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“Diga ao povo que avance. Avançaremos!” XXII Assembleia Geral do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

CIMI realiza XXII Assembleia Geral com o tema “O CIMI à serviço dos povos indígenas: teimosia e esperança na afirmação da vida”

Missionários e missionárias, colaboradores, convidados e lideranças indígenas estão reunidos no Centro de Formação Vicente Canas, em Luziânia (GO), para debater a conjuntura, as lutas travadas pelos povos em defesa de suas terras e vidas, além de estratégias ao enfrentamento neste momento de graves retrocessos impostos aos direitos indígenas por um padrão de poder do Estado que perpassa governos, com destaque ao atual, fiador de todas as pautas anti-indígenas em curso no Congresso Nacional, e se respalda em setores do Judiciário. Dos 11 regionais do Cimi, chegam os dados desta realidade. “Megacorporações investindo no agronegócio, com florestas revertidas em pasto. Territórios sendo assediados pelo capital e para arrendamentos aos fazendeiros. Mas temos exemplos de esperançca. (A Terra Indígena) Maraiwatsédé segue sendo uma vitória, resistindo às ameaças”, afirma Natália Bianchi Fila.

O encontro também é um momento dos missionários e missionárias trocarem experiências em face da pluralidade de povos apoiados pelo Cimi.

O Intereclesial das CEBs foi apresentado na assembleia pelo Missionário Diego Giuseppe  Pelizzari,  do regional Sul e da Equipe do Cimi Paraná, estado sede do encontro.  ” A participação dos indígenas no Intereclesial vem de encontro as suas lutas, visto que os desafios no mundo urbano tem atingido e impactado em muito a vida desses povos.” afirma Pe Diego.

Com o lema “Diga ao povo que avance. Avançaremos!” iniciou , a XXII Assembleia Geral do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). A atividade ocorrerá durante toda a semana no Centro de Formação Vicente Canhas, na cidade de Luziânia, em Goiás, finalizando na sexta-feira (27). De acordo com Ivan César Cima, do CIMI Sul, a Assembleia comemora os 45 anos do CIMI, com a participação de 150 delegados/as das dez regionais do CIMI, além do Secretariado Nacional e convidados/as. A celebração de abertura fez memória aos/às mártires da causa indigenista e em seguida serão rememoradas as lutas realizadas durante os 45 anos do Conselho.

A Assembleia, que tem como tema: “O CIMI à serviço dos povos indígenas: teimosia e esperança na afirmação da vida”, ocorre, segundo Roberto Antonio Liebgott, da Coordenação do CIMI Sul, no momento de uma profunda crise nas instituições públicas do país.

De acordo com ele a crise política contamina as outras estruturas do Estado brasileiro e os setores conservadores dominam o cenário, trabalhando por interesses particulares que vão na contramão dos direitos individuais e coletivos da sociedade. “O setor ruralista, especialmente, aproveita-se dessa crise no âmbito da política e do Estado para fomentar a sua ideologia de poder através de um poder agrário arcaico em que ainda se prega como condição que o Estado financie as suas ambições de produção e que a sociedade, através dos trabalhadores, tenha que submeter à condições análogas à escravidão”, destaca Roberto.

O indigenista ainda destaca que dentro deste contexto de disputas o setor ruralista ataca de forma profunda os povos indígenas os transformando em moeda de troca em sua relação com o governo, impondo a destruição de seus direitos. “Para que a Constituição seja desregulamentada no que se refere a demarcação das terras indígenas bem como das terras quilombolas de nosso país”, ressalta Liebgott. Nessa conjuntura, Roberto comenta que o conservadorismo e o fundamentalismo fomentam a propagação de sua ideologia de sociedade, perpetuando uma estrutura de poder voltada para o privilégio das elites em nosso país. “A Assembleia do CIMI vai refletir, também, esse contexto em que vivemos e vamos discutir estratégias para que efetivamente se consiga superar, no âmbito do indigenismo, esse momento de profunda crise”, declara Roberto.

Durante a Assembleia, além de debates sobre a conjuntura, ocorrerão, também, discussões sobre o Movimento Indígena, suas lutas, suas estratégias e suas esperanças em relação ao futuro. De acordo com Liebgott, embora muitos acreditem que as esperanças estão cada vez mais fragilizadas, os povos indígenas, ao longo da história, têm ensinado, efetivamente, que por meio da luta, da persistência, do profetismo e da mística que os povos carregam, além de sua força e união, que é possível superar esses graves momentos.

Ele comenta que serão definidas, também, as estratégias de luta e articulação com outros setores da sociedade, de forma a organizar um grande movimento de superação e enfrentamento aos setores que objetivam dominar, por completo, o Estado brasileiro. “Seguiremos, como diz o lema, avançando, e avançaremos para a efetiva libertação e combate desse modo de opressão que se estabeleceu em nossa sociedade, que se estabeleceu no governo, que se estabelece, em certa medida, no Estado todo através de seus poderes, que vêm sendo alimentados pela ideologia da dominação, do conservadorismo e do fundamentalismo e que pregam, em essência, o rompimento das perspectivas da liberdade e dos direitos humanos”, completa Roberto.

Fonte: www.cimi.org.br  e  desacato.brasil@desacato.info

Colaboração e fotos Diego G. Pelizarri – Missionário CIMI SUL

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