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Carta do 8º Encontro Mineiro de CEBs Das Comunidades Eclesiais de Base para todo o Povo de Deus.

“Criarei um novo céu e uma nova terra e nunca mais haverá choro ou clamor (Is 65,17.19).”

Gente de fé, membros da Igreja viva, vindos das várias regiões de Minas Gerais se encontraram em Ipanema-MG, região da Zona da Mata para mais um encontro das Comunidades Eclesiais de Base. Sob o tema: “Os desafios de uma Igreja em saída, na construção da sociedade do bem viver e conviver.” Entraram-se mais de 600 participantes vindos das várias regiões de todo o Estado de Minas.

De maneira muito participativa, aconteceram fortes momentos de espiritualidade, com uma liturgia contagiante e ligada com a vida. Os dias de encontro (19 a 21/07/2019) foram marcados pelo presença de Deus, na escuta de sua Palavra, que ressoava nos participantes e se traduziam em preces, louvores, denúncia das injustiças e anúncio da Boa Nova do Reino de Deus,

Carta do 8º Encontro Mineiro de CEBs

Das Comunidades Eclesiais de Base para todo o Povo de Deus

Tema: Os desafios de uma Igreja em saída na construção da sociedade do Bem Viver e Conviver
Lema: Criarei um novo céu e uma nova terra e nunca mais haverá choro ou clamor (Is 65, 17.19)

Nós, os 630 representantes das Comunidades Eclesiais de Base, vindos de 22 dioceses e arquidioceses de Minas Gerais, fomos acolhidos carinhosamente pelas famílias da cidade de Ipanema-MG, na diocese de Caratinga, no 8º Encontro Mineiro de CEBs, nos dias 19 a 21 de julho, realizado na Escola Estadual Coronel Calhau.
Fomos assessorados pelo Pe. Alfredo José Gonçalves e Sônia Gomes de Oliveira, presidenta do Conselho Nacional dos Leigos do Brasil (CNLB). Estiveram presentes no encontro Dom Emanuel Messias de Oliveira, bispo da diocese anfitriã, Dom Vicente de Paula Ferreira, bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte, lideranças cristãs leigas das CEBs, um considerável número de jovens, 25 padres, 05 seminaristas, 18 religiosas, 1 religioso, 2 evangélicos, liderancas das pastorais sociais, organismos, universidades, quilombolas, movimentos populares, cooperativas, associações e sindicatos e uma equipe de mais 22 assessores para oficinas temáticas e 8 equipes de servicos.
Ao longo do encontro três palavras se destacaram: Origem, Caminho e Horizonte.

Origem. De onde viemos? De onde vieram as CEBs?

Nós, CEBs, viemos de três paixões: a Boa Nova de Jesus Cristo e o Reino de Deus, a Doutrina Social da Igreja e o compromisso com os empobrecidos, suas culturas e seus valores. Mesmo diante dos sofrimentos, tropeços, calúnias, críticas, perseguições e martírios, resistimos e nos mantemos firmes e fiéis às nossas origens, assumindo as mesmas consequências da vida de Jesus e dos pobres.
Caminho.

Para onde vamos? Por onde caminhamos? Quais alternativas criamos ou assumimos? Que Universo, que história, que Igreja, que sociedade, que Brasil queremos?

Nós, CEBs, com nosso jeito normal de ser Igreja, comprometemo-nos com a vida concreta das pessoas e assumimos com elas os caminhos que escolheram percorrer nas veredas da história e, com elas, construímos pontes. Somos a imagem da Igreja dos primeiros cristãos, ao procurar incluir todas as pessoas na comunidade, dando dignidade para os excluídos. Somos conscientes de que existem caminhos diferentes e diversos, até mesmo com certas divergências, mas a diversidade nos desafia e nos encanta, pois o horizonte é o mesmo.
Nós, CEBs, percorremos pelos caminhos da vida eclesial, na catequese libertadora, na liturgia inculturada, na leitura popular da bíblia, na doutrina socio ambiental da Igreja, nas pastorais socais, na espiritualidade do seguimento de Jesus e nos articulamos em redes com as outras CEBs espalhadas Brasil afora e na América Latina e Caribe.
Nós, CEBs, trilhamos também os caminhos da troca de saberes, das redes sociais, dos movimentos das juventudes, arte, cultura, educação popular, saúde alternativa, agroecologia, economia solidária, reciclagem, meio ambiente, biodiversidade, movimentos sociais, populares, sindicais, indígenas, quilombolas, catadores, agricultores familiares, na defesa e garantia de seus legítimos direitos. No enfrentamento ao agro e hidronegócio, ao uso indiscriminado de agrotóxicos e às mineradoras com seus projetos de morte e de destruição da criação divina.
Nós, CEBs, contribuímos na superação da violência e na construção da cultura da paz, na participação dos Conselhos de Direito e de Cidadania e dizemos não a essa proposta de reforma da previdência e ao desmonte dos direitos humanos, civis, sociais e ambientais, em curso em nosso pais. Somos uma Igreja renovada, libertadora, a caminho, em saída.

Horizonte. Onde queremos chegar?

Como bem reconhece o Papa Francisco “as comunidades eclesiais de base fornecem um novo fervor de evangelização e uma capacidade de diálogo com o mundo e renovam a Igreja” (Evangelii Gaudium 29).
Nosso horizonte é ser uma Igreja em saída, que enfrenta os desafios do mundo urbano e rural, que contribui na construção da sociedade do Bem Viver e Conviver, que seja capaz de ajudar na criação de um novo céu e uma nova terra, para que nunca mais haja choro ou clamor (cf Is 65, 17.19).
Nós, CEBs, estamos em comunhão com o sínodo Pan-Amazonico a realizar-se em outubro de 2019, em Roma, com o tema: Novos horizontes para a Igreja e por uma ecologia integral.
Assumimos o compromisso junto aos atingidos pelas atividades de mineração e nos solidarizamos com as vítimas dos crimes socioambientais que as mineradoras têm provocado em nosso estado, em nosso país e em nosso continente.
Despertamos a consciencia de que em tempos de crise não se espera colher, mas, cabe-nos semear com renovada esperança, do verbo esperançar.
Fomos enviados para nossas comunidades com o compromisso de continuarmos a semeadura e nos prepararmos para o 9° encontro mineiro de CEBs em 2023, na Diocese de Guaxupé.

Ipanema-MG, -21 de julho de 2019

Carta do 8° encontro mineiro de CEBs – 2019

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