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Reflexão da Palavra | 12º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Leituras: Zc 12,10-11;13,1 – Sl 62 – Gl 3,26-29 – Lc 9,18-24

Por: Quininha Fernandes Pinto

Após tantas festas e solenidade litúrgicas, voltamos ao Tempo Comum. Jesus pressente que as coisas não estão acontecendo como o esperado… e precisa saber o que se passa. Quer saber, e incita os apóstolos a dizer o que pensam dele, de sua identidade e missão. Pergunta-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” – e a resposta surge: uns dizem que Ele é João Batista, alguns que é Elias e ainda outros que pensam ser um profeta antigo que ressuscitou. Jesus, não satisfeito com as respostas, faz a pergunta que ressoa no tempo e chega hoje também ao nosso coração: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. A catequese subsequente implica na resposta dada a esta pergunta… Pedro respondeu imediatamente: “O Cristo de Deus” e penso que Jesus deve ter-lhe dito: “Menos Pedro!”… pois o que o discípulo tinha na cabeça era a ideia de um Cristo/Senhor triunfante, poderoso, um rei/imperador semelhante aos da realeza romana.

Jesus o proíbe de dizer isto e diz aos seus discípulos do itinerário do seu “caminho”, um caminho que o levará à Cruz. O Cristo tem sim uma identidade pessoal que salva e revela; tem uma missão a cumprir e está disposto a tudo, até perder a sua vida. Qual seria essa identidade? A identidade de quem ama, de quem está em perfeita sintonia com o Pai, que nos salva por aquilo que é e que faz. Mas, o que faz – a sua missão – depende da nossa aceitação ou recusa. A resposta de Pedro reflete a mentalidade da época e que se perpetua ainda hoje. O poder da Cruz, do amor-serviço não é muito sedutor! Eles pensam no Messias com poder; e o poder de Jesus é o amor!

Por ironia da vida, esta semana nos foi apresentada a possibilidade de um Messias armado, que compraria uma arma, se esta existisse no seu tempo… compreendemos assim, que a identidade de Jesus ainda não está muito clara e suficientemente revelada àqueles que se dizem seus seguidores. Ainda criamos um Jesus à imagem e semelhança dos poderosos, dos que querem e usam o poder com a força das armas, dos que vencem pela força da violência e do autoritarismo, pelo medo. Mas se acreditamos que Deus é amor, abertura, diálogo, respeito, comunhão, não há outro caminho para Ele, senão o do amor. Só um ser-amor, pode ser a revelação do Deus-amor.

A morte violenta do Cristo – e de tantos outros/as que defendem a sua causa – tem duas faces: por um lado, revela a força do pecado/mal, e por outro, a força do amor mais forte que a morte. A violência sofrida por Jesus e por todos que defendem um projeto de justiça para todos, revela a verdadeira identidade de Deus; mas revela também a face da corrupção, da injustiça, do mal. Pensemos nisso, respondendo à pergunta que Jesus faz hoje, a cada um/uma de nós: “Quem sou eu para você?”.

Amém. Bjs no coração.

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