Aloir Pacini, sJ (padre jesuíta e assessor das CEBs/arquidiocese Cuiabá-MT)

No pátio da Basílica de São Pedro, após missa de abertura (domingo, 06).

Vou fazer aqui um exame de memórias do que foi mais marcante nestes dias, para guardar na consciência e no coração o que Deus tem presenteado à humanidade por ocasião do Sínodo da Pan-Amazônia.
As pesquisas mostram que em cada dez católicos brasileiros sete consideram muito importante preservar a Amazônia, e quem defende a exploração desenfreada da Amazônia e de outros biomas, mesmo que isso venha em prejuízo da maior parte da humanidade, são os vinculados à ética protestante ligada ao “espírito” do capitalismo (Max Weber). Isso deixa louco os governantes que querem explorar a todo custo os territórios indígenas, enriquecer e comprar o céu.
O Sínodo da Pan-Amazônia, convocado pelo papa Francisco, que começou neste domingo (06), tem seu ritmo próprio. O papa está atento a todos e acolhe com carinho os indígenas que se deixam aconchegar. Dizem “ele é de Deus, é da paz”.

 Estive na ordenação episcopal de Cardeal Michael Czerny na semana passada e no Consistório que o consagrou cardeal. A cruz peitoral é da madeira do barco que naufragou em Lampedusa/Itália (como a cruz de Cristo).
O cardeal esteve articulando os encontros do papa Francisco com os movimentos populares nos últimos anos (Terra, Trabalho e Teto), por isso é o secretário especial do Sínodo (quem recolhe as contribuições e propõe a síntese ao papa), como também Mauricio López Oropeza (Equador) é o secretário executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). Ambos possuem livre acesso a todos nós da Casa Comum.
No jardim do Vaticano.

Contudo, aqui quero falar da Amazônia: nossa Casa Comum, uma enormidade de atividades que são complementares ao evento oficial. Daqui posso falar mais desses espaços porque, como Conselho Indigenista Missionário (Cimi), com 20 pessoas, e Equipe Itinerante que veio da Amazônia (25), podemos mostram o rosto amazônico aqui, em Roma. 
Cardeal Pedro Ricardo Barreto Jimeno, bispo de Huancayo (Peru), falando para a igreja cheia.

Nestes espaços de oração e reflexão a postura do diálogo, do amor ao próximo, principalmente aos mais vulneráveis, aparecem de forma contundente. As pessoas simpatizam com as cores, com os gestos e as formas simples de rezar, de se comunicar.
Todos sentem-se convidados a trabalhar na proteção das florestas e rios; de seus povos, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, populações periféricas porque as futuras gerações querem ter um planeta saudável para viver. Neste dia (domingo, 06) o grande herói que intuiu esses sonhos com a Equipe Itinerante pela Amazônia, chorou de gratidão a Deus.
Fernando Lopez SJ agradecendo depois da missa de abertura.

 Além dos atos oficiais do Sínodo, os indígenas e pessoas simples que se aproximam do papa Francisco conseguem abraçá-lo, falar palavras de amor e apoio. Mística e espiritualidade é o que se respira no dia a dia por aqui. A Equipe Itinerante ficou responsável pelos momentos de mística nestes dias, de manhã (9h15) e de tarde (19h15).
As palestras, seminários e outras atividades são ocasiões propícias para aprofundar as temáticas que estão sendo discutidas no Sínodo para não nos afastar dos caminhos de Jesus libertador.
“Casa Comum” na entrada do Vaticano.

Saímos na segunda (07), todos de madrugada para preparar a oração da manhã com os que foram convocados para o Sínodo, cantamos e dançamos dentro da Basílica de São Pedro: “Avancem para as águas mais profundas. E lancem suas redes para pescar”.
Dentro da Basílica esperando para oração da invocação do Espírito Santo.

Concluímos este dia com os indígenas falando no seminário sobre a demarcação de suas terras considerada pachamama. Eles sabem que o atual governo no Brasil quer tomar os seus bens e escravizar seus corpos.
Nos próximos dias as informações compartilhadas e conectadas com a Igreja, especialmente a respeito do cuidado da criação, têm a possibilidade das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) mostrarem como estão trabalhando para colocar em prática as mensagens do Sínodo e da Laudato Si’.