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Mensagem final do XI Encontro Continental das CEBs

Por Luis Miguel Modino, no IHU.

Um legado transmitido por 40 anos nos reuniu em GuayaquilEquador, de 9 a 12 de março de 2020, 225 mulheres e homens que vivemos nossa fé nas CEBs de 16 países da América LatinaCaribe e Estados Unidos. Somos animadores e animadoras de comunidades eclesiais de base, que assumem diferentes ministérios em nossa Igreja, sempre querendo ser a pequena Igreja de Jesus, para estar lá onde os povos arriscam suas vidas.

Foto de Luis Miguel Modino

Neste XI Encontro Continental das CEBs, assumimos o objetivo de ressoar os clamores dos pobres e da Terra, para recriar ministérios desafiadores no cuidado, proteção e defesa da vida digna e da Casa Comum. Motivados pelo Papa Francisco e impulsionados por “Querida Amazônia”, fomos chamados a sonhar e profetizar, ser pessoas capazes de dar a vida pelo que amam, buscar novas maneiras de responder aos desafios atuais.

América Latina clama em seus povos e territórios, saqueados, vítimas da pobreza estrutural, corrupção, desemprego, violência e migração; clama diante de uma estrutura eclesial que exclui mulheres, jovens e povos indígenas dos espaços de decisão; clama por uma Igreja Povo de Deus, para recuperar sua identidade comunitária original; clama pela ausência de cuidado ecológico.

Hoje, os trabalhadores mal conseguem se organizar a partir do andar mais baixo dos direitos, que é comer. Como CEBs, precisamos transformar a cultura da morte em uma cultura da vida, a cultura do descarte em uma cultura do encontro. As CEBs, sempre ligadas à história dos pobres, enfrentam obstáculos e desafios. Isso nos leva a assumir a sinodalidade, superando práticas autoritárias e modelos fechados, para ser uma Igreja que se apaixona, principalmente os jovens, por ter como método ver, julgar e agir, apostar no impulso de processos.

O Sínodo da Amazônia é um compromisso do Papa Francisco de realizar uma conversão social, cultural, ecológica e eclesial. O ponto de partida é a escuta, falar com parrhesia, a presença e incidência decisiva de mulheres e povos indígenas, cuidar da Casa Comum, somar todas as experiências, adotar novas lógicas e linguagens, cuidar da vida, entender que os problemas são globais, que é indispensável anunciar e ter ardor missionário.

Somos chamados a apostar em outros modelos de teologia, a partir da narrativa, ressoando a beleza desafiadora da fé de nossas comunidades, em novas estratégias de comunicação que vão do pequeno e local ao universal e conseguem informar, influenciar, inspirar, impactar e influenciar.

Proclamamos com os jovens a necessidade de escutar uns aos outros a partir do diálogo intergeracional, caminhar juntos, criar empatia mútua, desaprender para aprender, um relacionamento circular, uma mudança de linguagem, valorizar os jovens, rever olhares e gerar espaços de participação.

Reconheçamos que eu sou a Amazônia, que é necessária uma conversão ecológica e integral, que devemos potencializar, criar e expandir redes, articular a solidariedade e as lutas em uma só voz. Que devemos reapropriar o processo do Sínodo, conhecer, discernir e disseminar os documentos para aplicá-los à realidade social, mudar práticas concretas em nossa vida cotidiana e comunitária.

Pedimos novos ministérios e práticas, e reconhecer aqueles que já estão presentes, que em nome de Deus ajudam a cuidar da Casa Comum, a economia popular, a saúde alternativa, a participação e a formação sociopolítica. Somos CEBs para transformar o mundo no Reino de Deus, para saber o que nos permite viver, o que aprendemos através do sofrimento, viver o presente histórico, estar dispostos a aprender com o futuro.

Como CEBs, no seguimento de Jesus, que escutamos, ressoamos, agimos, cuidamos, protegemos e defendemos, inspirados pelo Espírito que sopra dentro de nós, filhos e filhas do Único Pai – Mãe, continuemos, na companhia de Maria, nossa caminhada para o reino.

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