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REPAM – Seminário Laudato Si NE 3 “O que está acontecendo em nossa casa”. Luis Miguel Modino

É necessária uma Igreja mais articulada em todas suas instâncias.

 É necessária “a conversão de todas as estruturas eclesiais, assumir a evangelização da natureza com o compromisso de defender, denunciar e não permitir que as forças da morte se apropriem da natureza e da Casa Comum”.

Assumir o Espirito da Laudado Si se tornou uma das prioridades da Igreja Católica no Brasil. Durante mais de dois anos, a Rede Eclesial Pan Amazonica (REPAM), tem se esforçado em realizar diversos seminários em todos os rincões da  Região Amazônica.

Movidos por esse espírito,  reuniram nos dias 27 a 29 de outubro, em Feira de Santana BA, aproximadamente 100 representantes das diversas dioceses do Regional Nordeste 3 da CNBB.

Como reconhece Roberto Malvezzi, um dos assessores da REPAM-Brasil, presente neste encontro, a Rede Eclesial  Pan Amazônica quer fazer realidade “uma Igreja mais articulada em todas suas instâncias, que atue tanto dentro quanto fora da Igreja, articulando-se com a sociedade”.  Ao mesmo tempo, não tem dúvidas em destacar a importância desses seminários, pensados  em princípio para a Região Amazônica, se estendam a outras realidades.

A principio o seminário serviu para ajudar na reflexão sobre situações que estão presentes nessa região do Brasil, marcada em grande medida por secas cada vez mais prolongadas. Por isso é necessário, como  reconhecido pelos participantes, discutir juntos sobre o bem comum e fazer propostas que abracem todas as esferas sociais. Ao mesmo tempo seguindo as propostas do Papa Francisco, foi  destacado que as coisas mudam a partir de pequenos gestos e que o que faz a diferença é aquilo que cada um faz.

No Seminário se fizeram presentes grupos ambientalistas, representantes dos  povos indígenas,  de comunidades quilombolas,  de pescadores, da Rede Um Grito Pela Vida, que combate o tráfico de pessoas e da articulação do Semiárido Brasileiro, Movimento de Pequenos Agricultores, da Comissão da Pastoral da Terra, do mundo universitário e das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), bem como vários Bispos, entre eles o Presidente do Regional Nordeste 3, Dom Petrini, que destacou a importância desse momento como um convite a “reconstruir uma casa que possa ser verdadeiramente uma Casa Comum”.

 Dom Erwin Kräutler, Presidente da REPAM-Brasil, encantou aos participantes com sua experiência como missionário e bispo da Prelazia do Xingú, onde vive  a 50 anos, assim como alguns aspectos da Laudato Si e do Pontificado do Papa Francisco com quem já se encontrou várias vezes e de quem se pode dizer que é um dos interlocutores  mais  destacados do Bispo de Roma, no que diz respeito a vida e evangelização na Amazônia, não tendo medo  em fazer propostas diferentes, que sem dúvida são necessárias para a região. Nesse sentido, Luciano Bernardi, agente da Comissão Pastoral da Terra, destacou a figura do Bispo Emérito do Xingú como alguém “que não tem medo de arriscar sua vida para defender a Amazonia”.

 Luciano Bernardi destaca  a importância do Seminário sob dois aspectos, de um lado “o forte apelo do Papa Francisco e da realidade para que haja conversão diante do que estamos vivendo”.  Na sua opinião “se não tivermos olhos e corações, se não tivermos ouvidos, nunca vamos nos converter”. Junto com essa dimensão, é necessária “a conversão de todas as estruturas eclesiais, assumir a evangelização da natureza com o compromisso de defender, denunciar e não permitir que as forças da morte se apropriem da natureza e da Casa Comum”.

Este momento foi  uma oportunidade para identificar e fortalecer algumas iniciativas de caráter sócio ambiental por parte da Igreja católica e da sociedade civil, buscando assim um intercambio de saberes e ações e cada vez maior trabalho em rede. Todo ele a partir de conferencias, discussões, trabalhos em grupos, compartilhar experiências,  momentos culturais e celebrações, que ajudam a refletir sobre os efeitos das mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, as desigualdades planetárias, a contaminação e escassez da água, a deterioração da vida humana e a degradação social, a cultura do descarte, a aceleração dos ritmos de vida e trabalho e o uso dos bens comuns.

As propostas de ações e os compromissos surgidos vão ajudar a fazer realidade nessa  região, um novo modo de entender a realidade e ser conscientes do importante papel que todo cristão tem no cuidado da Casa Comum.

Luis Miguel Modino

Fonte: blogs.periodistadigital.com/luis-miguel-modino

Fotos Maria Ferraz

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