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Carta às Comunidades nº 12 | A dimensão política da Fé no seguimento de Jesus Cristo.

Carta às Comunidades Eclesiais de Base nº12      Rondonópolis, 15 de agosto de 2022

A DIMENSÃO POLÍTICA DA FÉ NO SEGUIMENTO DE JESUS CRISTO

“Efetivamente a necessidade da presença da Igreja no âmbito político provém do mais íntimo da fé cristã: o domínio de Cristo que se estende a toda a vida. Cristo marca a irmandade definitiva da humanidade” (Puebla 515- 516).

Paz e bem, irmãos e irmãs das CEBs do Brasil,

É uma imensa alegria compartilhar com vocês a respeito da importância de refletirmos sobre a dimensão política da fé. A dimensão política da fé consiste no seguimento de Jesus de Nazaré: viver como Jesus viveu. Portanto, não podemos nos eximir, especialmente, porque esse modo ou jeito de viver diz respeito a todas as dimensões de nossa vida: pessoal, familiar, social, política, econômica, cultural, religiosa, gênero etc.

Durante um pronunciamento aos participantes de um Programa de pós-graduação em Doutrina Social da Igreja e compromisso político na América Latina, o Papa Francisco afirmou que “é necessária uma nova presença de católicos na política na América Latina” e, segundo o Papa, a “política não é a mera arte de administrar o poder, os recursos ou as crises (…) A política é uma vocação de serviço”. (Vatican News, março de 2019)[1]

Nesta perspectiva, a Igreja edificou um legado, historicamente, relevante. As Comunidades Eclesiais de Base, por sua vez, se tornaram expressão significativa da vivência da fé e sua relação com o campo da política. A vivência em comunidade favoreceu e ainda pode favorecer os primeiros passos para a participação política dos cristãos em busca da superação das dificuldades encontradas no dia a dia das mulheres e homens de hoje: nas áreas da saúde, da educação, da segurança pública, da terceirização e a precarização do trabalho seguido do desemprego, do acesso à terra, da moradia digna, do saneamento básico, da insegurança alimentar, da desconstrução de direitos, entre outros.

Para isso, conforme o Papa Francisco, “é preciso valorizar o povo e os movimentos populares de um modo novo. ‘Fazer política inspirada no Evangelho a partir do povo em movimento pode se tornar uma maneira poderosa de sanar nossas frágeis democracias e de abrir o espaço para reinventar novas instâncias representativas de origem popular’”.[2]

Instâncias de participação não faltam. Por exemplo, os conselhos de controle social são lugares importantes de participação política. Nesses espaços, os cristãos leigos e leigas, enquanto membros de uma comunidade, podem atuar efetivamente. Além disso, é fundamental refletirmos e estudarmos para agirmos de forma eficaz nos espaços de controle, discussão e proposição de políticas públicas.

É inquestionável que a comunidade se reúne para celebrar a sua fé, mas também cabe a ela lutar por uma vida digna e sustentável para todas as pessoas. Nesse sentido, falar de fé e política abre a possibilidade de falar da vida em sua plenitude. Desse modo, como sociedade, como cristãos, se faz necessário a busca do bem comum, para que todas e todos possam desfrutar de maneira abundante a vida plena prometida por Jesus Cristo.

Frente a esse cenário desafiador, ousamos continuar a sonhar e manter vivo nosso compromisso na construção de “um novo céu e uma nova terra” (Is 65,17ss), de certa forma, já presente entre nós, quando buscamos animar, motivar, fortalecer e avivar as nossas comunidades para se colocar a serviço da Vida.

A fé é o “combustível” que abastece a vida dos que decidiram caminhar ao lado dos esquecidos, dos que lutam por uma sociedade igualitária, onde todos/as possam desfrutar da terra para viver, da vida abundante presenteada por Javé. A política, realizada a partir de uma ótica do Reino de Deus, é ferramenta poderosa na luta contra os poderes opressores do nosso tempo e companheira na defesa dos direitos fundamentais do ser humano.

Por fim, vamos seguir Jesus Cristo, com os pés no chão da nossa história, conscientes de nossa participação na construção do país que sonhamos e queremos, a serviço da vida pelos caminhos de uma verdadeira Política do Bem Comum.

Secretariado para o 15º Intereclesial

Colaboração de: Cristiane Costa de Jesus, Presidente Regional do CNLB Oeste 2.

Luiz Antônio Ferreira da Silva, Comunidade Eclesial de Base Macedônia-Carlinda-MT

Roberto Rossi, Centro Burnier.

Para refletir:

  1. O que mais chamou sua atenção na leitura desta carta?
  2. Como realizar um trabalho permanente no campo sociopolítico?

[1] Papa: fazer política a partir do Evangelho, superando as ideologias – Vatican News

[2] Idem.

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