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O DESTERRO 1 – NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM

Hoje é dia de São José, que fugiu para o Egito com Maria e Jesus, em defesa da vida do Menino. E, estar aqui em Guayaquil, no Equador, na quarentena quaresmal, desterrado, me reporto a verdadeira opção pelos pobres, conceituada pela Teologia da Libertação como uma opção pela justiça.

“Os pobres” é um termo que se refere aos oprimidos, às vítimas de uma estrutura de mundo (ganancioso) que é injusta e que falha em corresponder à justiça desejada por Deus, definhando em coronavírus.

Aqui há uma grande preocupação com os pobres por parte dos setores populares, de como poderão sobreviver nestes dias de quarentena. Pois, não há ganho pela faxina que se faz, pelo pouco que se ganha na economia informal. E isso significa que poderá faltar dinheiro para se comprar comida.

Há uma implicância, neste sentido, de que só poderá haver verdadeira libertação se os próprios pobres clamarem livremente, e se expressarem direta e criativamente na sociedade onde estão.

Que atitude poderão tomar, então? Fugir para o Egito? Impossível!

Se prevê saque na cidade de Guayaquil. Essa é uma atitude possível que possa libertar os pobres de tal aflição e que é criativa na luta pela sua humanidade. Em contrapartida há outra ação mais libertadora, os movimentos sociais estão apelando para as autoridades equatorianas, ajuda básica para os bairros pobres e movimentando a sociedade a fazer campanhas de alimentos em parceria com as Igrejas. Pois ainda se acredita que o serviço cuidadoso e amoroso aos pobres é a fonte e cerne do Evangelho de Jesus Cristo, que diz: “felizes os pobres” (Mt 5; Lc 6,20).

Sendo assim, Deus tem se revelado no campo da justiça, assumindo completamente a causa dos que são injustiçados; e que não há verdadeira experiência de Deus se ao mesmo tempo não houver justiça aos seres humanos, principalmente àqueles que são oprimidos ou proibidos de viver plena e profundamente.

Esse é um momento de solidariedade universal, por isso estou aqui em Guayaquil a pensar nos pobres. Que ninguém solte a mão de ninguém, porque enquanto a injustiça e a idolatria andam de mãos dadas, pela mesma lógica também fé e justiça vão de mãos dadas.

Os pobres sabem que conseguirão sobreviver se confiarem e colaborarem uns com os outros, se se ajudarem em qualquer momento, em qualquer situação. Eles ouvem o Evangelho, através do modelo cristão de Comunidades Eclesiais de Base, como Boa-Nova, e não como algo ameaçador e julgador.

Que possamos recorrer a São José em nossa tribulação e solicitarmos dele o vosso patrocínio.

São José rogai a Deus por nós!

 

Pe. Vileci – Brasil
Em terras equatorianas
19 de março de 2020

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