A partir da fé no Deus de Jesus Cristo que a nós se apresenta como a Luz do Mundo,  somos chamados a contemplar a realidade e futuro histórico com olhos de confiança Nele.

Em determinados  momentos, fazemos um balanço do passado e vislumbramos aquilo que se apresenta    no horizonte. Os dias finais de cada ano são datas que nos ajudam a entrar nessa lógica de análises e propósitos.

A partir da fé no Deus de Jesus Cristo que a nós se apresenta como a Luz do Mundo,  somos chamados a contemplar a realidade e futuro histórico com olhos de confiança Nele. O mundo necessita dessa Luz, porém o fato é que a própria Igreja Católica também precisa dela. Não podemos esquecer  que a Igreja faz parte, e tem que fazer parte desse mundo, não podemos pretender viver numa redoma,  com medo de nos contaminar com o todo que esta ao nosso redor. Por isso, juntos devemos descobrir, ou ao menos buscar essas luzes, ainda mais quando alguns  insistem, em ambos os lados da barreira, em sublinhar as situações de escuridão que nos ameaçam.

 Numa sociedade em que muitas pessoas tomam decisões baseadas apenas em seus próprios interesses, devemos acolher a Luz que vem daqueles que propõem soluções coletivas, onde todos são ouvidos, também os menores, aqueles que não contam, as vítimas de ambos os processos de exclusão, muitas vezes com base em um mundo de bons e maus, do qual não são participantes.

E aqui não podemos esquecer o olhar penetrante de tantas famílias, homens, mulheres e crianças, que têm que deixar suas terras, empurradas por conflitos que não entendem, mas que  com seus olhos penetrantes nos perguntam o que fizemos para estar passando por essa situação de sofrimento e morte?

E qual é a causa de nossas dores e de nossa perene itinerância em busca de uma vida em paz?

Pessoas que se tornam  números,  que fazem parte das estatísticas, vítimas de fome, refugiados e pessoas deslocadas, tráfico de seres humanos … de muitos problemas que vemos, sabemos, mas nos deixam pelo menos indiferentes, porque no fundo não afeta nosso modo de vida, cada vez mais individualista e focado em nossos problemas pessoais.

A Luz que buscamos é nascida de Deus e, aqueles de nós que nos dizemos crentes, somos chamados a sermos suas testemunhas. Esta é uma atitude que deve ser parte não apenas da nossa dimensão pessoal, mas também eclesial e comunitária. Há muitas luzes entre  nós que nos dizemos seguidores de Jesus de Nazaré que não podemos deixar de trazer para o mundo em que vivemos.

Em primeiro lugar, a Luz que vem do Papa Francisco, que com seus gestos e palavras,  mesmo que a muitos pese, consegue  cada dia mais iluminar a vida de tantos homens e mulheres de todo o mundo, também aqueles que têm uma fé diferente, e mesmo para aqueles que não professam uma fé. Um Papa que olha para fora, que transcende os muros eclesiais e que faz realidade um mundo que tem como base uma fraternidade universal, superando barreiras e  credos.

A Luz de leigos e leigos, verdadeiros protagonistas da Igreja do século XXI. Este ano, a Igreja do Brasil, que me acolheu há mais de uma década, celebra  o Ano do Laicato, que faz um chamado a ser Sal da Terra e a Luz do Mundo. Este momento deve ser  uma alerta para retirar  de nosso meio o pecado do clericalismo, que se esforça para construir uma igreja a partir de alguns.

Não podemos esquecer que, sem o trabalho comum de todos os batizados, é impossível que a Igreja, portadora da Boa Notícia do Evangelho, esteja presente nas periferias. Portanto, devemos descobrir a Luz que está presente nas Comunidades Eclesiais Base, onde o trabalho diário, incluindo a presidência da grande maioria das celebrações, corresponde quase sempre às mulheres, que são o melhor testemunho de uma presença que ilumina vida, muitas vezes atingida por profundas obscuridades, de quem está presente lá. Sem dúvida, a celebração do 14° Intereclesial  das Comunidades Eclesiais Base do Brasil, que acontecerá em janeiro de 2018, será um bom instrumento para ajudar a encontrar formas de evangelizar o mundo urbano, o mundo atual.

Descubramos a Luz dos jovens, que esperam ansiosamente o Sínodo extraordinário  chamado pelo Bispo de Roma para este 2018. Uma luz cheia de vida, de vigor, que não quer ser extinguida por uma sociedade que procura encorajar, também aqueles que passam um momento vital em que o maior grito é aquele que chora pela liberdade.

Sentimos como os povos indígenas nos iluminam, escutemos a voz dos povos indígenas da Amazônia, especialmente em um ano que será decisivo para construir o Sínodo da Pan Amazônia, que nos façam descobrir os caminhos para a sua evangelização, como é a vontade do papa Francisco.

São luzes que nascem das circunstâncias da minha vida, do momento em que eu vivo e daqueles com quem compartilho minha vida diária, o que me leva a pensar todos os dias e colocá-lo nas mãos de Deus através da oração.

Estas reflexões que brotam do interior e que não pretendem, nem querem ser um modelo a seguir, mas um pequeno caminho no meio da selva, sempre ameaçadas a perder-se para sempre no meio dessa floresta que supera nossa frágil condição humana.

Feliz Ano Novo!!

Luis Miguel Modino

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