Shadow

Festa da Epifania do Senhor

Leituras: Is 60,1-6 – Sl 71 – Ef 3,2-3a.5-6 – Mt 2,1-12
Celebramos neste primeiro domingo do ano a festa da Epifania do Senhor. Apenas Mateus e Lucas nos oferecem as narrativas da infância de Jesus que, mesmo não possuindo teor histórico, são carregadas de mensagens teológicas profundas.
A humanidade tende a um universalismo até agora nunca atingido e que produzirá um novo tipo de seres humanos, cuja cultura não será mais limitada à da sua civilização e cujos meios técnicos serão patrimônio de todos. Chamamos isso também de globalização, com algumas ressalvas… Mas como podemos atingir esse sonho? Que meios a humanidade dispõe para atingi-lo? Experimentam-se muitos métodos que têm alguma parte de verdade e eficácia, mas que acarretam muitos problemas. Convém confiar na consciência universal da ciência e da técnica? A produção de vacinas contra a Covid-19 é um excelente exemplo do que estamos refletindo. Com tantos avanços, ainda há muita resistência.


Israel recebeu a missão de reunir todos os povos na descendência de Abraão e de realizar, assim, a promessa do universalismo. Mas Israel acreditou, erroneamente, que poderia formar essa unidade com um certo número de práticas particulares: a lei, o sábado, a circuncisão. Ainda hoje vemos pessoas e grupos sentirem-se “eleitos”, melhores, “salvos”, superiores… O anúncio de um novo povo de Deus, de dimensões universais, prefigurado, preparado e conhecido como povo eleito, realiza-se plenamente em Jesus Cristo. E é esta mensagem que a festa de hoje nos transmite: convocando os magos do oriente, Jesus começa a reunir os povos, a dar unidade à grande família humana, a família dos que nele creem ou que nele se espelham. Os reis magos representam o mundo até então conhecido, e eles se moveram, foram ao encontro daquele “rei-menino”, para levar-lhe presentes simbólicos = ouro/realeza; incenso/divindade; mirra/unguento, que atestavam ser aquele menino um rei universal, o verdadeiro e único sacerdote que seria sacrificado e que ressuscitaria. Os relatos da Infância de Jesus são textos pós-pascais que comprovam a fé no Mistério da Encarnação, celebrado no Natal.

Celebrar hoje a manifestação/revelação deste Menino significa afirmar que Ele veio para nos unir, para instaurar e reafirmar a unidade entre os povos, apesar da pluralidade, das diferenças, somos irmãos:

apesar das diferentes crenças religiosas…

apesar das diferentes orientações sexuais…

apesar das diferenças étnicas e culturais…

apesar das diferentes percepções políticas…

… este Menino é o ponto de convergência e de unidade, no AMOR! Este é o critério de pertença, de adesão ao Menino. Sim, podemos ser diferentes mas temos que estar unidos naquilo que o amor – e não é qualquer amor! – nos solicita: a ética, o bem, a justiça, a equidade, a solidariedade, a compaixão, a fraternidade, o respeito. Isto nos une nas diferenças e na nossa diversidade. Coloquemos estes presentes no presépio do nosso coração, e sigamos unidos. Que seja assim. Que assim seja!

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