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Corresponsável na missão, laicato em Mato Grosso quer ser ouvido pelo clero

Corresponsável na missão, laicato em Mato Grosso quer ser ouvido pelo clero

Diante da proximidade da abertura do Ano do Laicato e em assembleia nos dias 4 e 5 novembro, os membros do Conselho Nacional do Laicato no Brasil (CNLB) do Regional Oeste 2 redigiram uma carta endereçada ao clero e aos demais membros da igreja, com suas avaliações, anseios, críticas e esperanças.

No CNLB de Mato Grosso são membros representantes de todas as pastorais, movimentos e organismos pertencentes às Dioceses que compõem o Regional Oeste 2 e a assembleia é um local de decisões para todos estes envolvidos.

 

Acompanhe a carta na íntegra:

 

MENSAGEM DA ASSEMBLEIA DO LAICATO DO REGIONAL OESTE 2 – CNBB

Estimados irmãos bispos, padres, diáconos, religiosas e religiosos, leigas e leigos,

Nós, leigas e leigos da Igreja Católica, vindos das dioceses de Barra do Garças, Cuiabá, Rondonópolis-Guiratinga, Primavera do Leste-Paranatinga, Sinop, Diamantino e Prelazia de São Félix do Araguaia, juntamente com nosso bispo referencial, Dom Adriano Ciocca, reunidos na Assembleia do Laicato do Regional Oeste 2, em Cuiabá, nos dias 04 e 05 de novembro de 2017, refletimos cuidadosamente sobre nossa identidade, vocação, espiritualidade e missão na Igreja e no mundo. Esta reflexão e partilha encheu-nos de esperanças, mas também de angústias diante dos retrocessos e indiferenças na ação evangelizadora de nossa Igreja regional.

Louvamos a Deus pelo serviço e testemunho de milhares de leigas e leigos, mães, pais, jovens, idosos, em diversas profissões e campos de atuação, que além de sua missão doméstica encontram tempo e disposição para o compromisso nas comunidades onde vivem e na sociedade nos mais diversos espaços, principalmente nas periferias, nas quais podem testemunhar a graça de ser “sal e luz”, sujeitos na Igreja em saída, a serviço do Reino.

Entretanto, preocupa-nos profundamente:

O desmonte dos Conselhos de Pastoral e Conselhos de Leigos em todos os níveis, em algumas dioceses e paróquias; o pouco investimento e a tímida abertura aos ministérios leigos, o crescimento de devocionismos e místicas que alienam e não promovem a comunhão diocesana e uma espiritualidade encarnada; o silenciamento das assembleias litúrgicas e o excessivo formalismo que inibem a participação ativa do povo e exclui as possibilidades de inculturação, como orienta a renovação litúrgica do Concílio Vaticano II;

Causa-nos estranheza o aumento do autoritarismo e centralismo clerical que excluem lideranças leigas dos espaços de decisão e descontroem os canais de participação, duramente conquistados e construídos pelas comunidades nas últimas décadas;

A exclusão e indiferença nas homilias, nos encontros e retiros paroquiais, quanto aos Planos Paroquiais e Diocesanos de Pastoral, aos documentos emanados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e, até mesmo, as orientações e testemunho do papa Francisco;

Enfim, preocupa-nos a visível indiferença de muitos padres sobre a dura realidade vivida por muitos de nós, leigas e leigos, o distanciamento da luta que movimentos sociais, sindicatos e pastorais sociais empreendem contra a supressão de direitos e o distanciamento das periferias humanas e existenciais nas quais vivemos.

Precisamos de padres que assumam o projeto de uma Igreja em saída, que entrem na noite escura do povo, que adentrem nossas casas como elas são e onde estão. Padres que, com o cheiro das suas ovelhas, saibam unir em suas homilias e em suas práticas: a misericórdia e menos a lei, o serviço e menos o poder e a fé com a vida, como fez Jesus de Nazaré.

Renovamos nossa disposição e compromisso com a missão evangelizadora em nossas dioceses, paróquias e comunidades. Temos clareza de quantos somos e o que somos na Igreja de Jesus e, por causa da graça que nos incorpora Cristo, pelo batismo, queremos caminhar juntos, não como simples colaboradores, mas como recorda o Documento de Aparecida (DAp, n. 497a e Bento XVI. Mensagem a IV Assembleia Ordinária do Foro Int. da Ação Católica.10/08/2012),  como verdadeiros sujeitos eclesiais e corresponsáveis na missão.

O ano do Laicato, mais que um momento comemorativo, pode ser para todos nós preciosa oportunidade de conversão e revisão de práticas e atitudes pastorais que inibem ou impedem o autêntico protagonismo de leigas e leigos na Igreja e na sociedade. Urge recuperar e fortalecer a identidade, a vocação e missão desta expressiva maioria de cristãs e cristãos que também são Igreja e não apenas a ela pertencem (Doc.105 CNBB, n. 109)

Que Maria, “Mulher da Prontidão”, mãe, esposa e leiga, nos ajude e nos abençoe nesta caminhada e na vivência de nossa vocação laical.

Aprovada por unanimidade pelos participantes na Assembleia.

Cuiabá, 05 de novembro de 2017.

 

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