos no encerramento da Romaria.

Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.

Dom Juventino Kestering

Bispo diocesano

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