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Festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José – Ano C

Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a – Sl 127 – Cl 3,12-21 – Lc 2,41-52

A liturgia do domingo depois do Natal nos lembra que o amor com que Deus Pai amou o mundo – até mandar o próprio Filho para salvá-lo – manifesta-se e se reflete no amor que deve reinar em toda a família. Assim, hoje celebramos a festa da família! As características da família descrita nos trechos do AT, sobre as quais modelavam as nossas famílias patriarcais, eram: a paz, a abundância de bens materiais, a concórdia e a descendência numerosa – sinais de benção do Senhor. A obediência e o amor eram a lei fundamental, e essa obediência não era só sinal e garantia de benção e prosperidade para os filhos, mas também um modo de honrar a Deus – cf. a 1a leitura.

O Evangelho – NT – nos narra a experiência de Jesus que entra no contexto de uma família humana concreta, apresentando um quadro em que Ele aos 12 anos, submete-se à lei do Senhor e, realizando como todo adolescente seus primeiros atos de independência, perde-se dos olhos de seus familiares. Vemos a consequente perturbação de seus pais como acontece em todas as famílias, uma vez que Jesus desligou-se dos seus e estes ficaram apreensivos com o seu sumiço. A descrição é feita com categorias pascais; ele deve cumprir a vontade do Pai e isto irá marcar toda a sua vida, levá-lo à paixão e à morte, fazê-lo passar, depois de três dias, à glória, isto é, à casa do Pai. Situações comuns em todas as famílias são mostradas nesse Evangelho. Podemos contextualizá-las aos dias de hoje. Dificuldades do exílio, da pobreza, do desemprego, das incompreensões cotidianas, dos sofrimentos que o convívio provoca… das discórdias que o diferente ressalta… das traições que o amor pequeno gera… enfim, situações que nossas famílias – todas elas! – atravessam de formas inusitadas e peculiares, mas não menos sofridas e frustrantes. Hoje é dia de refletirmos sobre as nossas famílias, avaliá-las; é um dia propício para repensarmos os conceitos que temos de famílias, nem sempre muito fraternos. A família de Nazaré, nosso modelo de família cristã, passou por muitos problemas que são conhecidos, mas nem sempre considerados. Não devemos romantizá-la. Mas tomá-la como exemplo de resistência aos modelos tradicionais de sua época e reinventar mecanismos de superação e aceitação aos novos núcleos familiares que hoje se apresentam. Não é fácil! A força da cultura em nossas vidas, na nossa educação, nas nossas práticas religiosas são muito fortes e intensas… mas temos que aprender à relativizar o que é secundário e enaltecer o essencial… e isso é um exercício árduo, doloroso, mas muito humanizante. Pensemos nisso! Que as nossas famílias – do jeito que são! – seja abençoadas pelo nosso Pai, o Pai de todos que não discrimina nenhum de seus filhos, nos abençoe. Amem. Amemos! Amém.

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