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Reflexões da Palavra | Festa da Sagrada Família | Ano B

Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a – Sl 127 – Cl 3,12-21 – Lc 2,22-40

Por Quininha Fernandes Pinto, do Regional Leste 1.

A liturgia do primeiro domingo, imediatamente após o Natal, celebra a Sagrada Família de Jesus – Maria e José. As características da família descritas no Antigo Testamento, sobre as quais se modelavam as nossas famílias patriarcais, eram: a paz, a abundância de bens materiais, a concórdia e a descendência numerosa – sinais de benção do Senhor. A obediência e o amor eram a lei fundamental; essa obediência não era só sinal e garantia de benção e prosperidade para os filhos, mas também um modo de honrar a Deus nos pais – cf. a 1a leitura -.

Nem tudo é romance e idílio, paz e serenidade no seio de uma família. A família passa por sofrimentos, dificuldades, perseguições; pelas crises de toda ordem, como desemprego, traições, violências, separações, divórcios, discriminações, doenças, emigração, racismo… Na Sagrada família de Nazaré, não foi diferente, como em todas as outras, há alegrias e sofrimentos, e amadurecem através de acontecimentos alegres e tristes, como vemos no evangelho deste domingo. A sagrada família foi cumprir a lei de apresentar Jesus no templo. E percebemos na narrativa de Lucas a presença de três casais: Zacarias e Isabel, José e Maria, Simeão e Ana – que devem ser vistos não como personalidades diferentes, mas como pessoas que são normais, muito semelhantes a nós, com dúvidas, incertezas e medos… Suas vidas não se resumem a atos religiosos extraordinários, mas são apresentadas como pessoas que souberam enxergar a manifestação de Deus no que é habitual, rotineiro e até doloroso.

Viver é a arte de nos adaptarmos a mudanças. Nossas famílias hoje têm rostos diferentes da nossa amada Família de Nazaré. Famílias de mãe e filhos; famílias de pai e filhos, sem mãe; famílias divorciadas e famílias enlutadas pela perda de um dos progenitores; famílias homoafetivas com dois pais ou duas mães… famílias que agregam membros de outras e até mesmo famílias com irmãos de pais/mães diferentes. E são famílias: amam-se, protegem-se, cuidam uns dos outros, defendem-se das intempéries da vida. Não são perfeitas, mas são humanas! Existem desavenças, mas os laços que os unem, ajudam-nos a seguir em frente, apesar de tudo…

Que neste dia dedicado à família, agradeçamos ao Senhor, ao Deus-Menino pela nossa, mas que respeitemos as diferentes formas de núcleos familiares, sem moralismos, mas com misericórdia; sem julgamentos, mas com muita compaixão; sem estereótipos e modelos pré-fabricados, mas com muito amor! Que a família de Jesus seja a nossa inspiração, mas que saibamos lidar com as diferenças e com a diversidade, sempre com muito respeito, acolhimento e amor. Abençoa Senhor as famílias amém! Abençoa Senhor, a minha também!

Que seja assim. Beijos no coração.

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