As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) realizaram o 5º SULÃO DAS CEBs nos dias 27 a 29 de junho, na cidade de Indaiatuba/SP, especificamente no Mosteiro de Itaici, Arquidiocese de Campinas, com a presença de representantes das comunidades da grande região (Sulão) que compreende os Regionais Sul I (SP), Sul II (PR), Sul III (RS) e Sul IV (SC) da CNBB. O encontro carregou o tema “CEBs: 50 anos de caminhada intereclesial da Igreja povo de Deus” e o lema: “Proclamai o ano da graça do Senhor!” (cf Lc 4,19), reafirmando o compromisso profético, ecológico, comunitário e de Igreja sinodal que são marcas das Comunidades Eclesiais de Base.
Os participantes, 210, em sua maioria expressiva de cristãos(ãs) leigas e leigos dos referidos quatro regionais, com relevante participação da juventude, foram acolhidos pelas CEBs de Campinas/SP. Marcaram, ainda, presença no encontro: Dom José Benedito Cardoso, bispo de Catanduva e referencial das CEBs do Regional Sul I; Dom Joaquim Giovani Mol, bispo coadjutor da diocese de Santos/SP; Dom Luiz Gonzaga Fechio, bispo da diocese de Amparo/SP; Dom João Inácio Müller, arcebispo de Campinas/SP; Marilza Schuina, assessora da CNBB para o setor CEBs; padres, diáconos, religiosas e religiosas.
Na sexta-feira, 27, após o jantar, houve a mística inicial, onde todas e todos puderam refletir e rezar pelas necessidades do mundo que manifesta muitos sinais de morte, principalmente decorrentes das guerras que não poupam, inclusive, as crianças, idosos e enfermos.
Após, foi lembrado que Itaici é um lugar histórico da caminhada de povo de Deus. Em 1981, nesse espaço ocorreu o 4º Intereclesial das CEBs; também, por um período de 25 anos, aconteceram as Assembleias Gerais dos Bispos do Brasil (CNBB), de 1974 até 2009, onde foram elaborados diversos documentos eclesiais que marcaram a história do Brasil e a caminhada da Igreja.
Na sequência, foi relembrado as quatro edições anteriores do SULÃO: em 2003, na cidade de Registro/SP, com o tema “CEBs e ecologia: Comunidades Eclesiais Ecológicas de Base”; em 2011, em Londrina/PR, com o tema “CEBs: Justiça e profecia no campo e na cidade; em 2015, em Fraiburgo/SC, com o tema “CEBs e Contestado: terra, questão urbana e resistência”; em 2019, em Canoas/RS, com tema “CEBs: Igreja da Base na perspectiva do Papa Francisco”. Em seguida, todas e todos declararam, oficialmente, aberto o V SULÃO DAS CEBs, num só coro, com estas palavras: “nós, participantes deste momento histórico eclesial, representantes das CEBs de nossa grande região, que compreende os regionais SUL I, SUL II, SUL III e SUL IV da CNBB, declaramos aberto o V SULÃO das Comunidades Eclesiais de Base, que carrega o tema “CEBs: 50 anos de caminhada intereclesial da Igreja povo de Deus”.
A seguir, o assessor regional das CEBs Sul I, Pedro Paulo Santos, convidou as seguintes pessoas para compor a mesa do V SULÃO: o bispo Dom José Benedito Cardoso; Marilza Schuina; e representantes leigos dos quatro Regionais: Sílvia Macedo e Alex Rossi (Sul I), Leoni Alves Garcia (Sul II), Diego Noda (Sul III) e Dulcelina da Luz Pinheiro Frasseto (Sul IV). Após pronunciamentos de alguns membros da mesa, foi feita a memória dos três Intereclesiais das CEBs que ocorreram em três estados do SULÃO, a saber: 4º Intereclesial, em 1981, na cidade de Indaiatuba/SP-Itaici, cuja memória foi conduzida pelo Pe. Benedito Ferraro; 8º Intereclesial, em 1992, na cidade de Santa Maria/RS (1992), memória conduzida por Elza Magalski; e 14º Intereclesial, em 2018, na cidade de Londrina/PR, memória conduzida por Isabel Diniz.
No sábado, pela manhã, o cristão leigo Renato Simões, filósofo graduado pela PUC de Campinas (PUCCAMP), com pós-graduação em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da USP, conduziu uma importante análise de conjuntura, apontando os desafios e perspectivas para as comunidades e a sociedade brasileira. E a cristã leiga, Alzirinha Rocha de Souza, Doutora pela Université Catholique de Louvain (UCL) Bélgica, Pós Doutora em Ciências da Religião pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e membro da Sociedade Internacional de Teologia Prática; desenvolveu o tema central “CEBs: 50 anos de caminhada da Igreja povo de Deus” destacando o protagonismo das CEBs no fortalecimento da fé popular e na construção de uma Igreja sinodal e comprometida.
No sábado, pela tarde, os representantes das CEBs trabalharam discutindo pistas de ações em cinco mini plenárias: 1) Povo de Deus e Sinodalidade, assessorado por Neuza Mafra e Irmã Eurides Alves de Oliveira; 2) Juventudes, assessorado pela jovem Laurita Roque, da Coordenação Regional da Pastoral da Juventude; 3) Ecologia Integral e Defesa da Casa Comum, assessorado por Liz Marques e Izalene Tiene; 4) Profecia e Opção pelos Pobres, assessorado por Pe. Benedito Ferraro; e 5) Protagonismo das Mulheres, assessorado Maria Iva e Vera Faria, das CEBs de Campinas.
O dia terminou com uma animada noite cultural, confraternizando todos os participantes do encontro, com apresentação de quadrilha, dança folclórica preparada pelos catarinenses do Regional Sul IV.
No domingo, último dia do encontro, após o café da manhã, houve a celebração dos Jubileus: da Esperança e dos Intereclesiais das CEBs que estão intrinsicamente ligados. As CEBs são peregrinas de esperança. No primeiro momento foi realizada uma caminhada na parte externa do Mosteiro, na bela paisagem muito arborizada, com cantos das comunidades, reflexões dos quinze intereclesiais das CEBs e o plantio de duas árvores. Em seguida, todos se dirigiram para o Auditório Vieira para continuidade da celebração litúrgica – Solenidade de Pedro e Paulo Apóstolos – cuja presidência coube a Dom José Benedito, celebrando com mais 8 presbíteros, 2 diáconos e toda a assembleia reunida. Dom José, na homilia, destacou que precisamos lembrar de tantos Pedros e Paulos: Paulo Evaristo, Paulo Freire, Pedro Casaldáliga e tantas pessoas que fizeram mudanças, como Irmã Dorothy e de tantos homens e mulheres que doaram sua vida; lembrar de uma Igreja que não pode se acomodar, mas que se coloca em saída; essa é a cara das CEBs. Também, lembrou que as portas dos infernos que parecem estar abertas com guerras, bombas e morte de crianças não devem prevalecer, porque, nós Igreja, temos a chave para abrir e motivar ações concretas de esperança.
Já na plenária, após as conclusões realizadas por Marilza Shuina (setor CEBs da CNBB), Laurita Roque (CRPJ), Alex Rossi (articulador das CEBs Sul I) e Pedro Paulo (assessor das CEBs Sul I), coube a Silvia Macedo (articuladora das CEBs Sul I) fazer a conclusão final e agradecimentos. Foi apresentada uma proposta de Moção para o Congresso Nacional, contra o projeto de instalações de usinas termelétricas e contra a “PL da Devastação”, aprovada por todos. Representantes das CEBs da grande região (Sulão) estão incumbidos de elaborar duas cartas referentes ao V Sulão e para o Papa Leão XIV.
Foi, então, realizada uma Celebração de Envio, na qual foram distribuídas sementes para significar que as CEBs são sementes que continuam a ser plantadas para a construção cada vez mais de uma Igreja povo de Deus e sinodal.
Nesses três dias de encontro, as CEBs fizeram memória, recordando a história, reafirmaram os compromissos e projetaram caminhos. Em meio aos desafios sociais, econômicos, políticos, ambientais e eclesiais da sociedade contemporâneas, as CEBs se comprometem a continuar um caminho comprometido com uma Igreja sinodal, em saída e da esperança.