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A Importância da Comunicação para a Igreja e as CEBs

‘”A confiança na semente do Reino de Deus e na lógica da Páscoa não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar.”Papa Francisco

Refletir sobre comunicação pode parecer fácil, mas não é. É bastante complexo. Para alguém que não é especialista no assunto, com o autor deste artigo, fica difícil. E se embutirmos na reflexão religiões, igrejas, e as nossas CEBs, complica um pouco mais. Mas por quê? Porque como a própria etimologia da palavra nos remete: tornar comum, repartir, dividir, fazer com que algo seja compartilhado por vários, só pode ser feito  de tal modo que chegue honestamente a quem pretendemos comunicar.

Assim, a dificuldade torna ainda mais importante pensarmos e agirmos no que diz respeito à comunicação. A Igreja, e no seu interior, as Comunidades Eclesiais de Base, estão diante de um grande desafio. Trata-se de levar à frente uma tarefa por demais importante, dentro do contexto de uma sociedade do espetáculo, como disse o francês Guy Debord. Em uma sociedade onde o objetivo da comunicação passa, predominantemente, por esconder informação, e não revelar, aqueles e aquelas que acreditam na transparência da verdade tem uma tarefa hercúlea.

Por isso, vamos pedir emprestadas três ideias que o Papa Francisco no deixou em três discursos para o dia mundial da comunicação, em 2017, 2016 e 2014 respectivamente.

A confiança na semente do Reino de Deus e na lógica da Páscoa não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar (2017). Tudo que apresentamos aos outros precisa, de algum modo, espelhar o Projeto de Jesus de Nazaré. Nossa inteligência e criatividade são desafiadas, pois na maioria das vezes, por conta de uma possível técnica de comunicação pode espelhar outra coisa.

Gosto de definir este poder da comunicação como «proximidade». O encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa (2016). Assim sendo, precisamos de uma profunda sensibilidade para com o/a outro/a. Comunicar é uma arte. Somente uma pessoa que cultiva sensibilidade com a diversidade humana e responsabilidade por saber que tantas pessoas poderão não acolher o que transmito como algo que respeita a sua humanidade, pode ser mediadora de uma mensagem.

Quando a comunicação tem como fim predominante induzir ao consumo ou à manipulação das pessoas, encontramo-nos perante uma agressão violenta como a que sofreu o homem espancado pelos assaltantes e abandonado na estrada, como lemos na parábola (2014). Trata-se da parábola do bom samaritano. Certamente nas CEBs não existe indução ao consumo, pelo menos assim esperamos, mas corremos o risco de cair nas garras da manipulação de pessoas. Hoje diante de um sistema de comunicação extremamente perverso, nosso cuidado deve ser redobrado.

Portanto, se comunicar qualquer mensagem é um ato sempre importante, para a Igreja e as CEBs representa uma grande responsabilidade. Precisamos nos tornar visível. Precisamos apresentar nossa mensagem para ser confrontada com tantas outras. Precisamos utilizar todos os instrumentos disponíveis para comunicar. Mas acima de tudo, precisamos fazer com que nossa mensagem chegue ao destinatário como aquela carta que, em outros tempos, era aguardada com profunda expectativa, pois poderia representar o contato com quem não podíamos abraçar a muito tempo. Que as CEBs possam sempre transmitir um abraço caloroso a todos e todas seja por whatsApp, seja por um sinal de fumaça.

Conta-se por aí que o costume de acender fogueira na véspera de São João vem de uma comunicação. Isabel, sentido as dores do parto, manda avisar a prima Maria que chegou a hora. Como? Na escuridão da palestina, uma fogueira em cada monte foi acessa, como sinal de que o priminho João estava a caminho. Assim seja.

Celso Pinto Carias

Assessor das CEBs do Brasil

Fotos arquivo web e Neuriflor Pereira

 

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