Shadow

29º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Por: Quininha Fernandes Pinto

Leituras: Is 53,10-11 – Sl 32 – Hb 4,14-16 – Mc 10,35-45


Vimos no domingo passado que renunciar às riquezas significa ter disponibilidade para seguir Jesus e, consequentemente, abraçar a cruz, se necessário for. Sob este enfoque, o Evangelho de hoje nos fala do pedido de Tiago e João – filhos de Zebedeu – para que o Mestre os deixasse sentar, um à sua direita e outro à sua esquerda, quando partisse para a sua glória. Isto, claro, causou indignação e incompreensão entre os outros discípulos. Sentar-se lado a lado com o “chefe” dá status e visibilidade de poder e prestígio, que é exatamente o que queriam… Este pedido põe às claras que eles não haviam entendido nada da proposta de Jesus, nem o sentido da sua missão. Jesus aproveita para ensiná-los sobre o projeto do Pai para os seus filhos, do verdadeiro significado do seguimento, de “beber o seu cálice”. O caminho para chegar a isso, não é o poder, representado pelos primeiros lugares, ou assentos de destaque – à direita e à esquerda – mas sim, o caminho do serviço, até o dom da própria vida = “o cálice” bebido por Jesus!
A 1ª leitura de hoje, cf. Is 53,10-11, acentua que o oferecimento da vida alcançará luz e uma ciência perfeita, referindo-se ao sofrimento do Servo sofredor, relacionado ao sofrimento de Jesus pelo Novo Testamento. Tal passagem pode nos levar a interpretações errôneas em relação ao “querer” o sofrimento do Filho, por Deus, seu Pai. Nosso Deus enviou seu Filho para nos salvar da escravidão do pecado e da morte. Não para morrer. A morte, e morte de Cruz, foi um terrível acidente causado pela liberdade humana que rejeitou a oferta de salvação oferecida por Jesus – o amor – e optou pelo desamor… poderia ter sido diferente. O Pai não queria dor, nem morte, para seu Filho, queria uma vida feliz. Sua morte foi o ato supremo de sua filial e amorosa obediência. A redenção trazida por Jesus é considerada antes de tudo não no sofrimento que Ele suportou, mas na disponibilidade ao serviço e na bondade de sua vida. Assim, o seguimento a Jesus, passa pelo serviço, e não pelo poder; não passa pelo prestígio ou pelas honrarias que o mundo oferece. Não há outro caminho de seguimento a Jesus: o amor aos irmãos, vivido na comunhão, na solidariedade, na partilha e no serviço. E, infelizmente esse é o caminho da Cruz, não necessariamente, mas potencialmente real e possível. Nossa realidade está cheia de exemplos do que acontece com aqueles/as que abraçam o projeto de felicidade e de justiça para todos. Também podemos ver quantos querem sentar-se à direita e à esquerda de nossas autoridades políticas e eclesiásticas, almejam visibilidade midiática e prestígio social sem terem compromisso algum com o projeto apresentado e defendido por Jesus. O poder corrompe e mata as mais belas aspirações de fraternidade. Pensemos nisso. Que assim seja. Amém, e amem. Bjs no coração

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